Um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, Gal iria se apresentar no festival Primavera Sound, ocorrido em São Paulo no último fim de semana, porém sua participação foi cancelada. Segundo a equipe, a ausência foi para a recuperação da cantora, que realizou a retirada de um nódulo na fossa nasal.
Gal ficou órfã de pai com 14 anos de idade. Trabalhou como balconista de uma loja de discos em Salvador. Em 1963 conheceu Caetano Veloso, apresentada por Dedé Gadelha, sua vizinha e amiga e futura esposa do cantor. Cresceu no Bairro da Graça, em Salvador. Na adolescência, trabalhou na loja de discos do jornalista Roni que, coincidentemente, foi, em 1972, promotor do show “Caetano & Chico”, realizado em Salvador. Através desse emprego, sabia de todas as novidades musicais da época e tornou-se fã da bossa nova.
Desde criança, tinha o sonho de ser cantora. No início dos anos 60, conheceu o ídolo João Gilberto que, segundo depoimento registrado no encarte da coleção “História da Música Popular Brasileira”, disse-lhe, após a primeira vez em que a viu cantar: “Você é a maior cantora do Brasil”. Nessa mesma época, também conheceu Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil, formando o quarteto que, mais tarde, viria a ser conhecido como Doces Bárbaros, após participarem, juntos, de um espetáculo que resultou em um LP.
Em 2017 foi lançado o documentário “O nome dela é Gal”, dirigido por Dandara Ferreira para a HBO, canal da TV fechada. Em 2019 concedeu entrevista intimista e ensaio fotográfico à “Revista Ela”. Na ocasião revelou fatos inéditos sobre sua carreira, falou sobre a ausência de seu pai e do desafio de criar seu filho adolescente aos 73 anos de idade, adotado em 2013
Ainda em 2019, começou a ser feito o longa-metragem sobre a vida e obra de Gal, batizado de “Meu nome é Gal”. o filme é produzido pela Paris Entretenimento. Ao ser convidada para viver Gal Costa no cinema, a atriz Sophie Charlotte fez aulas de canto e violão. A escolha da atriz se deu devido a sua interpretação ao cantar “Sua Estupidez” na minissérie “Rebu” da rede Globo.
Em março de 2022 começou a ser, efetivamente, rodado o filme “Meu nome é Gal”, dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi. A cinebiografia foi concebida cobrindo o período entre 1967, quando a cantora gravou o LP “Domingo”, com Caetano Veloso, e 1971, quando estreou no show “Fa-tal”.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional com os depoimentos de amigos, parceiros e estudiosos da MPB sobre Gal Costa.
Carreira uniu modernidade e tradição, da Lira Paulistana aos sambas-exaltação
Estreou como cantora em junho de 1964, no show “Nós, por exemplo”, que marcou a inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, atuando ao lado de Caetano Veloso, Tom Zé, Maria Bethânia, Djalma Correa e Gilberto Gil. Nesse ano, o grupo ainda apresentou, no mesmo teatro, o show “Nova bossa velha, velha bossa nova”.
Em 1965, acompanhou Caetano Veloso e Maria Bethânia na viagem dos amigos ao Rio de Janeiro, onde Bethânia substituiu a cantora Nara Leão no elenco da peça “Opinião”. Nesse mesmo ano, participou, ao lado dos baianos (nome com que o grupo inicialmente ficou conhecido), dos espetáculos “Arena canta Bahia” e “Em tempo de guerra”, ambos dirigidos por Augusto Boal e apresentados no T.B.C. (antigo Teatro Brasileiro de Comédia), em São Paulo. Sua primeira participação fonográfica foi no LP “Maria Bethânia” (RCA), cantando ao lado da amiga, que também estreava em disco LP (já havia gravado alguns compactos), a composição de Caetano Veloso “Sol negro”. Ainda em 1965, gravou seu primeiro compacto, pela gravadora RCA, contendo as músicas “Eu vim da Bahia”, de Gilberto Gil, e “Sim, foi você”, de Caetano Veloso. No ano seguinte, em 1966, participou do “I Festival Internacional da Canção” (FIC), promovido pela TV Rio, interpretando a música “Minha Senhora”, de Gilberto Gil e Torquato Neto. Participou do III Festival da Música Popular Brasileira, defendendo a canção “Dada Maria”, de Renato Teixeira.
