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Mais sorte do que juízo

Incêndio no Galeão revela falha grave nos procedimentos de segurança do aeroporto, para especialista em risco

"Ligação para bombeiros, depois de detectado o fogo, não pode passar de cinco minutos ", explica Geraldo Portela


Helicópteros ficaram destruídos no incêndio do Galeão. Foto: Corpo de Bombeiros/RJ

Depois de envolver mais de cem militares do Corpo de Bombeiros de 17 unidades que contaram o apoio de 30 viaturas para tentar conter as chamas no galpão do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, a Polícia Civil vai abrir inquérito para investigar o incêndio.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio começou na quarta-feira (18) por volta de 13h40 e foi controlado no fim da tarde de quinta-feira (19). Ninguém se feriu, mas dois helicópteros foram danificados pelas chamas. Um terceiro foi preservado. Após 17 horas de trabalho intenso para conter as chamas, a causa do incêndio ainda é um mistério.

A Polícia Civil emitiu o seguinte comunicado: "A Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Dairj) investiga o caso. A perícia será realizada no local e outras diligências estão em andamento para esclarecer as causas do incêndio", encerrou a nota.

O Portal Eu, Rio! conversou com Geraldo Portela da Ponte Junior, Doutor em Gerenciamento de Riscos e Segurança pelo Departamento de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ.

"Foi feito, há alguns anos, pela National Fire Protection Association, empresa americana reconhecida mundialmente em prevenção de incêndios, um projeto de atualização do aeroporto. Neste estudo, algumas obras foram realizadas e uma delas foi no Terminal de Passageiros 1, que era no último andar. Uma marquise foi transformada em jardim, no qual existe uma rota de fuga nova, além de tubulações, dispersores e hidrantes. Na oportunidade, tudo foi revisto", revelou o engenheiro especialista em riscos e segurança.

Sobre o galpão que pegou fogo, o engenheiro afirma que houve falha em algum mecanismo.

"Alguma coisa falhou na parte de detenção para que o fogo iniciasse e passasse de 'princípio de incêndio' para 'incêndio'. Além disso, a resposta foi demorada e o automatismo não funcionou, pois os dispersores falharam e, se funcionaram, não foram suficientemente dimensionados para combater o fogo", concluiu Portela, que trabalhou em todo sistema de prevenção de acidentes do Aeroporto Galeão para a Eco92.

Sobre a Brigada interna do aeroporto, o especialista diz que há limitações.

"A Brigada é focada no incêndio de pista em aeronaves e não em prédios ou galpões como aconteceu", frisou.

Para Geraldo, o mais alarmante foi a demora no acionamento do Corpo de Bombeiros.

"Era para ter sido acionado como se o galpão do aeroporto fosse um local como outro qualquer e isso não foi feito. Por que o Corpo de Bombeiros demorou a ser chamado? Isso é uma pergunta que precisa ser respondida. Ou será que foi acionado e não correspondeu? Ou seja, por alguma razão demorou a chegar. Mas o fato é que esse incêndio poderia ter ocorrido no terminal de passageiros e aí o impacto seria em todo tráfego aéreo do país", finalizou.

Ouça no podcast do Eu, Rio! o depoimento de Geraldo Portela da Ponte Junior, Doutor em Gerenciamento de Riscos e Segurança pelo Departamento de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ.

O Corpo de Bombeiros/RJ afirmou que ficou sabendo do incêndio pela mídia e por populares, que viram a fumaça negra fora do aeroporto. Segundo os militares, os Bombeiros do Aeroporto, que são de uma empresa privada que trabalha para a administradora RIOGaleão, não avisaram ao órgão público e combateram as chamas sozinhos no início. A chegada tardia de reforço, que mobilizou prejudicou o combate às chamas e aumentou o dano causado.

Já a RIOgaleão disse que os seus bombeiros trabalharam em conjunto com os militares, mas não deu detalhes sobre o caso.

Helicópteros

De acordo com o R7, os Bombeiros revelaram que várias caixas de madeira estavam no local. Elas são tradicionalmente usadas para transportar helicópteros desmontados, seja por via aérea ou marítima.

Um deles, segundo foto divulgada pela corporação, é um Leonardo AW139 de matrícula PR-OTF, que pertenceu e ainda está com as marcas da Omni Táxi Aéreo. Este helicóptero era usado para transporte para plataformas de petróleo na Bacia de Campos.

Segundo consta no site da ANAC, esta aeronave estava com a matrícula cancelada após um acidente numa plataforma de petróleo no Rio, logo após chegar ao Brasil. Um helicóptero deste modelo, novo, é vendido no mercado por $10 milhões de dólares (R$ 51 milhões). A aeronave provavelmente estava no local para ser enviada ao exterior para reparos.


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