Na última quinta-feira (7), uma publicação no grupo "Plantão Enfoco" do Facebook chamou a atenção dos moradores do bairro do Fonseca, na Zona Norte de Niterói, e dos associados do tradicional espaço poliesportivo Fonseca Atlético Clube. De acordo com o Leilão da Justiça do Trabalho de Niterói, a sede está sendo leiloada devido às dívidas trabalhistas, bem como, pela falta de recolhimento previdenciário e das diferenças não recolhidas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Crise
Não é de hoje que a situação dos clubes poliesportivos do Rio de Janeiro vêm sendo alvo de problemas financeiros e judiciais. No ano passado, por exemplo, o portal Eu,Rio! noticiou o caso do Tijuca Tênis Clube. Na ocasião, sócios majoritários estariam negociando parte do espaço para a construção de um shopping center. O fato acabou gerando diversas manifestações.
Em maio de 2018, o complexo de lazer do Clube Centro Pró-Cubango, no bairro do Cubango, na Zona Norte de Niterói, fechou as portas por falta de receita. Outro que teve o mesmo destino foi o pequeno Barradas Social Clube, fundado em 1963, no Barreto. Na época, ele contava com 300 sócios. Ele encerrou as atividades em 1990, reabriu 20 anos depois, mas acabou não resistindo.
O fechamento também afetou o Icaraí Praia Clube e o Clube Italiano, no Cafubá, Região Oceânica. Ambos, se renderam aos investimentos de grandes empreendimentos imobiliários e cederam seus espaços a novos condomínios. O Marajoara Society, no Fonseca, e o Italiano, em Piratininga, foram outros espaços que não resistiram à crise.
Pedro Horta, sócio fundador da GPME - Expansão e Estruturação de Negócios diz que os grandes empreendimentos, não foram os únicos responsáveis pelo desuso dos clubes sociais. Isso porque, apenas uma parte da demanda de antes teve acesso à moradia nos grandes condomínios.
"Muitos antigos usuários continuam com o mesmo estilo de vida e já não frequentam mais os seus clubes. A verdade é que os clubes sociais pararam um pouco no tempo, não investiram em inovações e não conseguiram promover a experiência desejada pelo seu público", afirmou o especialista.
Ele ainda apontou que, além da ineficiência em gestão, muitas vezes causada pelo ambiente político e amador da administração dos clubes tradicionais, outro fator que contribuiu para a queda de demanda foi a mudança de hábito das novas gerações.
"A tecnologia, o acesso a informação, a facilidade de se comprar experiências acabaram minando negócios tradicionalmente jovens. Assim, a retroalimentação de demandas não vêm acontecendo neste modelo de negócios, cada vez mais abandonado por este público. Isso é interessante,pois mesmo as áreas de lazer destes grandes empreendimentos imobiliários, que se auto intitulam "condomínios clubes" também sofrem grande ociosidade e baixa frequência do seu público", relembrou Pedro.
O sócio-fundador da GMPE ressaltou que sempre há uma saída, quando há inovação e gestão forte. Por isso, os clubes devem investir em uma gestão profissional, deixando à cargo do seu conselho diretor apenas as decisões corporativas inerentes ao conceito de sua atividade.
"A gestão deve ser profissionalizada. Sempre! Quanto a inovação, voltamos a palavra chave: Experiência. Os condomínios, por mais estrutura que tenham, não possuem a vocação de vender serviços, experiência e entretenimento. Aí mora a grande oportunidade dos clubes. Atualmente, os clubes sacrificam suas margens, ofertando serviços de baixo custo, como a alimentação, o que torna sua operação inoperante e inconsistente. A qualidade cai a cada dia e o déficit é recompensado com aumentos anuais de mensalidades. Esta combinação tende a ser um fracasso", explicou o consultor.