Em 1967, gravou seu primeiro LP, “Domingo”, lançado no mesmo ano, pela Philips, que dividiu com o também estreante Caetano Veloso. A produção desse disco ficou por conta de Dori Caymmi. Uma vez inserida no meio artístico carioca, foi apresentada, por Chico Buarque, ao produtor Marcos Lázaro, que acertou sua participação nos programas de televisão de grande sucesso na época: “Fino da Bossa” e “Agnaldo Rayol Show”.
A partir de 1968, o produtor Guilherme Araúj começou a empresariar a cantora, além de Caetano, Gil e Tom Zé, sugerindo a mudança de seu nome artístico de Maria das Graças para Gal Costa. Seguindo uma tendência do movimento tropicalista liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, deixou o cabelo crescer e adotou um estilo mais agressivo no seu modo de cantar, contrário ao estilo bossa-novista que adotava, anteriormente. Foi assim que, nesse mesmo ano, defendeu a composição de Gilberto Gil e Caetano Veloso, “Divino Maravilhoso”, no IV Festival de Música Popular Brasileira, recebendo a terceira colocação. Foi considerada, pela crítica da época, a musa do Tropicalismo, alcançando grande popularidade.
No emblemático LP “Tropicália”, também lançado em 1968, participou das faixas “Parque Industrial”, “Hino do Senhor do Bonfim”, “Mamãe coragem” e “Baby”. Essa última faixa havia sido composta por Caetano Veloso para Maria Bethânia gravar – inclusive foi ela que pediu ao irmão que fizesse uma música com esse nome, mas, como preferiu não participar do movimento tropicalista, deixou a gravação por conta da amiga. “Baby”, que teve arranjo de Rogério Duprat, foi um marco em sua carreira.
Em 1969, gravou seu primeiro LP individual, “Gal Costa”, lançado pela Philips. O sucesso foi imediato, ficando as faixas “Não identificado”, de Caetano Veloso, e “Que pena”, de Jorge Bem (hoje Jorge Benjor), mais de três meses nas paradas de sucesso. Seu empresário, Guilherme Araújo, produziu, nesse ano, uma série de shows em várias cidades brasileiras. Ainda em 1969, gravou seu segundo LP, também intitulado “Gal Costa”. O disco continha a antológica gravação de “Meu nome é Gal”, música de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, feita em sua homenagem. Com o exílio de Caetano e Gil, viajou, por diversas vezes, para visitá-los em Londres.
Em 1970, gravou “London, London” e “Deixa sangrar” (Caetano Veloso) em seu LP “LeGal”, lançado no fim do ano. Estreou, ainda, o show “Deixa sangrar”, no Teatro Opinião (RJ), com direção de Jards Macalé. Um ano depois, lançou o álbum duplo “Gal a todo vapor” e o show homônimo, com direção de Roberto Menescal, que incluia os sucessos “Pérola Negra”, de Luís Melodia, “Como dois e dois”, de Caetano Veloso, e “Sua estupidez”, de Roberto e Erasmo.
Participou, no ano seguinte, ao lado de João Gilberto e Caetano Veloso, de um programa da TV Tupi de São Paulo.
Em 1972, estreou, sob a direção de Waly Salomão, o show “Fatal”, considerado um marco na sua carreira, e, em seguida, “Índia”. Com esse espetáculo, que viria a confirmar seu sucesso, percorreu o circuito universitário, que compreendeu a maioria das cidades do interior de São Paulo e Paraná.
Em 1973, a Phonogram realizou, em São Paulo, o show “Phono 73”, que reuniu mais de 35 artistas do cast da gravadora. Nesse evento, cantou, ao lado de Maria Bethânia, “Oração de Mãe Menininha”, de Dorival Caymmi, registrada no LP homônimo. Nesse ano, ainda, apresentou-se, ao lado de Gilberto Gil, no MIDEM, em Cannes, França.
Lanou, no ano seguinte, ao lado de Gil e Caetano, o show e LP “Temporada de verão”, apresentado na Bahia e São Paulo. Também nesse ano, gravou o LP “Cantar”, com direção de Caetano Veloso. Esse disco não obteve o mesmo sucesso dos anteriores, sendo o menos vendido desde o início de sua carreira.
Em 1975, sua gravação para a música “Modinha para Gabriela”, de Dorival Caymmi, foi tema da novela “Gabriela”, apresentada no horário nobre da TV Globo. O grande sucesso que a música alcançou gerou o LP “Gal canta Caymmi”, contendo, exclusivamente, composições do mestre baiano. O disco, produzido por Perinho Albuquerque, foi lançado em 1976.
