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Famílias numerosas marcam encontros em torno do sobrenome

Descendentes de vários países marcam reuniões para conhecer parentes espalhados

Por Rosária Farage em 29/09/2018 às 10:17:00

Família Farage se encontrou esse ano em Cataguases(MG) Foto: Rosária Farage

Ao mesmo tempo que a vida mais virtual na atualidade tem afastado as pessoas até mesmo dentro da própria casa; a comunicação por meio de redes sociais tem proporcionado a descoberta e aproximação entre pessoas de uma mesma família que vivem em lugares distantes. Seja em mensagens no WhatsApp ou em grupos formados no Facebook, parentes com o mesmo sobrenome estão descobrindo o prazer de conversarem sobre os antepassados e redescobrirem as origens através de um contato maior. Tanto que já não se contentam mais somente com o bate-papo pela internet e passam a promover, com frequência cada vez maior, os frutíferos Encontros de Família, ou seja, reuniões presenciais de vários núcleos com o mesmo sobrenome. 

As famílias geralmente se reúnem uma vez por ano no estado onde mora a maioria dos conectados. Nem sempre tem um roteiro rígido, porém procuram ter uma programação que proporcione conforto aos idosos e diversão para todos num mesmo espaço, onde permaneçam juntos o tempo inteiro e possam, principalmente, conversar bastante. Casos da famílias Avena, de origem italiana, Seixas de origem portuguesa e Farage, de origem libanesa, que aqui contam sobre suas experiências bem-sucedidas e podem inspirar muita gente a fazer o mesmo. Afinal, quem não gostaria de passar pelo menos um dia ao lado dos entes queridos, entre abraços, sorrisos e comidas típicas?

Família Avena

A produtora Maitê, tem 36 anos e pertence a quarta geração dos Avena. A família costuma fazer um encontro anual, indo para o oitavo em 2018. E quem deu início a descendência foi o bisavô dela, que veio de Laino Borgo, uma província italiana, acompanhado do irmão, para juntos se instalarem no Brasil. Mais precisamente na Bahia. 

Cada um dos irmãos se casou e formou um novo núcleo familiar. E a segunda geração já foi tomando outros rumos. A mãe da Maitê, por exemplo, veio para o Rio de Janeiro, alguns seguiram para São Paulo. Tem até membros da família Avena, descendentes dos brasileiros, morando em Portugal, espalhando ainda mais o sobrenome pelo mundo. Fora os que continuaram na Itália para crescer e multiplicar na terra natal. 

Maitê conta que seus tios de segundo grau, Carlinhos e Juli, deram início ao movimento de resgate as origens. Partiu deles a iniciativa do primeiro encontro, mobilizando todos os núcleos, incluindo a mãe dela e as tias que moram no Rio. A produtora não tinha convivido com os parentes baianos antes e foi uma oportunidade de conhecer boa parte da família. Esse primeiro Encontro da Família Avena aconteceu há oito anos, reunindo 150 pessoas 

Neste encontro houve uma apresentação e foi possível desenhar a árvore genealógica da família, com todas as suas ramificações, que está na sua quinta geração. Maitê pertence a quarta, mas criou laços com todas. E hoje se relaciona igualmente com primos de primeiro, segundo e terceiro grau. É o mesmo nível de intimidade e afeto. "É doido pensar que oito anos atrás eu não os conhecia, mas quando estou perto deles, é a minha família. É muito gostoso também, pois quanto estamos juntos, entendemos melhor nossas raízes", diz empolgada. 

O primeiro encontro foi na Bahia, pois a maioria dos Avena vive lá. Mas eles também já se reuniram no Rio de Janeiro, onde ficou acordado que a junção seria anual, intercalado entre os dois estados. Após quatro anos mudaram de opinião. A segunda geração está envelhecendo, alguns até já faleceram e os que estão vivos, ficaram idosos e sem condições de viajar. Decidiram então que pela maioria e em função dificuldade de deslocamento para os mais antigos, todos os encontros serão na Bahia mesmo. Sorte do avó de Maitê, que tem 94 anos e poderá continuar participando. Ele é o filho mais velho do bisavô Pepino, aquele que junto com o irmão assinou este sobrenome pela primeira vez no país. 

Segundo Maitê, os encontros são alegres, típicos de uma família italiana, com gente falando alto e muita festa. Mas nem todos participam. "Tenho um irmão que só foi uma vez e não vê os encontros como vejo. Eu tenho muito prazer em participar, sofro só de pensar que não poderei ir no próximo", conclui.

A parte considerada mais importante é conhecer a própria história através dos antepassados. Mas até as divergências que possam existir entre eles, por algum motivo e em algum dos núcleos, são dissipadas nesses momentos. Por isso os organizadores, geralmente membros da terceira geração e de diversos núcleos da família, planejam e executam as reuniões, ano a ano. 

Uma curiosidade é que o ex-governador da Bahia, Waldir Pires, falecido em junho deste ano, era casado com Yolanda Avena Pires, tia-avó de Maitê, e participava anualmente acompanhando os filhos do casal, pois a esposa já tinha falecido quando eles iniciaram. Outra informação interessante é que a família mantêm o relacionamento, mesmo à distância, em grupos de WhatsApp. Cada geração tem o seu específico, mas tem também um grupão para todos os familiares. 


Família Avena reunida num hotel na Bahia

Família Seixas 

Outra família que tem encontro anual é a Seixas. Talvez de maneira mais simples e descontraída. E em lugares mais próximos também. As reuniões começaram há quatro anos, com um grupo só de mulheres. Mas foi tão bom que gerou interesse de todos. Então as primas Carmem, Marlene, Cida, Claudia e Mariluse passaram a organizar a união presencial de todos os familiares. 

