A Império da Tijuca apresentou, para a sua comunidade do Morro da Formiga e amigos simpatizantes da escola, os protótipos de fantasias para o carnaval de 2023 em sua tradicional feijoada imperial.
Regado a muito samba e feijão, a direção da agremiação Verde Branco do bairro da Tijuca apresentou ao público presente, no salão nobre do Tijuca Tênis Clube, as vinte fantasias que irão compor o desfile “Cores do Axé”.
O carnavalesco Ricardo Hessez, que assina o enredo em dupla com Jr. Pernambucano, comenta ter sido um processo tranquilo para a elaboração dos desenhos das fantasias e que conversar antes com a comunidade foi fundamental neste processo para elaborar com fluidez os traços de acordo com a identidade da agremiação. “Eu e Junior mergulhamos nas obras do Carybé pra pensar estas fantasias junto com que ouvimos da comunidade sobre o Império da Tijuca. Foi um processo divertido e em conjunto para que os estilos dos dois carnavalescos e da escola fossem respeitados. Depois fomos para a execução com o ateliê do Alex Cunha e Indira (responsável pelas baianas). Saiu tudo como pensamos no início do projeto”, disse o carnavalesco, afirmando ter ficado emocionado com a receptividade da escola ao conhecerem a fantasia. "É muito bonito ver uma comunidade se identificar com o que vê. Estamos muito felizes com as reações de carinho da comunidade tijucana!”
Luan Teles, diretor de carnaval, fez uma análise do evento de entrega dos protótipos. "Nossos segmentos e comunidade ficaram felizes com o que foi apresentado e, com isso, seguimos fortes para fazer um grande desfile no carnaval de 2023", disse.
No próximo ano, o Império da Tijuca será a sétima escola a desfilar pela série Ouro do carnaval do Rio, no sábado de carnaval (18/02), buscando o título de carnaval desta divisão.
INFORMAÇÕES FANTASIAS:
1º SETOR: Das cores do axé nasce a vida.
O Olodumaré Deus supremo criador riscou o universo com as cores e a força do axé, tal qual o artista pinta uma tela em branco, desta energia ancestral surgiu a natureza e da natureza os elementos e os deuses orixás que cultuamos.
Ala 1: “kosi Ewe, kosi orixás” (Sem folha não há orixá).
No início o axé se ramificou em galhos frondosos que criaram raízes fortes e encheram de verde o mundo que conhecemos. Destas raízes também nasceram os deuses orixás.
Ala 2: Orixá Elemento.
A tinta se espalha e tinge de vida o planeta. Cada cor é um elemento, cada elemento é um orixá.
2º SETOR: O axé do assentamento.
Fincada a raiz é assentado o orixá, para que possamos cultuá-los em batuques e rituais.
Ala 3: Instrumentos sagrados.
Além do assentamento, cada orixá possui seu instrumento. Seja para guerrear, ou para celebrar. Esses instrumentos também são fontes de axé
Ala 4: Ogãs.
“Firma o ponto na gira, não deixe cair”! Para trazer o orixá pavimentam a estrada do batuque que movimenta os corpos e enche de som os terreiros. São os Ogãs que orquestram histórias contadas em rituais.
Ala 6: Iaôs.
Deitei pra santo, raspei, catulei. O axé também é energia que é passada, da entidade para a humanidade, e para fazer a cabeça é preciso a iniciação. É nesta iniciação que surgem as Iaôs.
Ala 7: Babalorixá e Ialorixá.
São eles quem guardam histórias de axé dos terreiros. Responsáveis por cuidar dos assentamentos e guiar os filhos de santo, passando de geração em geração os rituais e saberes
3º SETOR: Nuance de festa emoldurada na fé.
Assentado o orixá abrimos os terreiros e ocupamos as ruas, prontos para celebrar e espalhar axé colorindo de vida as ladeiras.
Ala 8: O Padê abre os caminhos.
Antes de começar as festas e celebrações oferecemos o Padê para Exu.
É Exu quem abre os caminhos e agencia a boa vontade dos orixás que serão invocados nos cultos. Laroiê Exu!