Apresentou-se, em 1976, ao lado de Caymmi, em show produzido por Guilherme Araújo. A música “Só louco”, contida no LP, foi escalada para compor a trilha de uma nova novela da Globo. Apresentou-se, ainda, no programa “Globo de Ouro” da mesma emissora. Também em 1976, reuniu-se com Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso para formar Os Doces Bárbaros. O show estreou no Anhembi, em São Paulo, e, posteriormente, ficou por dois meses em cartaz no Canecão (RJ), batendo o recorde de bilheteria da época.
Em 1977, mais um sucesso de crítica e público marcou sua carreira: o LP “Caras e bocas”, que incluiu a canção “Tigresa”, de Caetano Veloso.
No ano seguinte, recebeu, da Associação Brasileira de Produtores de Discos, o Prêmio Villa-Lobos, na categoria Melhor Cantora. Ainda em 1978, viajou para a Europa com Caetano Veloso, com quem realizou uma série de shows e gravou especiais para as televisões italiana e francesa. Em setembro desse ano, lançou o LP “Água viva”, com o qual ganhou seu primeiro Disco de Ouro. Nesse disco gravou, pela primeira vez, músicas de Chico Buarque, compositor que, a partir daí, sempre freqüentaria o seu repertório. No final de 1978, realizou três apresentações no Bauen Hotel, em Buenos Aires, e participou, ainda, da faixa “Sonho meu” (Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho) do LP “Álibi”, de Maria Bethânia.
No dia 11 de janeiro de 1979, estreou, no Teatro dos Quatro (RJ), um dos shows mais marcantes de toda a sua carreira: “Gal Tropical”. O show ficou em cartaz durante todo o ano, sempre com casa lotada, sendo apresentado, posteriormente, em São Paulo, no Norte e Nordeste do país e no exterior: Montreux, Portugal, Japão e Argentina. Com o LP homônimo ganhou seu segundo Disco de Ouro. Ainda em 1979, gravou para o LP “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, a faixa “Pedaço de mim”.
Em 1980, ganhou seu terceiro Disco de Ouro, com o LP “Aquarela do Brasil”, no qual gravou somente músicas de Ary Barroso.
No ano seguinte, participou do especial para a televisão “Grandes Nomes” (Rede Globo), com direção de Daniel Filho. Nesse programa, teve como convidada a cantora Elis Regina, na interpretação inesquecível de “Amor até o fim”, de Gilberto Gil, que cantaram juntas. Além disso, realizou temporada de quatro meses no Canecão com o show “Fantasia”. O LP homônimo foi lançado no mesmo ano e lhe valeu o Prêmio de Melhor Cantora, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), mais um Disco de Ouro e o primeiro Disco de Platina de sua carreira.
Em 1982, estreou o show “Festa do Interior” no Maracanãzinho (RJ), para um público de mais de 25 mil pessoas. O show, dirigido por Waly Salomão, excursionou pelo Brasil e encerrou sua temporada nacional na comemoração do XXII Aniversário de Brasília, para um público de mais de 300 mil pessoas. O compacto com a música “Festa do Interior” (Moraes Moreira e Abel Silva), com arranjo de Lincoln Olivetti, também foi contemplado com o Disco de Ouro.
No decorrer da década de 1980, outros discos e shows foram lançados. No LP “Profana”, destacou-se a faixa “Chuva de prata”, bolero de Ed Wilson e Ronaldo Bastos, bastante executado nas Rádios em 1985.
Em 1990, lançou, pela BMG, o disco “Plural”, no qual incluiu músicas de Carlinhos Brown, compositor, então, pouco conhecido (havia sido gravado um ano antes por Caetano Veloso no LP “Estrangeiro”).
A partir da segunda metade dos anos 1990, Gal Costa passou a reler suas antigas gravações.
Em 1994, reuniu-se com Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia, na quadra da escola de samba Mangueira, para o show “Doces Bárbaros na Mangueira”, que comemorou os 18 anos dos Doces Bárbaros. Nesse mesmo ano, a escola os homenageou com o samba enredo “Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”, parafraseando o sucesso “Atrás do trio elétrico”, de Caetano Veloso. No dia primeiro de junho daquele ano, os Doces Bárbaros voltaram a se reunir no Royal Albert Hall, em Londres, com a participação da bateria da Mangueira. Ainda em 1994, lançou o disco e o show “O sorriso do gato de Alice”, com direção de Gerald Thomas. O espetáculo causou polêmica com a encenação da cantora, que entrava no palco quase se arrastando no chão e, ao cantar “Brasil”, de Cazuza, mostrava os seios nus à platéia. Com esse trabalho, ganhou os prêmios Sharp e APCA do ano.
