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Manifesto pela paz

Movimentos sociais promovem manifestação contra violência policial nas favelas

Segundo organizadores, policiais teriam impedido que moradores da Maré e Manguinhos fossem ao ato


Foto: Eliane Salles

O Fala Acari, coletivo de militantes defensores dos direitos da Favela de Acari, e mais oito movimentos sociais, promoveram nesta quinta-feira, 28, a manifestação "As Vidas nas Favelas Importam - Parem de nos Matar", em protesto contra as ações violentas que as forças de segurança pública vêm realizando nas favelas cariocas. As escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro foram o ponto de concentração do ato. De acordo com os organizadores, de lá, os manifestantes caminhariam até a Candelária, onde seriam acesas velas pelas vítimas. Antes, no entanto, fariam paradas no Fórum e na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) - todos no centro do Rio.

Antes de iniciar a caminhada, ainda na Cinelândia, parentes de vítimas, lideranças de movimentos e políticos denunciaram a truculência das ações da polícia nas favelas e as mortes de moradores em decorrência delas. "Hoje morreu um sargento [Jason da Costa Pinheiro, baleado na cabeça, em uma ação no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio]. A população já sabe que de madrugada vai ter tiroteio. A lógica é a da vingança", disse a professora Vanderléa Aguiar, moradora daquela comunidade.

Ameaças

Marcada para ter início às 16h, até as 17h30, o protesto contava com cerca de 300 pessoas. Segundo Virgínia Berriel, da Comissão Popular da Verdade, um dos coletivos responsáveis pelo evento, e Diretora da Executiva Nacional da CUT, o "esvaziamento da manifestação" teve um motivo: os moradores das favelas de Manguinhos e da Maré foram advertidos por policiais a não comparecerem ao protesto. "Conseguimos dois ônibus emprestados pela FioCruz, mas devolvemos. A polícia foi lá [nas comunidades] ameaçar os moradores para que não viessem". Ainda de acordo com Virgínia, esta informação foi trazida aos organizadores pelas lideranças dos movimentos nessas comunidades.

Caso Marcos Vinicius

O protesto acontece oito dias após o estudante Marcos Vinicius da Silva, 14, ser morto por um tiro disparado de dentro pelo Caveirão (blindado utilizado pela Polícia Militar em confrontos na favela). Eram oito horas da manhã, Marcos Vinícius estava uniformizado e seguia com um colega para a escola. A mãe de Vinícius, Bruna da Silva, 36, discursou no ato, empunhando a camisa que o filho usava ao ser morto. "Eu criei o meu filho 14 anos na comunidade sem tomar um tiro; na comunidade que eu e o pai fomos criados. Nossa comunidade, ela é quente, ela é calma. É o estado que entra com sua violência, espalhando seu terror. Gente, que intervenção [militar, decretada pelo Governo Federal, em fevereiro, para conter a violência no Rio de Janeiro] é essa? Intervenção o quê? Tão intervindo no direito das nossas crianças de ir e vir. Meu filho perdeu o direito de ir e vir aos 14 anos. Meu Deus! Ele tava começando a viver, estava no auge da sua vida", disse. O discurso de Bruna provocou comoção nos manifestantes, expressa por choros e muitos gritos de protestos.

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