A cada três dias um médico sofre algum tipo de agressão durante a atividade profissional no estado do Rio de Janeiro. É o que aponta um levantamento do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), no período de dezembro de 2018 a junho de 2023. Os dados são do Portal da Defesa Médica, lançado pelo Cremerj em novembro de 2018, com o intuito de agir com celeridade em casos mais graves, como de agressão e de exercício ilegal da medicina.
Com relação aos casos de violência durante a atividade profissional, o Portal da Defesa Médica do Cremerj contabilizou, no mesmo período, 546 ocorrências de médicos que sofreram algum tipo de agressão, seja ela física ou verbal. A situação nas unidades públicas é a mais complicada. De todos os episódios contabilizados, 67% aconteceram nessa rede.
De acordo com o levantamento, 75 médicos foram agredidos fisicamente no ambiente de trabalho, de dezembro de 2018 a junho de 2023. O caso mais recente aconteceu com a médica Sandra Bouyer, que levou socos e pontapés durante o seu plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá – situado na Zona Norte da capital –, no último dia 16 de julho. Enquanto Sandra estava sendo agredida, uma paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória e não pôde ser socorrida pela médica. A paciente foi a óbito. Já Sandra precisou levar pontos na boca e teve escoriações pelo corpo.
Ouça no podcast do Eu, Rio! o depoimento do presidente do Cremerj, Guilherme Nadais, sobre as agressões a profissionais de Medicina no Estado do Rio.
Médicas são as principais vítimas de agressão
A maioria das agressões registradas pelo Cremerj ocorreu contra mulheres – em torno de 61% dos casos. Ainda sobre as médicas, só este ano, de janeiro a junho, 62,5% dos episódios de agressão aconteceram contra elas. Devido à regularidade dos casos no estado do Rio de Janeiro, o Cremerj vem atuando no intuito de garantir segurança para os médicos no seu ambiente de trabalho. Com o Portal da Defesa Médica, o Conselho oferece aos profissionais que registram a violência sofrida em sua plataforma orientação sobre como proceder nessas situações. O meio também permite informação mais abrangente para ações mais precisas.
Nos últimos meses, por exemplo, o Conselho se reuniu, por mais de uma vez, com o secretário de Estado e comandante-geral da Polícia Militar (PMERJ), o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, para avaliar medidas em favor da segurança dos médicos nas unidades de saúde. A autarquia também teve reuniões sobre o assunto com representantes do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) e da diretoria de saúde da PMERJ.
Além disso, em junho deste ano, o Cremerj aprovou a Resolução nº 344/2023, que determina que todas as unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro forneçam segurança para garantir a integridade física dos médicos e demais profissionais que atuam nesses estabelecimentos. A normativa também torna compulsória a notificação ao Cremerj sobre a ocorrência de violência contra médicos dentro desses estabelecimentos e indica também que seja oferecido apoio administrativo e psicológico à vítima.
“Os números são preocupantes. É inadmissível que um médico seja agredido durante o seu exercício profissional. O que vimos nesta semana, quando uma médica foi covardemente agredida, infelizmente não foi pontual. Por isso, estamos buscando meios para aumentar segurança para os médicos em seu ambiente de trabalho”, afirma o presidente do Cremerj, Guilherme Nadais.
~Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro