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Filho teu não foge à luta

Nordestino e filho de agricultor comemora aprovação na OAB, antes de concluir a faculdade

Aos 50 anos, Fábio mostra que nem todas as adversidades o impediram de viver seu sonho


Foto: Arquivo pessoal

A história de Fábio Medeiros da Costa, 50, poderia ser mais uma no meio de tantas outras vidas brasileiras. Entretanto, a sua determinação e perseverança mudaram o que poderia ter tido um final infeliz.

Nascido em Santana do Seridó, no Rio Grande do Norte, Fábio chegou no Rio de Janeiro com os pais e mais 14 irmãos, aos quatro anos de idade, em 1972. Eles vieram para tentar melhores condições de vida. Desde os sete anos, ainda menino, começou a trabalhar na roça. Seu pai era meeiro e plantava milho, aipim e jiló. Eles viviam no bairro do Canto do Rio, Jesuitas, em Santa Cruz. 

Da década de 70 até hoje, os dias não foram fáceis. Contudo, no segundo semestre de 2018, uma conquista selou os anos de luta do nordestino. Fábio concluiu a faculdade de direito e também conseguiu passar na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), antes mesmo de colar grau.

"Minha maior motivação foi principalmente porque meu pai era muito pobre e nunca pôde nos dá uma vida digna. Éramos 14 filhos e ele ganhava pouco. Só tínhamos para comer e muito mal. Gosto de lembrar que as perdas que tive na família também foram determinantes", contou.

Ele relata que, em setembro de 1994, sua mãe faleceu em um hospital público, pois não podia ter plano saúde. Em seguida, no mês de junho de 1999, seu cunhado assassinou a irmã e depois se suicidou.

As tragédias não acabaram por aí. Em maio de 2000, o irmão mais velho do advogado foi assassinado dentro de seu carro, no bairro de Campo Grande, após um sequestro relâmpago. No réveillon de 2000, Fábio e outro irmão estavam embarcados em uma plataforma de petróleo na bacia campos. No dia do desembarque, o irmão passou mal e acabou falecendo  ao seu lado porque o helicóptero-ambulância demorou a chegar.

Em 2006,  um irmão que morava em São Paulo também morreu em um hospital público. Em 2007, o pai teve o mesmo fim. Fábio ficou órfão e teve que enfrentar muitas dificuldades. 

Atualmente, mora com um dos irmãos que sofre de esquizofrenia. Desde março 2017,  está desempregado e sobrevive do salário mínimo que conseguiu para o irmão, o LOAS

"Consegui passar na OAB no 9° período, estudando sozinho em casa, sem ninguém pra me ajudar e sem pagar curso preparatório. Hoje, vivo em uma quitinete com quarto e um banheiro. Escolhi estudar direito por causa das mortes do meus irmãos. Tanto os que foram assassinados, como os que morreram por falta de atendimento hospitalar digno", relembrou.

Depois do assassinato da irmã, ele passou a ter a guarda das duas sobrinhas. Na época, uma tinha oito anos e a outra 11 anos. A dedicação aos familiares e aos estudos, fez com que não tivesse tempo para as relações amorosas. Aos 50 anos, Fábio ainda é solteiro e conta que ficou limitado quando se tratava de relacionamentos para casar.

Finalmente, após cinco anos de estudos, vai colar grau em março 2019, já pretende começar a advogar e faz planos para continuar estudando. Fabio que iniciar uma pós-graduação e o doutorado.

"Quero ser juiz e vou estudar pra isso. Mas pra ser juiz  preciso ter três anos de prática jurídica. Por tal motivo, tenho que advogar. Depois de todos esses fatos horríveis que aconteceram em minha família, ter um irmão esquizofrênico e ainda estar desempregado, Deus me deu força e consegui vencer. A faculdade eu estava pagando, pois não tinha FIES. Devo um semestre na nota promissória, usei cartão credito da minha sobrinha, da cunhada e devo o semestre passado. Porém, venci! Passei com CR alto, nove no ultimo semestre e oito no geral. Agora é celebrar!", comemorou.

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