Qualquer tipo de dependência causa no ser humano uma prisão que ele às vezes, nem percebe. Uma delas é a dependência tecnológica que tem sido um problema recorrente especialmente quando se trata dos mais jovens. O tema que está sendo mostrado na trama das 21h de Glória Perez, com o personagem Théo não está apenas na ficção. Especialistas em saúde mental revelam que os casos da dependência virtual já fazem parte da vida real de muitas pessoas de diferentes idades.
A psicoterapeuta Sandra Salomão, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora da PUC-Rio, afirmou que os casos têm sido motivos de grande preocupação e conflito nas famílias, que na maioria das vezes não estão prontas para lidar com o “status on” durante todo o dia.
“Do ponto de vista emocional e social qualquer ato exagerado é preocupante. Ainda em debate pela ciência, a dependência à Internet tem sido pensada como um transtorno da personalidade ou como uma disfunção mental e emocional grave. Esta dependência pode provocar um afastamento excessivo do contato humano com parceiros, amigos e familiares, afeta os estudos, o trabalho e escapa do controle do usuário, que muitas vezes não consegue diminuir o uso das conexões, mesmo desejando fazê-lo”, explicou Salomão, que também é terapeuta de famílias e casais.
É inegável que hoje, estar conectado ou em frente às telas ou com os smartphones faz parte da rotina de boa parte da população. Para os pais, resta o medo que essa geração nascida em meio às tecnologias, queiram cada vez mais fazer parte disso, o que para eles é normal. Mas a especialista alerta que é preciso ficar atento quando a utilização da rede começa a ultrapassar limites e a interferir em diferentes áreas da vida.
“A dependência tecnológica deve ser encarada como um comportamento que exige um acompanhamento profissional. No caso de crianças e jovens, alguma questão relativa ao sistema familiar ou ao desenvolvimento do jovem pode estar ligado a fuga ou compensação afetiva. A orientação é sugerir ações com maior envolvimento em rotinas familiares que envolvam responsabilidade, quanto em atividades que tenham um prazer em conjunto”, disse.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que adolescentes com idades entre 11 e 18 anos façam uso dessas tecnologias por um período de 2 a 3 horas por dia mas, na maioria dos casos, a realidade é bem diferente.
De acordo com a especialista, o excessivo envolvimento com a dependência tecnológica deixa de fora o prazer e o investimento em áreas como relacionamentos afetivos, sexuais, atividades de esporte e assim por diante. O uso prolongado de aparelhos como celulares, tablets ou computadores pode influenciar diretamente na saúde mental e colaborar para o desenvolvimento ou intensificação da depressão, ansiedade, hiperatividade, transtornos de déficit de atenção, entre outros quadros de prejuízos à saude.