Ala 9 (PASSISTAS): Lavagem do Bonfim.
Na quinta-feira que antecede o segundo domingo após o dia de Reis, no mês de janeiro, celebramos a famosa lavagem do Bonfim. Os fiéis ocupam as ladeiras da Cidade Baixa, em Salvador, para testemunhar o encontro de duas faces, Nosso Senhor do Bonfim com nosso pai Oxalá. Epa Babá Oxalá!
ALA 10 (BATERIA): Devotos do Bonfim.
Subimos a ladeira pra celebrar nosso pai Oxalá sincretizado na fé e pedir axé! Amém nosso Senhor do Bonfim! Epá Babá Oxalá!
ALA 11 (BAIANAS): Oferendas.
Cada orixá possui seu alimento e é através desse alimento que passamos nossos agradecimentos aos orixás. Nossa ala de baianas vem carregada de axé para colorir a avenida e celebrar mais um ano de tradição e resistência no samba.
Ala 11: Olubajé.
“Um banquete para o rei vamos te oferecer”. É na folha de mamona que servimos as comidas típicas da festa em homenagem a Obaluaiê rememorando o Itã. Recebemos o axé através do banho de pipoca, cantamos e dançamos ao som do Opanijé e acima de tudo, confraternizamos em paz e harmonia. Atotô Obaluaiê
Ala 12: Fogueira para Xangô.
É no mês de julho que celebramos São João e acendemos a fogueira pra Xangô, tocamos o alujá, entoamos cânticos para o rei do fogo e da justiça! Kabecilê Xangô!
Ala 13: Barcos em oferenda.
No dia dois de fevereiro, os barquinhos adornados com flores e enfeites deslizam pelas águas azuis na eminência do axé de Yemanjá. São preces e cânticos que ecoam nas praias da Bahia, inspirando o olhar atento do artista. Odoya Yemanjá!
4º SETOR: O axé da troca
Adoramos celebrar e agora é hora de compartilhar e receber axé na troca das mãos, no cheiro da feira, no vem e vai dos corpos e dos gestos.
Entramos agora no último setor para mostrar que axé é a energia que cada um carrega dentro de si e vibra para o mundo.
Ala 14: Tabuleiro da Baiana (Acarajé).
No tabuleiro da baiana tem axé, cada porção contém um pouco de ancestralidade e ensinamentos dos terreiros de candomblé. As baianas ocupam as calçadas para partilhar e receber axé através do acarajé e de tantos outros produtos. É assim que ganham a vida e perpetuam a tradição.
Ala 15: Feira dos Objetos de Axé.
Quem não pode com mandinga não carrega patuá! Mas na dúvida é melhor proteger o corpo e alma com uma figa para dar boa sorte e abrir os caminhos. Objetos de axé guardam dentro de si energias positivas que nos dão confiança para alcançar nossos objetivos.
Ala 16: Feira de São Joaquim.
Na feira de São Joaquim encontra-se de tudo e troca-se axé.
É na gritaria do vai e vem da feira que passamos energia uns para os outros e compramos aquele banho de ervas para vibrar positivamente. Também é na feira que experimentamos aquele bom peixe frito pescado logo cedo e envolto em histórias e axé do pescador.
Ala 17: Na ginga da capoeira.
No som do berimbau está a vibração do axé, que movimenta o corpo para o jogo de capoeira. Dançando e lutando compartilhamos energia, enfeitamos de cores e movimentos as ladeiras da Bahia.
Ala 18: Boêmia.
A noite cai e com ela vem a troca de axé nos bares e esquinas. Partilhamos risadas e boas histórias na mesa dos botecos ao som do samba.
Ala 20: Pavilhão.
Nessa viagem de axé chegamos às celebrações baianas e cariocas das escolas de samba. Para cada agremiação o pavilhão é a fonte de axé que no girar da porta-bandeira preenche de axé as quadras e guarda preceitos e tradições dos que se já foram. Hoje reimaginamos nosso pavilhão através dos traços do artista que pintou tantas manifestações de axé.