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Câncer de testículo: uma patologia que afeta jovens

Abril é o mês de conscientização do tumor que atinge homens de 20 a 40 anos

Por Portal Eu, Rio! em 17/04/2022 às 07:00:00

Ederson, ex-Flamengo, foi um dos atletas acometidos pelo câncer nos testículos que foi curado. Foto: Divulgação Flamengo

O falecimento do jovem ator Léo Rosa em decorrência de um câncer de testículo, no ano passado, chamou a atenção da sociedade para o câncer nos testículos, doença que tem abril como o mês de conscientização. Recentemente, outro jovem, o jogador de futebol Jean Pyerre, passou por cirurgia para a retirada de um tumor no mesmo órgão. Assim como o jogador, outros homens internacionalmente conhecidos já tiveram esse diagnóstico e, felizmente, se curaram da doença. Alguns atletas de futebol, como o goleiro Douglas Friedrich, do Avaí, o holandês Arjen Robben e o ex-volante Magrão também foram axometidos pela patologia. Astros do basquete americano, como o brasileiro Nenê, e do ciclismo, como Lance Armstrong, também tiveram câncer de testículo e, hoje, estão curados após o tratamento. Mas afinal, porque o câncer de testículo afeta tanto atletas?


Foto: Divulgação

Segundo o oncologista Higor Mantovani, do Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia, é preciso entender um pouco mais sobre esse tipo de câncer, suas particularidades e os tratamentos disponíveis para combatê-lo. “O câncer de testículo é um tumor raro, que responde por aproximadamente 2 a 3% de todos os cânceres em homens. Quase sempre acomete pacientes jovens, entre os 20 e 40 anos de idade, o que nos faz entender o motivo de termos alguns nomes famosos do esporte com este diagnóstico. Em geral, os sintomas se iniciam com um caroço no órgão, que pode ou não estar associado à dor, e que pode alterar o tamanho, a consistência e a cor do testículo. O exercício de alta performance não aumenta o risco de câncer de testículo. A lista de atletas diagnosticados pela doença é longa, mas a atividade física não é fator de risco para o desenvolvimento de tumor testicular, mas sim a faixa etária dos atletas, que geralmente são jovens”, afirma Higor.

Como todo câncer, o especialista explica que o de testículo também tem relação com alguns fatores de risco. “Para este tipo de tumor, o principal fator de risco é a criptorquidia, conhecida popularmente como o ‘testículo que não desceu’ ou que está ‘mal posicionado’. Na criptorquidia, temos a ausência ou a não localização do testículo na bolsa escrotal, condição esta que pode aumentar em até 5% a chance de desenvolver câncer do testículo”, revela o especialista.


Higor Mantovani, Oncologista. Foto: Divulgação

De acordo com o médico, o tratamento do câncer de testículo quase sempre parte da cirurgia de remoção do órgão (orquiectomia). “Através dela, fazemos não somente a retirada do tumor, mas também a aquisição de material tumoral para analisarmos o tipo de câncer que estamos tratando. A maioria dos tumores de testículo são de células reprodutivas (germinativas), visto que se trata do órgão reprodutor do homem. Existem dois principais subtipos: os seminomas e os tumores mistos (seminomas com componentes não seminomatosos)”, explica o oncologista.

Em tumores pequenos ou iniciais, a cirurgia é suficiente para curar o câncer de testículo. Já em casos mais avançados, nos quais se tem acometimento de gânglios (linfonodos) abdominais ou metástases em outros órgãos, faz-se necessário uso de quimioterapia endovenosa. “Felizmente, a quimioterapia utilizada para o tratamento do câncer de testículo tem grande eficácia. Ainda que tenham sido desenvolvidos na década de 90, os esquemas de quimioterapia utilizados vêm mantendo a sua eficácia até os dias atuais. Mesmo quando o câncer já se apresenta com metástases em outros órgãos, a quimioterapia pode controlar e até eliminar a doença. Infelizmente, como em muitos tipos de câncer, existem casos de refratariedade aos tratamentos, como aconteceu com o ator Léo Rosa. É de extrema importância que o homem saiba da existência do câncer de testículo e de suas particularidades. O diagnóstico em estágios precoces possibilita a cura, na maioria esmagadora dos casos. Por isso, não se deve hesitar em procurar um médico urologista, caso perceba alguma alteração no testículo”, finaliza o especialista.

A lista de casos de câncer de testículos no esporte é longa e mostra que é uma doença com chances de cura. Veja os atletas que já foram diagnosticados com a doença:

Jean Pyerre, jogador de futebol

O jogador de futebol Jean Pyerre, foi diagnosticado em fevereiro de 2022. A operação do atleta foi bem-sucedida e o meia iniciou a recuperação. Ele está aguardando orientações médicas para dar continuidade ao tratamento. Jean Pyerre está emprestado ao Girensunspor, da Turquia, até a metade de 2023. O Grêmio, que renovou o contrato com o atleta até o final de 2024, se colocou à disposição para dar todo o suporte ao jogador.