Em 1995, lançou “Mina dágua do meu canto”, trazendo apenas composições de Chico Buarque e Caetano Veloso, com arranjos de Jacques Morelenbaum.
Em 1997, gravou o CD e o vídeo “Acústico MTV”, cantando ao lado de diversos convidados como Herbert Vianna e Zeca Baleiro.
No ano seguinte, lançou o CD “Aquele frevo axé”.
Em 1999, gravou um disco em homenagem a Tom Jobim, com arranjos de Cristovão Bastos, cujo show de lançamento percorreu o Brasil, depois de estrear no Metropolitan (atual ATL Hall), na Barra da Tijuca (RJ).
Em 2000, participou dos shows comemorativos da virada do milênio, apresentando-se ao lado de Maria Bethânia, em show no Metropolitan (ATL Hall), no Rio de Janeiro, e participou do evento “Rio Bossa Nova 2000”, realizado em um palco montado na praia de Ipanema (RJ), ao lado de diversos artistas, como Leny Andrade e o grupo Os Cariocas.
Em 2001, gravou o CD “De tantos amores”, contendo as músicas “Outra vez” (Isolda), “A última estrofe” (Cândido das Neves “Índio”), “Que pena (Ela já não gosta mais de mim)” (Jorge Benjor), “Que maravilha” (Jorge Benjor e Toquinho) “Folhetim” (Chico Buarque), “Apaixonada” (Ed Motta e Nélson Motta) e “Caminhos do mar” (Dorival Caymmi, Danilo Caymmi e Dudu Falcão), além de canções de Caetano Veloso, “Abandono”, “O amor” (c/ Ney Costa Santos) e “Força estranha”, e versões de Geraldo Carneiro, “Dama sofisticada” (Irving Mills, Duke Ellington e Mitchell Parish), “Contigo aprendi” (Armando Manzanero), e de José Fortuna, “Índia” (M. O. Guerrero e J. A. Flores). Nesse mesmo ano, foi incluída no Hall of Fame do Carnegie Hall, sendo a única cantora brasileira a entrar no Hall, após participar do show “40 anos de Bossa Nova”, em homenagem a Tom Jobim, ao lado de César Camargo Mariano, Filó Machado e outros artistas.
M 2002, lançou o CD “Bossa tropical”, no qual registrou as faixas “Socorro” (Alice Ruiz e Arnaldo Antunes), “The fool on the hill” (John Lennon e Paul McCartney), “Onde Deus possa me ouvir” (Vander Lee), “Mulher (sexo frágil)” (Narinha e Erasmo Carlos), “Quando eu fecho os olhos” (Carlos Rennó e Chico César), “Desde que o samba é samba” (Caetano Veloso), “Epitáfio” (Sérgio Britto), “As time goes by” (Herman Hupfeld), “Ovelha negra” (Rita Lee), “Marcianita” (José Imperatore Marcone e Galvarino Villota Alderete, versão de Fernando César), “O amor em paz” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e “Cada macaco no seu galho”. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, apresentou-se para 100.000 pessoas na Praia de Copacabana (RJ), ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethania, no show “Doces Bárbaros”, que encerrou o projeto “Pão Music”.
Em 2003, apresentou-se no Carnegie Hall, em Nova York, comandando um show tributo a Tom Jobim e Stan Getz, acompanhada por Hélio Alves (piano), Sérgio Brandão (baixo), Adriano Santos (bateria) e David Silliman (percussão). O espetáculo contou com a participação de Cesar Camargo Mariano, Romero Lubambo, Jaques e Paula Morelenbaum, do pianista Ryuichi Sakamoto e do saxofonista Tom Scott, além de Michael Feinstein e John Pizzarelli, chamados inesperadamente ao palco pela cantora. Nesse mesmo ano, lançou o CD “Todas as coisas e eu”, contendo canções que, segundo a própria cantora, fazem parte da sua formação musical, como “Folhas secas” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “Copacabana” (Alberto Ribeiro e João de Barro) e “Ave Maria no morro” (Herivelto Martins), entre outras.
Em 2004, apresentou-se no Canecão (RJ).
