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Médicos alertam sobre crescimento de outras doenças na pandemia por falta de cuidados

Diabetes, hérpes zóster e até o popular zumbido do ouvido apresentaram alta desde o ano passado

Por Portal Eu, Rio! em 04/11/2021 às 13:48:25

Foto: Pixabay

Desde que a covid-19 tomou conta de todo o mundo, inúmeros médicos alertaram sobre os riscos do surgimento de outras doenças, relacionadas e/ou consequências diretas ou indiretas do coronavírus, durante a pandemia. E ainda que os dados mais recentes apontem para uma situação bem mais tranquila no Brasil, os profissionais de saúde seguem chamando a atenção para o crescimento de outros problemas. Os especialistas da área alertam para a alta de, pelo menos, três deles: diabetes, herpes zóster e o zumbido no ouvido.

Segundo dados recentes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), um em cada 10 adultos tem sofre da diabetes. Isso significa mais de 530 milhões de pessoas com a doença no planeta, um aumento de 16% desde o último levantamento da IDF, realizado em 2019. Para a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato, o resultado assusta, principalmente porque foi um trabalho feito antes do início da pandemia.

“No ano em que comemoramos os 100 anos da descoberta da insulina, assistirmos ao crescimento significativo da doença. É preciso mais esforços das políticas em saúde para orientar e passar informação sobre o diabetes”, comenta Lorena.

Já uma outra pesquisa, realizada em setembro do ano passado pela Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD, em inglês), aponta que um em cada três pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) tem doença cardiovascular estabelecida e nove a cada 10 têm doença cardiovascular aterosclerótica, causada pelo acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias, o que estreita os vasos e resulta em redução do fluxo sanguíneo, podendo levar a eventos como ataque cardíaco e derrame.

O estudo mostra ainda que apenas 20% dos pacientes com DM2 e doença cardiovascular aterosclerótica estavam recebendo tratamento com medicações que têm benefício cardiovascular comprovado.

Dra. Lorena é enfática ao afirmar que a pandemia é responsável pela estatística preocupante. Ela explica que, por mais que houvesse a possibilidade de atendimentos online, os pacientes, muitas vezes, ficam receosos de procurar assistência médica e até deixam de fazer exames para o controle da doença. E em situações envolvendo os diabéticos que dependem exclusivamente do SUS, a situação é pior.

"Em pacientes que contam com o Sistema Único de Saúde (SUS), a falta de medicamentos, a ausência de opções medicamentosas mais eficazes e com menos efeitos colaterais são os grandes entraves à aderência. Já para pacientes que não contam com o SUS, os altos preços de muitos medicamentos para o tratamento do diabetes certamente dificultam a adesão. No caso dos pacientes que precisam fazer uso de insulina, o inconveniente das aplicações, muitas vezes múltiplas durante o dia, também são um importante fator para a má aderência", explica.

Herpes Zóster também merece atenção

Outra doença que também apresentou alta, segundo a plataforma em saúde digital Vibe Saúde, foi a herpes zóster. Embora não apresente dados, a ferramenta explica que "observou aumento na demanda por atendimentos de paciente com lesões suspeitas dessa doença", ocasionada pelo vírus varicela-zoster (HHV-3).

Pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), desenvolveram o estudo "Increase in the number of Herpes Zoster cases in Brazil related to the Covid-19 pandemic" (Aumento no número de casos de herpes-zóster no Brasil relacionados à pandemia de covid-19), comprovando essa impressão relatada por ditos alimentares provocadas pelo isolamento, imposto pela pandemia, como possíveis colaboradoras para o aumento de casos de doenças autoimunes.

Dermatologista que atua pela ferramenta digital, Fernanda Buonfiglio de Castro Monteiro explica que várias condições estão associadas ao aparecimento da herpes-zóster.

“Têm mais probabilidade de se infectar com o vírus pessoas com baixa imunidade, câncer, trauma local, cirurgias da coluna, sinusite frontal, entre outras. Acomete, principalmente, indivíduos com faixa etária maior que 50 anos, especialmente idosos, que apresentam imunidade diminuída ao longo dos anos”, explica.

