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Ordem veio de trás das grades

Empresa de internet de Niterói é atacada no Engenho do Mato

Moradores reclamam da insegurança e da falta de bons serviços públicos na localidade


Fotos: Divulgação

Na madrugada da última quarta-feira (12), por volta das 01h30, alguém jogou artefatos explosivos, do tipo coquetéis molotov, na garagem de uma operadora de internet e central telefônica, em sua sede no bairro do Engenho do Mato, Região Oceânica de Niterói. A empresa atende os municípios de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, Rio Bonito e Guapimirim. O caso está sendo investigado pela 81ª DP (Itaipu). O ataque mostrou, de acordo com policiais, que o tráfico tenta monopolizar os serviços de internet na região, cobrando altas tarifas.

Um vídeo mostra os explosivos sendo atirados do lado de fora e atingindo os carros da empresa, que pegam fogo. A Polícia Civil informou que a 81ª DP instaurou um inquérito para apurar os fatos. Os agentes buscaram imagens de câmeras de segurança e outras informações para identificar a autoria do crime. O Disque-Denúncia também está recebendo informações anônimas sobre o caso.

Segundo a Polícia Civil, uma equipe da perícia foi encaminhada ao local. No final do mês passado, a empresa denunciou em suas redes sociais que estava sendo vítima de intimidação de criminosos no bairro do Engenho do Mato. De acordo com as investigações sobre as denúncias, a ordem - que partira de dentro de um presídio - era para cortar os cabos das operadoras de internet e intimidar. técnicos.

O delegado titular da 81ª DP, Fábio Barucke, está à frente do caso. Para ele, o traficante João Carlos Diano Marques, o “João Coroa”, preso por tráfico de drogas desde o ano de 2012, está por trás dos ataques. Segundo o delegado, foi feito novo pedido de prisão contra ele, para aumentar o tempo de prisão e, assim, reprimir as ações criminosas.

Conforme relato publicado em seu perfil numa rede social, no último dia 30, a empresa informou que não está conseguindo atender clientes em determinados endereços porque os traficantes cortam os cabos de fibra ótica e não permitem que técnicos entrem na localidade para fazer os reparos. A empresa afirma que funcionários têm até mesmo a chegada impedida a condomínios.

“Temos clientes com chamados na localidade, alguns por sabotagem clara na rede, e não poderemos atender. Os meliantes agora impedem até a chegada em condomínios. Não é novidade que nenhuma outra operadora faça mais investimentos na região e estamos trabalhando junto com as autoridades para resistir e não entrarmos neste grupo. Aos clientes afetados pedimos compreensão”, diz parte do comunicado.


No último dia 5, a mesma empresa sofreu retaliação de criminosos, nas proximidades da comunidade da Reta Velha, no município de Itaboraí. O fato ocorreu na Avenida 22 de Maio, que corta a cidade, no bairro de Itaville. A empresa teve pedir que os clientes devolvessem os equipamentos.

“Aos moradores do Condomínio Recanto de Itaboraí, tivemos nossa rede sabotada no condomínio e, durante o reparo, fomos abordados por bandidos. Fomos informados que apenas um provedor vai atender o condomínio e que poderíamos retirar nossos equipamentos apenas após tratar com o “responsável”. Aos nossos clientes afetados, pedimos compreensão e que devolvam os nossos equipamentos em nosso escritório, pois nossos funcionários estão com receio de retornar ao local. Um triste início de ano para nossa cidade”, diz o comunicado veiculado nas redes sociais.

Também no último dia 5, policiais militares do 12º BPM (Niterói) detiveram cinco jovens durante operação no Engenho do Mato. A PM informou que uma equipe fora ao local verificar a denúncia de que bandidos estavam expulsando empresas de internet da região. Na operação, os PMs viram cinco jovens vendendo drogas. Com eles foi apreendida uma pequena quantidade de entorpecente. Os jovens foram levados para a sede da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), onde o caso foi registrado.

Moradores da Região Oceânica se mostraram indignados com a situação, em postagens nas redes sociais. “Um absurdo. A polícia tem que garantir o funcionamento da empresa e a segurança dela, que está sendo ameaçada por bandidos. É necessário ainda que a empresa que estiver envolvida com traficantes tenha seu alvará definitivamente cancelado”, disse um morador. “Em 2019 foram os entregadores de gás e, agora, internet. A Polícia tem que chamar para um papo a empresa que consegue instalar no Engenho do Mato”, disse outro morador. “Morar na Região Oceânica de Niterói é padecer no paraíso. Vamos lá... buracos, lama, alagamentos, ônibus que demoram, saúde um caos, luz tendo vários picos e quedas, água tem dia que não cai, insegurança total...Está dificílimo viver aqui”, completou uma moradora.


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