Lançou, em 2005, o CD “Hoje”, contendo exclusivamente canções inéditas: “Mar e sol”, “Te adorar” e “Sexo e luz”, todas de Lokua Kanza e Carlos Rennó, “Pra que cantar” e “Jurei”, ambas de Nuno Ramoso, “Voyeur” (Péri), “Santana” (Junio Barreto e João Carlos), “Um passo à frente” (Moreno Veloso e Quito Ribeiro), “Logus-Pé” (Tito Bahiense), “Nada a ver” (Hilton Raw, Lenora de Barros e Marcos Augusto Gonçalves), “Os dois” (Moisés Santana), “Luto” (Caetano Veloso), “Embebedado” (Chico Buarque e Caetano Veloso) e a faixa-título (Moreno Veloso). O disco contou com produção musical e arranjos de César Camargo Mariano.
Com som e imagem restaurados, foi lançado, em 2006, o DVD “Gal Costa – Programa Ensaio – 1994”, registro do programa gravado naquele ano. Também em 2006, estreou, no Canecão (RJ), a turnê do show “Hoje”.
Lançou, em 2011, o CD “Recanto”, produzido por Caetano Veloso, autor de todas as canções incluídas no repertório: “Recanto escuro”, “Cara do mundo”, “Autotune autoerótico”, “Tudo dói”, “Neguinho”, “O menino”, “Madre Deus” e “Mansidão”. O disco contou com a participação de Caetano Veloso (violão), Pedro Sá (guitarra), Eduardo Manso (guitarra), Bartolo (guitarra e sintetizadores analógicos), Kassin (baixo, bateria eletrônica, sintetizador e programação), Bruno di Lullo (baixo), Alberto Continentino (Rhodes), Donatinho (Rhodes e dintetizador), Zeca Veloso (programação e sintetizadores), Rafael Rocha (bateria), Estevão Casé (caetron, melotron e delays), Léo Monteiro (bateria, percussão eletrônica, ruídos, sintetizador e electribre), Jaques Morelenbaum (violoncelo) e Daniel Jobim (piano).
Em 2012, inaugurando o novo espaço carioca, Miranda, na Lagoa, apresentou o show “Recanto”, centrado em algumas canções do disco homônimo, além de outras do seu repertório, como “Vapor barato” (Jards Macalé e Waly Salomão) traduzidas com a estética do CD lançado ao final do ano anterior. A seu lado, Pedro Baby (guitarra e violão), Bruno Di Lullo (baixo e violão) e Domenico Lancellotti (bateria e MPC). O show, com direção de Caetano Veloso, teve concepção de Caetano Veloso, Moreno Veloso (assistente de direção) e da própria cantora. O espetáculo “Recanto” figurou na relação “Os Melhores Shows de 2012” – assinada pelos jornalistas Bernardo Araújo, Carlos Albuquerque, Leonardo Lichote e Sílvio Essinger -, publicada na edição de 30 de dezembro desse mesmo ano do Jornal “O Globo”.
Em 2013, apresentou-se no espaço Miranda, no Rio, com o show “Recanto”, produzido por Caetano Veloso. Nesse mesmo ano, lançou o DVD e CD duplo “Recanto ao vivo”, registro do show realizado no antigo Teatro Tereza Raquel (hoje Net Rio), dirigido por Caetano Veloso. Também no DVD, imagens e fala da cantora com direção de Dora Jobim e Gabriela Gastal, que também assinam os extras, ao lado de Clara Cavour. Ainda em 2013, apresentou-se no Vivo Rio (RJ), com o show “Recanto”, dirigido por Caetano Veloso.
O disco “Gilberto Gil & Gal Costa – Live in London”, lançado em 2014, foi fruto de uma gravação descoberta de um show realizado no Centro Estudantil da City University, em Londres. O ano era 1971 e Gil vivia no exílio.
Gal havia decidido visitar os amigos e juntos improvisaram um show. As dezoito faixas do disco trazem músicas conhecidas, mas temperos e arranjos diferentes, além de Gal que, nas primeiras nove faixas, sustenta no violão os vocais de Gil.
