Desde o começo de 2022, o Morro da Formiga recebe uma ação que vem movimentando e colorindo a vida local. Visando promover a educação ambiental através de muito diálogo, olhar atento e mão na terra, o projeto "Formiga Verde" foi criado e desenvolvido na região, fruto de uma ideia do Instituto Permacultura Lab (IPL) em parceria com o Coletivo FormigAção e com o Espaço Formiga Verde. Contemplado pelo edital de Responsabilidade SocioAmbiental da Eletrobrás, o projeto, que germinou três anos antes, ganhou força para brotar e se firmar através de três eixos principais de atuação – Infâncias, voltado para crianças de uma escola pública local; Comunidade, abarcando os moradores da região; e Meio Ambiente.
Deste último eixo, até novembro de 2023, o projeto encerra o ciclo de reflorestamento, através do qual terão sido plantadas no território duas mil mudas de árvores nativas e frutíferas da Mata Atlântica, como Ipês, Grumixama, Pau-Formiga, Araçá, Jatobá, Aldrago, Araribá, Embaúba e Aroeira, além de canteiros comestíveis com pés de frutas como limão bravo, cajá mirim, jenipapo, jabuticaba, pitanga e goiaba. Mais do que reflorestar a região, o projeto ainda possibilita que, num futuro próximo, os frutos dessas árvores sejam parte da alimentação dos moradores da região.
Unindo conservação ambiental e impacto social positivo na comunidade, que faz fronteira com o Parque Nacional da Tijuca, o projeto tem como objetivo principal fomentar a conservação ambiental e a maximização dos serviços ecossistêmicos através de ações de educação ambiental e reflorestamento, articuladas com os aparelhos de educação e meio ambiente do território. As atividades desenvolvidas atuam sobre problemas socioambientais locais, trazendo soluções ecológicas e contextualizadas para os mesmos.
Desde a implementação do projeto já foram atendidas 11 turmas em dois turnos, abarcando uma média de 250 crianças e ainda idosos e mães com filhos. Foram realizados também mutirões de limpeza em terrenos abandonados, criando viveiros de mudas, canteiros comestíveis e a construção de um banheiro seco. Aulas com assuntos pertinentes à agroecologia também foram oferecidas, colaborando com a formação de três agentes ambientais remunerados, todos oriundos da comunidade, que agora agem, dentre outras coisas, em prol da preservação da natureza em sua região.
“O IPL atua no espaço desde 2018, quando participou do mapeamento da área reflorestada organizado pela UNIRIO e integrou, assim, a rede de parceiros da Formiga. Ao longo de 2020 e 2021, em uma parceria de muitas mãos dadas, compartilhamos saberes sobre a educação ambiental nas infâncias e como manifestá-la de maneira transversal com a equipe e crianças da Escola Municipal Jornalista Brito Broca”, pontua Aurea França, coordenadora pedagógica do eixo.
Reconhecida como uma importante área de conservação para fauna e flora, a comunidade da Formiga sofre com deslizamentos de terra na época de chuvas. Dentre as soluções socioambientais propostas pelo projeto estão a segurança alimentar, gestão de resíduos sólidos orgânicos e prevenção de deslizamentos por meio da implantação de tecnologias sociais e reflorestamento utilizando espécies florestais e frutíferas nativas da Mata Atlântica. A técnica integra benefícios como fixação do solo e a produção de alimentos de qualidade, garantindo assim a segurança alimentar e física da comunidade.
Tendo como missão promover transformações socioambientais positivas e contribuir com o fortalecimento de territórios, o Instituto Permacultura Lab atua desenvolvendo projetos promovendo ações relacionadas à educação ambiental, agricultura urbana e popularização da agroecologia e permacultura. “Em meio a um contexto pandêmico, construímos uma parceria potente entre comunidade, escola, ONGs e universidades. Assim nasceu o Formiga Verde, um projeto que pega emprestado o nome do espaço ambiental comunitário já existente na favela Morro da Formiga desde 2017”, afirma Clara Trevia, coordenadora do projeto.
O objetivo do IPL é somar forças e manter viva a discussão e a sensibilização para temáticas socioambientais na comunidade. “A E.M. Jornalista Brito Broca e sua equipe de educadoras abriram as portas e corações para o Formiga Verde e, assim, criamos caminhos possíveis para sonhar uma educação ambiental de base comunitária. Em 2020, o projeto foi inteiramente remoto, realizamos uma Trocas de Saberes online para os profissionais da escola na qual criamos juntos caminhos e oportunidades de se trabalhar a educação ambiental para infâncias. Encontros virtuais onde muitas ideias incríveis foram semeadas e que agora em 2022 podem florescer”, rememora Clara.
Com a reabertura das escolas em 2021, o projeto teve a oportunidade de realizar encontros pontuais presenciais com cinco turmas da Educação Infantil e Ensino Fundamental, onde crianças participaram de atividades de compostagem e da implementação de uma horta vertical na Escola. Em 2022, com o recurso do edital da Eletrobras, o projeto passa a incluir aulas semanais de educação socioambiental e o curso presencial de formação de professores, além de oficinas formativas e realização de um plantio de reflorestamento.
AÇÕES LOCAIS
Ao longo do período de atuação junto aos moradores da comunidade, o projeto desenvolveu Oficinas de Zoneamento Permacultural e Compostagem; roçagem do Espaço Formiga Verde; mapeamento de possíveis áreas de reflorestamento; contato com secretaria de Meio Ambiente; oficinas técnicas para a formação de agentes de reflorestamento locais; articulação de saberes tradicionais ao conhecimento técnico-científico; gestão de viveiros, preparo de mudas e enxertos.