Desde o início de 2018, dois dos maiores nomes do rap nacional estão juntos em turnê pelo país. A dupla Criolo e Mano Brown já passaram por capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. No último show realizado no Rio de Janeiro, na lona da Fundição Progresso, lotaram a casa e fizeram um grande público cantar em coro quase todas as músicas do repertório.
No setlist, diversas canções que marcaram a carreira dos cantores, além de cover e sucessos dos Racionais MC´s - famoso grupo de rap da década de 80 e onde Brown começou sua história. Passeando por diversos ritmos e estilos musicais, o duo tem mostrado o ecletismo que norteia os trabalhos de ambos.
Apesar de nascidos e criados no universo do rap paulistano, eles vêm experimentando e explorando outras sonoridades ao longo de suas trajetórias. Samba, soul e R&B, além de outros ritmos estão presentes em álbuns como "Nó na Orelha" (2011) e "Espiral de Ilusão" (2017), de Criolo, e no trabalho de estreia da carreira solo de Brown, "Boogie Naipe" (2016).
Por isso, a turnê também consagra a união dos cantores num momento parecido das suas carreiras. Para Criolo, dividir o palco com Mano Brown é uma celebração das suas histórias na música e um retorno às raízes do rap.
"Esse é um momento muito especial. Nós retornamos à espinha dorsal do rap brasileiro dos anos 80 e 90. Voltamos para aquele som cantado no extremo sul da zona sul de São Paulo. E não foi fácil escolher um repertório, ainda mais com tantos sucessos que marcaram o país. Os Racionais têm uma história muito gigante, muito forte na minha vida, na vida de São Paulo e do Brasil. Criar um setlist foi complicado, mas encontramos um canto de equilíbrio e tudo é revelado no dia das apresentações", comemorou Criolo.
Inspirando novos talentos
Essa união de gigantes não só celebra o estilo musical, mas também inspira e fortalece o surgimento de novos talentos da cena do rap nacional. O carioca Caio Batalha é um deles e acredita que o encontro entre Criolo e Mano Brown é um marco.
Segundo Caio, os dois cantores representam a resistência e a esperança de poder expressar os pensamentos por meio da música.
"O Rap ao longo da sua trajetória sempre teve um público seleto. Apesar de não ser massificado pela grande mídia, vem ganhando espaço com artistas e grupos da nova geração, como BK, Lucas Carlos, Haikaiss, 1kilo, entre outros. Essa geração traz um Rap mais diverso com estilos, como o RnB, TRAP e o Rap tradicional. Mesmo assim, ainda sofre certo preconceito. O Rap é e sempre será resistência. Cantar esse estilo musical me dá a sensação de dever cumprido", afirmou o jovem.
Caio acaba de assinar um contrato com o selo Uclã e vai fazer parte do casting que inclui nomes como Sos, Peu, Duzz e Sobs.