Em 2015, lançou “Estratosférica”. As 15 músicas do disco são composições, em sua maioria, de compositores os quais jamais havia gravado: Marisa Monte (que em parceria com Arnaldo Antunes e Cezar Mendes compôs “Amor se acalme”), Marcelo Camelo (que com o irmão Thiago Camelo compôs “Espelho d´água”), Céu (que uniu-se a Pupillo e Junio Barreto na composição de “Estratosférica”), Lincoln Olivetti ( que compôs “Muita sorte” com Rogê), Thalma de Freitas (que sobre um arranjo de João Donato compôs “Ecstasy”), Junio Barreto (que voltou ao disco com a sua “Jabitacá, em parceria com Lira), Jonas Sá (musicado por Alberto Continentino em “Casca”), Malu Magalhães (com “Quando você olha pra ela”), Milton Nascimento (em inédita parceria com Criolo na faixa “Dez anjos”), Tom Zé (que compôs “Por baixo), Moreno Velloso e Domenico Lancellotti (que compuseram “Anuviar”), Caetano Veloso (inaugurando em “Você me deu” a parceria com o filho Zeca Veloso), Antônio Cícero (ao lado de Arthur Nogueira em “Sem medo nem esperança) e Johny Alf (com “Ilusão à toa).
A versão digital do disco, disponibilizada no Itunes, trouxe ainda “Vou buscar você pra mim”, de Guilherme Arantes, e “Átimo de som”, de Arnaldo Antunes e José Miguel Wisnik.
Com produção musical de Moreno Veloso e Kassin, o disco foi gravado em São Paulo.
Paralelamente à turnê de Estratosférica, apresentou dois outros shows: “Espelho d´água”, no qual aparece acompanhada apenas pela guitarra ou pelo violão de Guilherme Monteiro, e “Ela disse-me assim”, com canções de Lupicinio Rodrigues.
Esse último foi incluído na lista de melhores shows do ano divulgada pelo jornal O Globo. Segundo o jornal: “A beleza e a força do show estava aí, na forma como cantora e banda afirmavam as canções no presente, fosse na gravidade dos sintetizadores de “Pobres moços” ou na explosão tropicalista de “Vingança”.
Apresentou-se no Circo Voador, no RJ, em março de 2016, com o show da turnê “Estratosférica”, por duas noites seguidas.
No mesmo ano, fez show no Rio de Janeiro, convidada pela Arquidiocese, aos pés do Cristo Redentor, em palco montado na frente do monumento. Na apresentação, para apenas 60 convidados, cantou sucessos de sua carreira.
Foi indicada, pela sua performance em “Estratosférica”, ao 27º Prêmio da Música Brasileira, na categoria melhor cantora de pop, consagrando-se vencedora mesmo com a concorrência de Elza Soares (A mulher do fim do mundo) e Simone Mazzer (Férias em videotape).
No fim do mesmo ano, subiu ao palco para um show em homenagem ao centenário de Ulisses Guimarães, morto em 1992. Ao seu lado, Nando Reis e Gilberto Gil.
Dirigido por Rafael Dragaud, produzido por Flora Gil e idealizado pelo jornalista Jorge Bastos Moreno, o show marcou o primeiro encontro musical do trio, que já admitiu a possibilidade de um projeto futuro, extensão do sucesso do show.
Misto de show e homenagem política, a noite teve a apresentação da jornalista Leilane Neubarth e contou com muitos políticos convidados na plateia.
Gilberto Gil abriu o show, seguido por Nando Reis. Gal chegou no fim, interpretando clássicos como “Barato Total”, e algumas músicas de Nando Reis, inéditas na sua voz: “Segundo sol” e “Dois rios”. No bis, voltou para “Esotérico”. E depois o trio encerrou o show com “Do seu lado”.
Em 2017 apresentou o show “Trinca de Ases”, com Gilberto Gil e Nando Reis, no Citibank Hall, em São Paulo, e no KM de Vantagens Hall, no Rio de Janeiro. O espetáculo contou com alguns sucessos do repertório dos três artistas e música inédita de Gilberto Gil, “Trinca de Ases”, que deu nome ao trabalho. O trio foi acompanhado pelos músicos Magno Brito (baixo) e Kainan do Jêjê (percussão).
O show “Trinca de Ases” ficou o segundo semestre de 2017 em turnê nacional, e também lançou o DVD deste show no mesmo ano. Em 2018 teve temporada na Europa.
