O professor de Literatura Fernando Souza, 57, relembra os textos de Oscar Wilde e se emociona: "há muito tempo eu sentia vergonha de ser gay e morria de medo que as pessoas soubessem, mesmo eu tendo toda a pinta, somos educados por uma sociedade hétero normativa e isso ainda é muito forte em nossas vidas, ser gay parece vergonhoso. O Orgulho é uma ação social e política em resposta a isso", afirma Fernando.
Foi somente aos 27 anos de idade, depois de uma infância e adolescência conturbada e violenta na escola, decidiu se casar com uma mulher, ter dois filhos e se separar. Fernando sentiu pela primeira vez o orgulho de ser um homem gay.
"A partir do momento que eu me assumi e parei de mentir para mim mesmo. Eu consegui ser muito mais feliz, mais do que achava que já era, por ter tido uma linda família, mas o que não foi o suficiente para entender que a questão era outra", completa.
O Orgulho LGBTI+ ou orgulho gay é o conceito segundo o qual homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, gays, de uma forma geral, os LGBTs devem ter orgulho da sua orientação sexual e identidade de gênero. O movimento tem três premissas principais: que as pessoas devem ter orgulho da sua orientação sexual e identidade de género; que a diversidade é uma dádiva; e que a orientação sexual e a identidade de género são inerentes ao indivíduo e não podem ser intencionalmente alteradas.
A palavra orgulho é usada neste caso como um antônimo de vergonha, que foi usada ao longo da história para controlar e oprimir indivíduos LGBTs. Orgulho neste sentido é uma afirmação de cada indivíduo e da comunidade como um todo. O moderno movimento de orgulho gay começou após a Rebelião de Stonewall, em 1969, quando homossexuais em bares locais enfrentaram a polícia de Nova Iorque.
Apesar de ter sido uma situação violenta, deu à comunidade até então underground o primeiro sentido de orgulho comum num incidente muito publicitado. A partir da parada anual que comemorava o aniversário da Rebelião de Stonewall, nasceu um movimento popular nacional, e atualmente muitos países em todo o mundo celebram o Orgulho LGBTI+.
A palavra Orgulho LGBTI+, esse com 'o' maiúsculo, nasce 'Pride', em inglês, há 49 anos, na resistência à violência contra a população homossexual e não-binária. O movimento vem promovendo a causa dos direitos LGBTI+ pressionando políticos, registrando votantes e aumentando a visibilidade para educar sobre questões importantes para a comunidade LGBTI+. O movimento de orgulho LGBTI+ defende o reconhecimento de iguais "direitos e benefícios" para indivíduos.
Os avanços
Os Desafios
No entanto ainda existem muitos desafios a serem enfrentados, entre eles, "a desconstrução de qualquer forma de machismo, a aprovação de uma lei que proteja a comunidade LGBTI+ é imprescindível e necessária; uma lei contra a homofobia deve ser urgentemente votada. Além de uma lei que regulamente a união estável entre casais LGBTI+, pois o que existe são decisões isoladas de juízes que sempre ora em ora são contestadas por outros juízes conservadores", afirma Júlio.
Segundo Heloisa Melino, ativista, lésbica e doutorando em direitos humanos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na pós-graduação em Direto, celebrar uma data do Orgulho LGBT é ato político e social muito importante, uma vez que vivemos em uma sociedade com preconceitos, discriminação e discurso de ódio muito forte.
"Lembrar de uma data que tem uma grande importância mundial de conquistas, sempre será uma forma de luta e ativismo. Isso mostra como os movimentos sociais estão sempre a frente e pressionando o Estado e a sociedade civil por mudanças", afirma Heloisa. A doutoranda reflete melhor sobre o assunto no livro "Potência das Ruas", de sua autoria, da editora Multfoco.
Ordem dos Advogados do Brasil
A Ordem dos Advogados do Brasil considera um vácuo a falta de Lei contra a Homofobia e Lei de União Estável entre pessoas GLBTI+. Segundo Maria Berenice Dias, Presidente Nacional da Comissão de Diversidade e Gênero da OAB, a justiça começou a reconhecer o direito de União Estável entre pessoas LGBTI+, o que garante a extensão às outras vertentes do direito, como o de famílias e de adoção, mesmo sem uma lei definitiva.
"Em 2011, o Supremo Tribunal Federal julgou ação a favor da União Estável Homoafetiva, constituindo assim mais um conceito de família. O STF tem força vinculante, o que serve de parâmetro efetivo para outras decisões", afirma Berenice. Além disso, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça baixa um provimento que ninguém pode negar acesso ao casamento entre LGBTI+.
A Luta Continua - Parada Gay de Madureira
Parada LGBTI de Madureira traz alerta em tema: "Vote certo para não chorar. Queremos renovação Já". O evento acontece neste domingo (01/07) e terá Viviane Araújo, David Brazil, Jojo Todynho, Lexa, entre outros. A Parada que existe há 18 anos, organizada pelo Movimento de Gays, Travestis e Transformistas (MGTT), irá desfilar com nove trios elétricos. Cada um representará um tema, como o movimento das gordinhas cariocas universitárias; integrantes da Portela e do Império Serrano, trio das trans, lésbicas, voluntários e de uma grande boate gay da região, além do movimento de lideranças LGBTs.A concentração será às 13h, na Rua Carvalho de Souza.