A primeira vez foram 15 pessoas, atualmente varia de 100 a 120, mas segundo uma das organizadoras, a comerciante autônoma Carmem Pacheco, o número de participantes cresce a cada ano. "Todo ano aumenta um pouco. Esse ano deve ter mais gente", ela diz. 

O Seixas na vida de Carmem, veio por parte de mãe e como é de costume na nossa cultura, quando a mulher casa mantém o sobrenome do pai e ainda adquire o do marido. Para não ter um nome muito extenso,  acaba abrindo mão do sobrenome materno na certidão de casamento. Por isso ela é uma Seixas original, apesar de assinar somente Pacheco, que é paterno. 

Carmem conta que os encontros da Família Seixas são regados a um maravilhoso churrasco. E acrescenta que as conversas ao redor da mesa ou da churrasqueira rendem deliciosas risadas. O último aconteceu na cidade de Três Rios, no Rio de Janeiro, em outubro de 2017. Eles se reúnem sempre na região sudeste do país: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e cidades do Rio, como Cabo Frio. 


Encontro da Família Seixas em Três Rios

A Família Seixas é de origem portuguesa, mas eles nem sabem se têm parentes em Portugal ou não. "Interessante é que nesses encontros, tivemos a chance de conhecer os primos e os laços foram estreitados. Nossa! É puro amor", Carmem conclui emotiva. 

Família Farage 

A Família Farage só se reuniu duas vezes em toda sua existência em terras brasileiras. A primeira, foi em 1999, no encontro idealizado e organizado por Chaim Ferreira Farage, hoje já falecido, membro da segunda geração e filho de um legítimo libanês, José Abrahim Farage. Sendo que a segunda vez demorou quase 20 anos para acontecer. Foi em setembro de 2018, na mesma cidade de Cataguases, em Minas Gerais, onde vive a maioria dos descendestes. 

A decisão do segundo encontro foi tomada em comum acordo, com diversos familiares e agregados, em dois grupos distintos, mas interligados: um no WhatsApp e outro no Facebook. Por meio das mídias, eles iniciaram uma conversa que explanou primeiro o desejo de se conhecerem pessoalmente. A família é muito grande e tem quatro ramificações. Depois foram se reconhecendo e traçando o perfil de cada núcleo familiar, o que aumentou a vontade de se verem ao vivo e a cores.

Precisaram contar com o empenho de um membro da terceira geração, Luiz Antônio, para mediar os debates e organizar o evento. Ele alugou um salão de festas, contratou e supervisionou o buffet e incluiu nas despesas canecas personalizadas. Teve também adesivos de carros, tudo entregue junto com a credencial no local do encontro. Até o mês de agosto só tinham cinco inscritos. Mas de repente dispararam as inscrições, que vinham por meio de depósito bancário, no valor quase simbólico de R$ 60 reais. 

O Segundo Encontro da Família Farage reuniu 152 pessoas, de acordo com a listagem, 138 adultos e 14 crianças com menos de 10 anos - essas não pagaram. E a mistura de libanês com mineiro não podia dar outra coisa: muita comida. Teve café da manhã, almoço e lanche da tarde, com bebida e sobremesa. Mas o que mais tinha naquele salão era felicidade.

Aquele sentimento de que valeu a pena viajar quilômetros, arcar com as despesas de muitos e no final se sentir recompensado. Porque lá eles ouviram histórias, recuperaram memória e ensinaram aos filhos como é bom valorizar a família. Também desenharam árvores genealógicas. Já são seis gerações, com quatro ramificações de Farage. 

Vieram do Líbano os irmãos Miguel, Chaim e José Abrahim. Sendo que o Miguel, parece que viveu apenas um ou dois anos após a chegada ao Brasil. Mas os descendentes estão por aí, uma das netas inclusive, está com 91 anos e esteve no encontro. Ela se chama Bahia, também é libanesa e não se naturalizou brasileira. Foi o centro das atenções, porque não só fala árabe fluentemente, como tem preservada a memória da terra Natal e dos antepassados que de lá vieram. 

Eles descobriram juntos, conversando e montando as árvores genealógicas, qual era a linhagem de cada um, o grau de parentescos e a geração a que pertencem. Quem descende do Chaim, que casou com a Malaka. Quem se origina do Jose Abrahim, que primeiro foi esposo da Rosa e após ficar viúvo, casou com a Virgínia. E também os descendes do Miguel. Mas já marcaram um novo encontro no feriadão de maio de 2020, para continuar o assunto é entender melhor essa história. 

Uma característica comum em todos os encontros é escolher bom hotel, com área de lazer e infraestrutura para satisfazer todas as idades. Assim, eles não precisam sair de lá para nada e isso os mantêm o tempo todo juntos. Geralmente vão na sexta e saem no domingo. O comitê organizador pensa nas atividades conjuntas. Um jantar de boas-vindas na sexta. Recreação e fotografias na manhã de sábado. A noite, confraternização com jantar, dança e música ao vivo. Às vezes tem bingo. Já teve até teatrinho para as crianças. Esse é o tipo de programação. O número de participantes varia entre 90 e 140 pessoas. Mas este ano parece que não serão muitos. Reflexos da crise. 

Como descobrir a origem do sobrenome

Diversos sites que te ajudam a investigar seu passado e saber mais sobre suas origens, através do seu sobrenome. Os sites mais conhecidos são: Family Search e Forebears.

Family Search é um site internacional, ligado ao maior acervo genealógico do mundo. Nele, você deve preencher seus dados pessoais, bem como o nome, a data e o local de nascimento e casamento e também a data de falecimento de seus familiares.

É traçada uma árvore genealógica, um gráfico de linhagem, com as principais informações sobre a sua família.


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