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Justiça obriga Facebook a retirar postagens mentirosas contra menino morto na Maré

Decisão da 52ª Vara Cível saiu na sexta à noite e deve ser cumprida em 48 horas


Parente estende a camisa que Marcus Vinícius usava no momento em que foi atingido pelo tiro. (Agência Brasil)
A família do garoto Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, morto a caminho da escola durante uma operação policial no Complexo da Maré, obteve uma vitória na Justiça. A 52ª Vara Cível acolheu um pedido para o Facebook retirar, em até 48 horas, postagens consideradas caluniosas e difamatórias contra o jovem. O escritório EJS Advogadas encaminhou ao juízo provas de que o rapaz segurando uma arma numa foto não é Marcus Vinícius, e que não procedem as informações de uma ligação do jovem morto com um suposto traficante chamado Relíquia Bonatan, de quem sequer teria sido confirmada a existência.
O Facebook brasileiro é sediado em São Paulo, daí a decisão ter sido encaminhada por carta precatória. Recebido oficialmente o documento, a rede social terá que encaminhar a retirada das postagens listadas na decisão em no máximo 48 horas. Caso não cumpra a medida, está sujeita a punições, como multas. O escritório é o mesmo que obteve na Justiça a retirada das postagens caluniosas à vereadora Marielle Franco, assassinada em 13 de março.
Advogados da família buscam testemunhas; vídeo mostra disparo de 'caveirão'. Em outra frente, advogados e militantes de associações de moradores buscam elementos de prova para tentar identificar a responsabilidade das forças policiais na morte, tese arguida desde o início do caso pela família. João Tancredo, advogado e secretário-geral do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (IDDH), visita a Maré neste domingo para um encontro com uma nova testemunha.
A pessoa foi identificada por meio de um vídeo que mostra a chegada do blindado da polícia, o Caveirão, a uma área próxima à casa de Marcus Vinícius. No vídeo, é registrado um disparo na direção de onde se encontravam o garoto e um amigo, empurrando uma bicicleta. De acordo com o advogado, não há nas gravações imagens ou sons que sugerem tiroteio no local ou disparos em direção ao Caveirão, que possam ter atingido o garoto.
A principal dificuldade no esclarecimento do caso por prova técnica, que não depende de depoimentos de pessoas sujeitas a pressões eventuais de acusados pelo crime ou seus aliados, é o fato de o projétil que atingiu o garoto não ter sido encontrado. A bala entrou pelas costas e saiu na altura do abdome. O fato de órgãos que não estão lado a lado terem sido atingidos indica uma trajetória irregular, característica de prójeteis de fuzis.
As pistolas e fuzis em uso no Caveirão foram recolhidas para averiguação. O laudo preliminar da Polícia Civil, informado em nota, descarta que o garoto e cinco homens acusados de atirar na polícia, encontrados mortos depois num prédio próximo onde o jovem foi morto, tenham sido atingidos por disparos efetuados a partir do helicóptero que integrava a operação.

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