Segundo as investigações, a organização criminosa direcionava obras públicas em Austin em troca de apoio político dos paramilitares. Entre os serviços supostamente fraudados está o calçamento de ruas. Nova Iguaçu é o segundo maior município da Baixada Fluminense.
A milícia de Austin, segundo as informações da Polícia Civil, atua nos bairros de Austin, Vila Verde e Vila de Cava até bem próximo de Cabuçu, onde hoje existe uma disputa pelo domínio do território.
A Prefeitura de Nova Iguaçu informou que colocou à disposição dos investigadores “todas as informações e arquivos que forem necessários pra realizar um trabalho profundo e transparente”.
“A prefeitura ainda não tomou conhecimento das acusações, mas repudia qualquer prática fora da lei e da boa governança”, disse, em nota.
Vereador já foi preso
Jeferson já foi preso em 2019, apontado como chefe da milícia de Austin e suposto mandante de, pelo menos, 20 assassinatos.
Outros mandados foram para os irmãos Fábio Henrique Sousa Barbosa e Luiz Henrique Sousa Barboza. Fábio é o dono da Fabimix, responsável pelas obras. Luiz é funcionário da Companhia de Desenvolvimento de Nova Iguaçu.
A polícia afirma que a Fabimix ganhou R$ 70 milhões em processos licitatórios com o município. No entanto, segundo os investigadores, mais de R$ 60 milhões são oriundos de processos sem transparência.
Agentes foram ainda à sede da prefeitura, ao gabinete de Ramos na Câmara, a um condomínio de luxo na Barra e a uma casa em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
Miliciano na Câmara Municipal?
No sítio do vereador Jeferson Ramos, foram apreendidos R$ 10 mil em espécie.
A polícia investiga indícios de ligação do vereador com a milícia.
Segundo o delegado Thalles Nogueira, serão compartilhadas informações entre diferentes delegacias sobre as evidências.
“Existem fortes indícios de ligação dele com a milícia. A gente está caindo em cima dos contratos públicos e dessa parte financeira. Ele escolhia as vias a serem recapeadas em troca do apoio dessas comunidades”, explicou o delegado.
Foram apreendidos diversos documentos referentes aos contratos da prefeitura com a empresa de Fábio Henrique Sousa Barbosa e Luiz Henrique Sousa Barboza.
Segundo o delegado, as contas de ambos poderão ser bloqueadas no decorrer da investigação.
“As contas desses empresários podem ser bloqueadas mais para a frente. É uma possibilidade. Essa é uma operação inicial, não final. Vamos destrinchar o papel de cada um nessa organização criminosa”, finalizou.
Em relação à operação policial que aconteceu na manhã desta terça-feira nas dependências do gabinete do vereador Jeferson Ramos, a Câmara Municipal informou, através de nota, que não foi intimada e nem tem informação sobre o objeto das acusações.