A situação acima foi justamente o que aconteceu com a radialista Selma Boiron. Moradora de Niterói, ela explica que acordou sentindo dores leves na nuca, mas minimizou a situação imaginando que fosse algo ligado a uma noite mal dormida. Mas o problema persistiu nos dias seguintes e ela percebeu que, além do problemas continuar, notou uma espécie de "alergia" no braço direito, onde também teve coceira.

Após se consultar com uma dermatologista, a radialista descobriu que estava com a doença. Só que a médica passou um antiviral padrão com a dose receitada como se Selma tivesse uma herpes tradicional, mais conhecida por surgir próxima aos lábios. Por isso, ela continuou tendo uma "dor insuportável"..

"Eu sentia uma dor que parecia ser dentro do osso. E a doença apareceu na pele, parecendo inicialmente uma catapora, acompanhando o caminho do nervo onde o vírus se instala. No meu caso, ele se instalou do nervo que vai da nuca até a ponta dos dedos da mão direita. Não tinha posição que aliviasse. No meu caso, o que também complicou é que a dose da medicação tem que ser cavalar, só que me deram uma quantidade baixíssima. Eu descobri isso ao ligar para uma amiga dermatologista que me avisou sobre a dose estar errada. Como consequência, fiquei com a memória da dor. Ou seja, toda vez que muda o tempo, sinto dor na costela, parecendo como se tivesse tomado um soco", detalhou.

Fernanda confirma que o ocorrido com Selma é, infelizmente, normal. Além disso, alerta para outras complicações e recomenda que a pessoa tome a vacina, que só se encontra na rede particular.

“A dor persiste por muitas semanas e até meses, condição chamada nevralgia pós-herpética, e envolve uma recuperação desgastante com uso de medicamentos analgésicos potentes. A doença também pode provocar outras complicações mais raras, como afecções oculares – ceratite e uveíte, por exemplo, além de outras sequelas permanentes - e paralisia facial temporária, caso as lesões apareçam no rosto. O tratamento é medicamentoso e consiste em acelerar o processo de recuperação e em controlar a dor. A duração dependerá da persistência da dor, por isso cada caso deve ser tratado e acompanhado individualmente. Além disso, é importante uma ação preventiva. A vacina para herpes-zóster, disponível na rede privada, é indicada para adultos maiores de 50 anos, inclusive para aqueles que já manifestaram a doença. Imunizar as crianças com a vacina da varicela também pode atuar como prevenção de herpes-zóster na idade adulta", afirma.

Zumbido também merece cuidado

Embora muitos falem da campanha Novembro Azul sobre os cuidados que se deve ter ao câncer de próstata, o mês também tem outra iniciativa voltada à prevenção. O Novembro Laranja, destinado aos cuidados sobre o zumbido e outras hipersensibilidades auditivas como misofonia e hiperacusia.

A otorrinolaringolosita Tanit Ganz Sanchez afirma que cerca de 60% dos pacientes atendidos por ela declaram que os sintomas começaram OU pioraram em 2020, seja pelo isolamento social imposto no início do ano, seja pela própria covid. Apenas 40% dos pacientes atuais dizem que já tinham sintomas antes da pandemia e não perceberam diferença neles. Por isso, na 16ª edição nacional da Campanha do Novembro Laranja, iniciativa que será feita entre os dias 11 e 13 de novembro totalmente pela internet.

"Essa campanha nacional tem o objetivo de alertar e conscientizar sobre a ‘Quadrilha do Ouvido’ (Zumbido, Misofonia e Hiperacusia) por meio de informações que são passadas em todos os canais de comunicação do Instituto Ganz Sanchez e seus parceiros. Outra função do evento" é chamar atenção para o aumento expressivo do número de casos de problemas no ouvido, aparecidos durante a quarentena, o quanto eles afetam a qualidade de vida, além de ressaltar a importância do diagnóstico precoce desse problema auditivo", comenta a otorrinoralingologista.

Os interessados podem saber mais informações através do site https://institutoganzsanchez.com.br/novembrolaranja

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