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Tráfico pagou mais de R$ 13 mil em propinas a PMs em Volta Redonda em quatro meses

Relatório do MP-RJ aponta que dinheiro recebido por PMs era para não reprimir o tráfico local

Por Mario Hugo Monken em 28/10/2018 às 11:33:49

Foto: Google Street

Traficantes de drogas do bairro Siderlândia, em Volta Redonda, no Sul Fluminense, pagaram mais de R$ 13 mil em propinas a policiais militares do 28º Batalhão entre dezembro de 2017 e abril de 2018, de acordo com denúncias do Ministério Público Estadual. (MPRJ). O relatório enumera uma série de situações em que os PMs receberam dinheiro. Os valores variavam a cada dia. Tudo isso para não reprimir a venda de drogas ou para soltar comparsas presos. A quantidade de dinheiro entregue aos policiais foi ainda maior porque há casos em que o MPRJ não menciona o valor da propina paga.

Entre os dias 5 e 7 de dezembro de 2017, o traficante Carlos Eduardo Paiva Constantino, o Cadu, ofereceu R$ 500 a policiais não identificados para que eles não repreendessem a venda de drogas. No dia 16 de dezembro do ano passado, mais R$ 500 foram repassados pelo tráfico a policiais militares corruptos. A propina foi entregue por um criminoso identificado como Daniel Rosa.

Quatro dias depois, o mesmo bandido, Daniel Rosa, deu mais R$ 500 a um policial para não reprimir o tráfico de drogas. Mais uma propina de R$ 500 foi repassada a policiais no dia 26 de janeiro deste ano, quantia que foi entregue por um traficante identificado pelo vulgo de Chechelo.

No dia 28 de janeiro, o traficante Daniel Babão conversou com um PM ao telefone acertando o pagamento quinzenal de propina. No dia seguinte, um policial recebeu R$ 200 do traficante Maicon, como início do acerto firmado na data anterior.

No dia 29 de janeiro, o traficante Léo Calcinha entregou mais R$ 500 a policiais militares sendo que seu chefe, Daniel Babão, pediu para anotar a despesa. No dia 01 de fevereiro, o valor da propina aumentou para R$ 1 mil. O traficante Léo Calcinha repasso R$ 960 para os PMs identificados pelas alcunhas de Guimarães e Cleber, faltando entregar os R$ 40 restantes. No mesmo dia, o traficante Chechelo entregou a um policial militar chamado de Evandro a quantia de R$ 300.

No dia 02 de fevereiro, mais R$ 500 foram repassados a PMs não identificados pelo tráfico da Siderlândia. O dinheiro desta vez foi entregue pelo traficante Maicon. No dia seguinte, mais R$ 650 foram entregues de criminosos a policiais militares não identificados que estavam em veículos particulares.

Em 04 de fevereiro, segundo relato do Ministério Público, o traficante Jonathan Costa, vulgo Perneta, repassou R$ 200 para um PM conhecido apenas por Tião.

Na mesma data, Jonathan entregou R$ 1 mil a policiais militares integrantes da equipe conhecida como "Bad Boys".

Em 5 de março, o traficante Daniel Babão ordenou ao comparsa Paulinho que entregasse R$ 800 a  um PM chamado de Rezende. Paulinho disse na época que não gostava de contato com policiais e solicitou ao chefe que o bandido Capetinha repassasse o dinheiro, o que foi aceito por Babão.

No dia 6 de março, mais R$ 250 foram repassados ao PM Evandro pelos traficantes Gilmarzinho, Jhonatas e Laydson. Três dias depois, os traficantes pagaram mais R$ 200 a PMs não identificados.

Em 14 de março, o traficante Willian Roberto de Almeida, vulgo Nenzão, deu R$ 560 ao PM identificado como Gonçalves. Após dois dias, os traficantes entregaram mais R$ 600 de propina para os PMs do grupo Bad Boys. Também em 16 de março, há o relato do pagamento de R$ 1.000 de arrego a um policial militar conhecido como Paulo.

No mesmo dia, PMs capturaram o traficante Nenzão e exigem o pagamento de R$ 5.000 para soltá-lo. Os bandidos ofereceram R$ 500 mas os policiais não aceitaram. Nenzão, então, acordou com os agentes o pagamento de R$ 500 de imediato e de mais R$ 1.500 em algumas horas.

Em 17 de março, um PM conhecido como Lander foi até a Siderlândia e avisou aos traficantes que o pagamento de sua propina estava vencido e que voltaria mais tarde para buscar. No período noturno, ele retornou e recebeu R$ 500 dos bandidos.

No dia 12 de abril, há o relato de que o PM Resende recebeu a quantia de R$ 200 do tráfico.

Em 15 de abril, a propina chegou a R$ 600 e foi entregue ao PM Cleber.

No dia 21 de abril, os traficantes pagaram R$ 800 de propina para policiais militares.

R$ 10 mil para soltar traficante

Segundo o relatório de acusação, no dia 28 de outubro de 2017, no bairro Siderlândia, os PMs prenderam a suspeita de tráfico Maria Cristina Ribeiro Delgado, que estava com vasta quantidade de entorpecentes e pediram R$ 10 mil para não realizar a sua prisão e não apreender as drogas.

Cristina, então, ofereceu R$ 1 mil aos policiais para ser liberada mas o acordo não foi celebrado já que os agentes queriam valores superiores, que não foram disponibilizados pelo bando.  

Policiais e traficantes não entraram em um acerto e a suspeita acabou presa

Ao todo, 32 PMs do batalhão de Volta Redonda foram presos em uma operação resultante da investigação do Ministério Público Estadual na semana passada.

Propina também em Resende

Em outra apuração feita pela Promotoria no Sul Fluminense, foi descoberto através de interceptações telefônicas que traficantes do município de Resende pagaram R$ 20 mil a PMs em março de 2018 para que eles devolvessem uma mercadoria apreendida. As drogas foram chamadas na época de "ovos de páscoa".


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