O Governo do Rio de Janeiro prevê para 15 de outubro o lançamento do edital de seleção de bolsistas 2019 para a recém-inaugurada filial da escola de Gastronomia francesa Le Cordon Bleu, em Botafogo. O curso dura 12 meses ao custo de R$ 40 mil e o objetivo do edital é preencher 20% das vagas com alunos de baixa renda e da rede pública de ensino, como Phelipe Ferreira, de 28 anos, morador de Manguinhos e detentor de uma das bolsas.
A filial carioca da escola foi inaugurada graças à uma parceria entre o governo do estado e o Instituto Le Cordon Bleu, de Paris. A filial irá capacitar profissionais para os setores hoteleiro e gastronômico. Trata-se da maior rede de escolas de Culinária do mundo, fundada na capital francesa em 1895.
Phelipe festejou muito sua inclusão entre os bolsistas da escola. Sua paixão pela Gastronomia era um sonho desde o início dos estudos na Escola Municipal Pedro Lessa, em Bonsucesso, e depois, no Colégio Estadual Rui Barbosa.
Um sonho que parecia impossível
Ao lembrar-se dos primeiros anos nos bancos escolares, Phelipe diz que o ensino era bastante precário. Tão ruim que teve de cursar o pré-vestibular comunitário na Fundação Oswaldo Cruz. Daí em diante, foi uma maratona de universidades. Passou pela Federal Rural de Pernambuco, até passar para o curso de Geografia da UERJ.
“Eu desisti de fazer Geografia para cursar Gastronomia. No meio do ano abriu de novo a inscrição na UFRJ eu consegui passar. Concluí a graduação e hoje faço mestrado em Ciência dos Alimentos”, disse.
A Bolsa na Le Cordon Bleu
Phelipe passou em um rigoroso processo seletivo que envolveu sorteio de dez pessoas, provas práticas de Português e Matemática, com 40 questões e a seleção de 20 postulantes.
“Fiquei em quinto. Depois teve a avaliação social e eu consegui passar para a Le Cordon Bleu”.
O jovem gastrônomo considera a experiência internacional como importante para a carreira. Ele esbarra na falta de recursos, mas continua a sonhar:
“Acho muito válido. Só que eu não tenho condições financeiras para poder sair do país. Eu pretendo dar aula. Se possível, na própria Le Cordon Bleu”, disse.
Nem mesmo a crise desanima Phelipe. Ele quer seguir a carreira na Gastronomia:
“O mercado deu uma desacelerada, como em outras áreas, devido à recessão e a crise que o país está passando. Mas eu acredito que talvez, com a volta da estabilidade política ou com a melhora da economia no país, o setor da Gastronomia volte a aquecer. Então, eu espero que com a eleição (presidencial) a Economia volte a aquecer como um todo e, consequentemente, também a Gastronomia”, concluiu.