Em 2018 o poeta e artista plástico Omar Salomão escreveu a letra “Palavras ao corpo” inspirada na canção “Sua estupidez”. A letra ganhou melodia de Silva e foi lançada como o primeiro single de seu álbum lançado pela Biscoito Fino neste mesmo ano. No mesmo ano o Selo SESC lançou o CD Fruta gogoia – Uma homenagem a Gal Costa que abrangeu os 50 anos de carreira com arranjos de Dori Caymmi e produção artística de Luiz Nogueira. O projeto foi lançado nas plataformas digitais de streaming, e posteriormente também lançado em CD, com encarte especial da gravura de Regina Silveira com a obra “Bicho Gal”, criado especialmente para este projeto. Foram selecionadas 18 canções das mais de 500 registradas pela Gal ao longo de seus 50 anos de carreira. Canções como “Tigresa”, “Meu bem, meu mal”, “Baby”, “Não identificado”, e “Força estranha” compõem o álbum, além de “Estrada do sol”, de Tom Jobim e Dolores Duran; “Vapor barato”, de Jards Macalé e Waly Salomão; “Folhetim”, de Chico Buarque; “Volta”, de Lupicínio Rodrigues; “Pérola negra”, de Luiz Melodia; “Sorte”, de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos; “Só louco”, de Dorival Caymmi, dentro outras.
Em 2018, o Selo SESC lançou o disco, “Fruta Gogoia – Uma homenagem a Gal Costa”, inspirado em seus 50 anos de sua carreira, com arranjos de Dori Caymmi e produção artística de Luiz Nogueira. O projeto foi lançado nas plataformas digitais de streaming, e posteriormente também lançado em CD, com encarte especial da gravura “Bicho Gal”, da artista Regina Silveira, criado especialmente para este projeto. Foram selecionadas 18 canções das 500 registradas ao longo de seus 50 anos de carreira. Músicas como “Tigresa”, “Meu bem, meu mal”, “Baby”, “Não identificado”, e “Força estranha” compõem o disco, além de “Estrada do sol”, de Tom Jobim e Dolores Duran, “Vapor barato”, de Jards Macalé e Waly Salomão, “Folhetim”, de Chico Buarque, “Volta”, de Lupicínio Rodrigues, “Pérola negra”, de Luiz Melodia, “Sorte”, de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, “Só louco”, de Dorival Caymmi, dentro outras.
Ainda em 2018, lançou o disco “A Pele do Futuro”, com participações das cantoras Maria Bethânia e Marília Mendonça, e composições de Gilberto Gil, Adriana Calcanhotto, Dani Black, Emicida, Djavan, Guilherme Arantes, Hyldon, Nando Reis, Tim Bernardes, Paulinho Moska, Breno Góes, Erasmo Carlos, Silva e Jorge Mautner. O disco foi lançado pela Biscoito Fino, com produção de Pupillo e direção artística de Marcus Preto. Segundo Marcus Preto, o nome do disco teria sido inspirado a partir de um verso da música “Viagem Passageira”de Gilberto Gil, e composta especialmente para a voz de Gal.
A primeira música do disco, “Sublime” de Dani Black, segundo Marcus Preto, foi escutada a primeira vez em uma roda de violão na casa da cantora Maria Gadú. “Era um samba lento, algo como um Gilberto Gil cantado por João Gilberto. Fiquei fascinado com a beleza imediata daquela canção e, quando Dani confirmou que estava inédita, pedi para que ele guardasse para Gal”, explicou Marcus em declaração ao Jornal O Globo. O arranjo do trio de sopros foi criado por Tiquinho, e o de cordas, pelo carioca Felipe Pacheco Ventura, da banda Baleia.
A segunda música, “Cuidando de Longe”, foi enviada pela cantora sertaneja Marília Mendonça. “A idéia de procurar a diva do sertanejo foi da própria Gal, inspirada por Gloria Gaynor e pelo clássico “I Will Survive” que ela tanto adora. Gal queria uma canção que não fosse exatamente alegre, mas que tivesse uma mensagem de superação, de volta por cima, que seria potencializada pelo arranjo dançante”, declarou Marcus Preto na festa de lançamento do disco. A cantora Marília Mendonça gravou a música em dueto, e as duas cantoras ficaram amigas. O trio de backing-vocalistas foi formado por Céu, Filipe Catto e Maria Gadú.
“Puro Sangue (Libelo do Perdão)” contou com os teclados e sintetizadores arranjados e tocados por Guilherme Arantes, que também assinou a composição ao lado de Caetano Veloso. Já “Palavras no Corpo” nasceu em uma conversa de bar com o poeta e artista plástico carioca Omar Salomão, filho de Waly Salomão. O compositor Hyldon assinou a faixa “Vida que Segue”.
O arranjo de “Mãe de Todas as Vozes” foi inspirado na fase “Fa-Tal”. Originalmente uma bossa nova, a música foi um presente de Nando Reis e estava no pré-repertório do show coletivo “Trinca de Ases” (2017), onde apresentou-se ao lado Gilberto Gil e Nando. A cantora Céu fez o backing-vocal.
