A promotora Elisa Pittaro, da 2ª Promotoria de Investigação Penal Especializada da Baixada Fluminense - órgão do Ministério Público (MP-RJ) - confirmou hoje (8) ao Portal Eu, Rio! que a corretora de imóveis Barbara Santana, conhecida nas redes sociais como Barbara Sheldon, será ouvida até a última semana de abril após denúncia de estelionato. "Ou é um estelionato, ou ela está querendo ter algum proveito eleitoral", avalia a promotora.
Idealizadora de oficinas profissionalizantes que visam à recolocação profissional de pessoas condenadas na 7ª Vara Criminal de Mesquista, a juíza Cristiana Cordeiro formalizou denúncia no MP-RJ contra Barbara Santana. O projeto é realizado pelo Núcleo de Atendimento de Medidas (NAM) junto à Prefeitura local, desde 2017.
O caso foi descoberto pela assistente social e coordenadora das oficinas, Rosana Santiago, segundo ela após "enxurrada de mensagens".
"Nós não conhecemos a senhora Barbara e só soubemos da postagem dela devido a uma enxurrada de mensagens solicitando vaga nas oficinas e informando que souberam através do Facebook dela. O fato nos causa muita estranheza, uma vez que nossa divulgação se dá apenas no status do WhatsApp do Núcleo e lista de transmissão, para nossos beneficiários", afirma a assistente social e coordenadora do projeto, Rosana Santiago. A promotora informou que Rosana também será intimada a depor na 2ª Promotoria Especializada do MP, porém ainda não vê necessidade para convocar a juíza.
Na postagem em seu perfil na rede social, na 4ª feira da (30/3), Barbara Sheldon dizia que a Superintendência da Diversidade Sexual de Nilópolis foi convidada pelo Centro LGBTQIA+ de Nova Iguaçu para realizar as oficinas. Em contato com a Prefeitura de cada município - Mesquita faz divisa com ambos -, os entrevistados não confirmaram a existência ou desconheciam os respectivos órgãos municipais. Já sobre o prefeito de Mesquita, Jorge Miranda (PL), que também poderia apresentar denúncia contra a corretora de imoveis, recebemos a informação de que o Município está com as atenções voltadas a minimizar os efeitos da forte chuva que caiu na 6ª feira (1).
Quanto à alegação de Barbara, que mantém a informação de ter trabalhado no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), refutada pelo Judiciário fluminense, o desembargador Siro Darlan se limitou a confirmá-la como "participante do Projeto Dana de valorização dos ativistas do respeito às diversidades sexuais". Entre Facebook e Instagram, Barbara tem mais de 60 mil seguidores, o que a qualifica ser vista também como influenciadora digital.
"As nossas oficinas foram criadas a partir de diálogos com os beneficiários, nos atendimentos individuais e/ou rodas de conversas, ondes eles falam de suas vivências, habilidades, necessidades. Assim, vamos 'traçando' o perfil e trabalhando para atendê-los da forma mais ampla possível", explica Rosana.
"São, majoritariamente, pessoas negras, pobres, baixa escolaridade, sem qualificação profissional e que por estarem enfrentando um processo criminal, terem passado pelo sistema prisional, estão estigmatizadas perdendo ainda mais possibilidades de colocação no mercado formal de trabalho. Todas as oficinas são gratuitas, ministradas por profissionais qualificados, de forma voluntária", finaliza.
As oficinas são realizadas desde setembro de 2021 e foram estendidas tanto a familiares de quem cumpre pena como trabalhadores terceiros terceirizados. Dentre as oportunidades, estão oficinas de tranças, massoterapia, inglês e Língua Brasileira de Sinais (Libras). As fotos que aparecem na matéria estão embaçadas para preservar a identidade dos participantes das oficinas.