Documentário sobre Flávio Migliaccio vai estrear em julho
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Documentário sobre Flávio Migliaccio vai estrear em julho
"Migliaccio - O Brasileiro em Cena" disseca a longeva carreira do ator, morto em 2020
por Daniel Israel
O próximo oito de julho vai marcar a estreia nacional do documentário "Migliaccio – O Brasileiro em Cena", dirigido por Alexandre Rocha, Marcelo Pedrazzi e Tuco (João Mariano). Com produção da Afinal Filmes, em parceria com a GloboNews, Canal Brasil e Rede Globo, emissora onde o ator Flávio Migliaccio trabalhou desde 1972.
Flávio Migliaccio (1935-2020) foi ator, produtor, cartunista, desenhista, diretor e roteirista brasileiro. Tornou-se conhecido pelos personagens 'Tio Maneco', dos filmes "Aventuras com Tio Maneco" e "Maneco, O Super Tio", e 'Xerife', da novela "O Primeiro Amor" e do seriado infantil "Shazan, Xerife & Cia". No cinema, participou de vários filmes como ator e diretor. O último trabalho do artista na TV foi em 2019, em "Órfãos da Terra", onde fazia 'Mamede Aud'. Muito conceituado no meio artístico, ao longo de sua vida, Flávio teve uma brilhante carreira.
Sinopse
A história de Flávio Migliaccio contada no documentário "Migliaccio, o brasileiro em cena" mostra a trajetória de um personagem que atravessou a dramaturgia brasileira do século 20 e foi protagonista de alguns de seus momentos artísticos e políticos mais relevantes, sem perder sua característica marcante: manter-se sempre um "ser humano amador", em suas próprias palavras.
Flávio nos conduz através de uma conversa tão descontraída quanto profunda sobre sua visão da arte como ofício. Nesta narrativa, refaz seus passos explicando como foi possível dar vida a tantos personagens e histórias diferentes enquanto viveu a sua própria mantendo como inspiração o criar e viver simplesmente, com humildade e dignidade.
Um dos três diretores do documentário, Alexandre Rocha conta sobre a memória afetiva que guarda em relação ao protagonista.
"Migliaccio marcou minha memória desde a infância com o 'Tio Maneco'. Com o trabalho no documentário, entendi que essa simpatia era o reconhecimento do trabalho do ator que, segundo suas próprias palavras, não fazia mais esforço pra colocar o brasileiro em cena. De alguma forma eu me reconhecia ali", detalha ele, sócio da Afinal Filmes, produtora responsável pela obra. "Flávio atravessou a dramaturgia brasileira do século XX e nos mostrou o valor de ser um artista amador, de colocar seu talento a serviço do ofício de atuar, desenhar, dirigir, produzir".
Companheiro de Rocha por trás das câmeras do longa de quase uma hora e meia, Marcelo Pedrazzi destaca a intimidade que mantém com atrizes e atores. Isso desde que começou a atuar no audiovisual, ao lado de cineastas como Nelson Pereira dos Santos e Fernando Meirelles.
"Sempre fiquei intrigado por esse lugar onde a atuação se encontra. Quando encontramos com Flávio pela primeira vez para falar sobre o projeto, não imaginava a estrada que iríamos percorrer. Um homem sóbrio e direto, e sempre fomos ao ponto da busca por esse filme. E pouco a pouco, pude enxergar a verdade ali, e o quanto o que contamos no filme é a fundação do que é um documentário".
Ele se recorda de uma das gravações com Migliaccio, durante a qual o ator combinou de se encontrarem na estreia. Mas o homenageado não pretendia assistir à premiere.
"Vamos nos encontrar, você entra na sala, e te espero lá fora. Quando acabar, podemos comemorar e você me conta como foi…”, conta o codiretor, citando o protagonista do documentário. "Daí, perguntei: 'Mas, Flávio, você não vai apresentar o filme com a gente? Não quer ver o filme?'. E ele virou e me disse: 'O filme eu já conheço, só espero que todos gostem. Daí, você me conta depois.'".
João Mariano, o 'Tuco', terceiro integrante dessa linha-de-frente, dirigiu e editou diversas produções nos últimos 25 anos, incluindo de "O Trapalhão e a luz azul" (1999) a "Estamira" (2004). Emociona-se ao falar sobre a importância do artista, para si e toda a cultura nacional.
"Ele fez parte de muitos dos meus dias, enquanto as válvulas da televisão aqueciam, eu ficava com a cara colada na tela, ansioso aguardando a hora do 'Shazam, Xerife & Cia' começar. O tempo foi passando, mas sempre havia um programa em que o Flávio brilhava, construindo sua longa trajetória", rememora ele, que emenda. "Talento ele tinha de sobra, carisma idem e farto material que comprova sua história. Esse documentário é um pequeno mosaico desse grande artista, feito com fragmentos dos seus trabalhos e pensamentos. Apenas uma parte da vida de um brasileiro em cena".