“Abre-Alas do Verão”, foi uma parceria de Erasmo Carlos e Emicida. “Erasmo me mandou a melodia por WhatsApp, acompanhando-se ao violão. Enviei ao Emicida, que logo fez a letra”, contou Marcus Preto no lançamento do disco. O cantor e compositor Djavan enviou o samba “Dentro da Lei”, “Realmente Lindo” foi escrita pelo compositor paulista Tim Bernardes, líder da banda O Terno, e seu arranjo contou com a participação especial do músico francês Hervé Salters, do projeto General Elektriks, tocando teclados e synths.
“Livre do Amor” composição da cantora Adriana Calcanhotto, que não entrou em seu último álbum, “Estratosférica”, integrou “A Pele do Futuro”. Os arranjos de trompete foram de Paulinho Viveiro. A música “Cabelos e Unhas”, foi criada a partir do poema do carioca Breno Góes, e musicada por Paulinho Moska.
“Minha Mãe” teria sido a última música a entrar no disco. “Quando todas as bases já estavam gravadas, Jorge Mautner enviou a letra. Amigo próximo de dona Mariah, mãe de Gal, Jorge costura a imagem da figura materna à de Nossa Senhora de Aparecida. A relação com a religiosidade de dona Canô, mãe de Maria Bethânia, aconteceu de imediato. E “Minha Mãe” seria o veículo ideal para um novo dueto entre Gal e Bethânia. Encaminhei a letra de Jorge ao compositor mineiro César Lacerda. A gravação se deu como uma oração em duas vozes, acompanhadas pela sanfona de Mestrinho”, explicou o diretor do disco Marcus Preto. O Produtor musical do disco, Pupillo, tocou todas as baterias e percussões. A banda base contou com Guilherme Monteiro nas guitarras e violões, Bruno Di Lullo nos baixos e Maurício Fleury nos teclados, e participações dos guitarristas Pedro Baby e Guri Assis Brasil, do tecladista Carlos Trilha, do baixista Lucas Martins e Tiquinho e Hugo Hori, nos metais.
O disco “A Pele do Futuro” foi editado em formato de LP, e lançado gravadora Biscoito Fino, com 11 das 13 músicas apresentadas no CD. Por decisão de Marcus Preto, diretor artístico do disco, as músicas que não entraram na edição LP foram, “O Samba dentro da Lei” e “Abre-alas do Verão”.
Em 2019 apresentou-se ao lado de Pedro Miranda no camarote Folia Tropical na Marquês de Sapucaí durante o desfile das escolas campeãs do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que se apresentou em camarotes de luxo no Sambódromo. Durante a apresentação interpretou “Balancê” (Braguinha), “Bloco do Prazer” (Moraes Moreira), “Massa Real” (c Caetano Veloso), “Festa do Interior” (Abel Ferreira da Silva), dentre outras. Ainda em 2019 lançou os singles de “O que há o que há” (Fábio Jr. E Sérgio Sá) e “Motor” (Teago Oliveira), faixas do seu CD “A Pele do Futuro ao Vivo” (Biscoito Fino) lançado nesse mesmo ano, também editado em formato DVD. O disco foi gravado na Casa Natura Musical na cidade de São Paulo (SP), dirigido por Rafael Gomes e mixado por Duda Mello.
Em fevereiro de 2021 foi lançado o álbum “Nenhuma Dor”, com dez duetos da cantora com artistas de gerações mais novas. Muitos dos arranjos de base foram feitos pelos parceiros de interpretação de Gal em cada música. Os arranjos de cordas foram feitos por Felipe Pacheco Ventura. O nome do álbum foi inspirado em parceria de Torquato Neto e Caetano Veloso na canção “Nenhuma Dor”, uma das dez músicas do trabalho.
As músicas gravadas foram “Avarandado”, com Rodrigo Amarante; “Só Louco”, com Silva; “Paula e Bebeto” com Criolo; “Pois É”, com o português Zambujo; “Meu Bem, Meu Mal”, com Zé Ibarra; “Juventude Transviada”, com Seu Jorge; “Baby”, com Tim Bernardes; “Coração Vagabundo”, com Rubel; “Negro Amor”, com o uruguaio Jorge Drexler e “Nenhuma Dor”, com Zeca Veloso. O disco foi idealizado por Marcus Preto e produzido por Felipe Pacheco Ventura.