Bruno Moraes, jogador de futebol

Quando retornou ao Santa Cruz, em julho de 2021, Bruno Moraes, que havia deixado o Dibba Al Fujairah, dos Emirados Árabes, passou por uma das descobertas mais difíceis da vida dele. O atacante de 32 anos sentiu dores na coxa durante uma partida, mas decidiu antecipar o retorno aos treinos antes dos três dias de recomendação. Ao sentir novamente a dor, os médicos pediram exames para saber a gravidade da lesão. O que Bruno Moraes não esperava era descobrir que tinha um câncer de três centímetros no testículo. Os médicos decidiram fazer a remoção de um dos testículos de Bruno. A cirurgia aconteceu poucos dias depois do diagnóstico e não precisou de quimioterapia, pois tudo deu certo. O atacante voltou aos treinos e jogos duas semanas depois. Durante o acompanhamento, a cada três meses, os exames pós-cirúrgicos não detectaram alterações e o jogador está curado da doença.

Ederson, Flamengo - 2018

O ex-jogador do Flamengo Ederson foi um dos casos mais recentes de câncer no testículo. O caso tomou grande repercussão nacional e o jogador contou com a solidariedade de clubes e colegas de profissão. Ele passou por uma cirurgia para retirada do testículo direito e depois passou por um processo de quimioterapia.

Robben, ex-jogador holandês

O holandês Arjen Robben tinha 20 anos quando descobriu que tinha o tumor nos testículos, um pouco antes da Eurocopa de 2004, quando estava deixando o PSV rumo ao Chelsea. Ele voltou a jogar após a cirurgia e se tornou um dos maiores nomes do futebol mundial. Robben fez história no Bayern de Munique

Nenê Hilário - Basquete

Nenê fez longa carreira na NBA e se tornou mais um nome entre os atletas que tiveram câncer no testículo, em 2008. Ele passou por cirurgia e quimioterapia, voltando a jogar normalmente. Durante a carreira, ele passou por Denver Nuggets, Washington Wizards e Houston Rockets. No Brasil, Nenê defendeu o Vasco no início dos anos 2000.O pivô da Seleção brasileira e da NBA seguiu a vida nas quadras após o câncer.

Douglas Friedrich - goleiro do Avaí

Douglas descobriu um tumor maligno aos 18 anos. Ele precisou ficar afastado do futebol por um ano, mas se recuperou e hoje, aos 33 anos, é destaque do Avaí. Douglas superou o câncer e retornou aos gramados.

Magrão - ex-volante do Internacional

Magrão precisou retirar um dos testículos quando atuava nos Emirados Árabes, em 2011. O caso veio à tona em 2015, quando ele foi pego em um exame antidoping e relacionou o exame a remédios que ele dizia precisar tomar. O ex-volante de Inter, Palmeiras e Corinthians passou por cirurgia em 2011.

Lance Armstrong, ciclista

O ciclista foi diagnosticado com tumores no testículo, no pulmão e no cérebro, no início de carreira e venceu sete vezes seguidas o Tour da França, entre 1999 e 2005. Sua história de vida seria majestosa se não tivesse sido manchada por um escândalo, onde foi descoberto um uso constante de anabolizante por parte do atleta, que perdeu todos os títulos conquistados. Lance teve o câncer no inicio da carreira.

Yeray Álvarez – jogador de futebol

Atualmente no Athletic Club, o jogador foi diagnosticado em 2016 com câncer no testículo, quando defendia o Athletic Bilbao. Ao retornar às atividades, o zagueiro foi homenageado pelos colegas, que rasparam a cabeça em solidariedade ao atleta.

Jonas Gutierrez, jogador de futebol

O argentino, que jogou a Copa de 2010, descobriu o câncer em 2013 e passou por cirurgia e quimioterapia. Ele seguiu a carreira após a recuperação.

Jebbe Sand, jogador de futebol

O ex-jogador dinamarquês passou por processo quimioterápico e cirurgia após sua participação na Copa do Mundo de 1998. Após a recuperação, ele voltou a jogar normalmente.

Marcelo Tabarez, jogador de futebol

O atacante uruguaio descobriu a doença em 2018, quando defendia o Danúbio. Atualmente, ele joga no Villa Teresa, da segunda divisão do Uruguai.

Jake Gibb, atleta de vôlei de praia

O atleta jogou nas Olimpíadas do Rio em 2016 e superou o câncer no testículo em 2011.

Mike Lowell, beisebol

Atleta porto-riquenho, Mike Lowell teve o câncer em 1999 e voltou a atuar normalmente na MLB, sendo eleito MVP das finais em 2007.

Sobre o Grupo SOnHe

O Grupo SOnHe - Oncologia e Hematologia é formado por oncologistas e hematologistas que fazem atendimento oncológico alinhado às recentes descobertas da ciência, com tratamento integral, humanizado e multidisciplinar no Hospital Santa Tereza, Radium Instituto de Oncologia e Madre Theodora, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas, e na Santa Casa de Valinhos. O Grupo oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado por 11 especialistas sendo cinco deles com doutorado e três com mestrado. Fazem parte do Grupo os oncologistas André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinícius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Rafael Luís, Susana Ramalho, Leonardo Roberto da Silva, Higor Mantovani e Isabela de Lima Pinheiro e pelas hematologistas Lorena Bedotti e Jamille Cunha.


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