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Imóvel do Fonseca Atlético Clube pode ser leiloado

Apesar do Clube afirmar que os problemas judiciais estão sendo sanados, ainda não houve uma homologação oficial do acordo na justiça

Por Jonas Feliciano em 11/03/2019 às 16:55:39

Foto: Ralph Guimarães/ Divulgação

Na última quinta-feira  (7), uma publicação no grupo "Plantão Enfoco" do Facebook chamou a atenção dos moradores do bairro do Fonseca, na Zona Norte de Niterói, e dos associados do tradicional espaço poliesportivo Fonseca Atlético Clube. De acordo com o Leilão da Justiça do Trabalho de Niterói, a sede está sendo leiloada devido às dívidas trabalhistas, bem como, pela falta de recolhimento previdenciário e das diferenças não recolhidas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).


O caso refere-se a um processo trabalhista movido pelo viúvo e os três herdeiros de uma funcionária que foi tesoureira do clube entre os anos de 1989 a 2013. Segundo os autos do processo, a ex-funcionária sofria de hipertensão e não conseguiu o auxílio-doença, pois o Clube não cumpria as suas obrigações junto ao Instituto Nacional de Serviço Social (INSS). 

Na audiência inicial, os responsáveis não compareceram. Posteriormente, após tentativa de penhora dos bens, foi realizado um acordo que acabou não sendo cumprido. Inicialmente, o valor a ser pago pelas verbas trabalhistas seria de R$ 20 mil. Contudo, diante das tentativas frustradas, a justiça optou pela avaliação do imóvel que chegou a R$15 milhões, em dezembro de 2017. 

A reportagem do Portal Eu,Rio! entrou em contato por telefone com o Fonseca Atlético Clube para esclarecer os fatos, porém eles informaram que não há risco de fechamento do espaço. Além disso, afirmaram que a situação está sendo resolvida. No entanto, a convocação para o leilão do imóvel continua em aberto até o dia 20 de março. 

Nos comentários da postagem do grupo "Plantão Enfoco", alguns sócios publicaram o que parece ser um comunicado oficial da associação. Nela,  a entidade explica os motivos dos problemas e avisa que estão tentando sanar as pendências. Veja a seguir:

Foto: Reprodução/ Facebook


Crise 

Não é de hoje que a situação dos clubes poliesportivos do Rio de Janeiro vêm sendo alvo de problemas financeiros e judiciais. No ano passado, por exemplo, o portal Eu,Rio! noticiou o caso do Tijuca Tênis Clube. Na ocasião, sócios majoritários estariam negociando parte do espaço para a construção de um shopping center. O fato acabou gerando diversas manifestações.

Em maio de 2018, o complexo de lazer do Clube Centro Pró-Cubango, no bairro do Cubango, na Zona Norte de Niterói, fechou as portas por falta de receita. Outro que teve o mesmo destino foi o pequeno Barradas Social Clube, fundado em 1963, no Barreto. Na época, ele contava com 300 sócios. Ele encerrou as atividades em 1990, reabriu 20 anos depois, mas acabou não resistindo.

O fechamento também afetou o Icaraí Praia Clube e o Clube Italiano, no Cafubá, Região Oceânica. Ambos, se renderam aos investimentos de grandes empreendimentos imobiliários e cederam seus espaços a novos condomínios. O Marajoara Society, no Fonseca, e o Italiano, em Piratininga, foram outros espaços que não resistiram à crise. 

Pedro Horta, sócio fundador da GPME - Expansão e Estruturação de Negócios diz que os grandes empreendimentos, não foram os únicos responsáveis pelo desuso dos clubes sociais. Isso porque, apenas uma parte da demanda de antes teve acesso à moradia nos grandes condomínios. 

"Muitos antigos usuários continuam com o mesmo estilo de vida e já não frequentam mais os seus clubes. A verdade é que os clubes sociais pararam um pouco no tempo, não investiram em inovações e não conseguiram promover a experiência desejada pelo seu público", afirmou o especialista.

Ele ainda apontou que, além da ineficiência em gestão, muitas vezes causada pelo ambiente político e amador da administração dos clubes tradicionais, outro fator que contribuiu para a queda de demanda foi a mudança de hábito das novas gerações. 

"A tecnologia, o acesso a informação, a facilidade de se comprar experiências acabaram minando negócios tradicionalmente jovens. Assim,  a retroalimentação de demandas não vêm acontecendo neste modelo de negócios, cada vez mais abandonado por este público. Isso é interessante,pois mesmo as áreas de lazer destes grandes empreendimentos imobiliários, que se auto intitulam "condomínios clubes" também sofrem grande ociosidade e baixa frequência do seu público", relembrou Pedro.

O sócio-fundador da GMPE ressaltou que sempre há uma saída, quando há inovação e gestão forte. Por isso, os clubes devem investir em uma gestão profissional, deixando à cargo do seu conselho diretor apenas as decisões corporativas inerentes ao conceito de sua atividade. 

"A gestão deve ser profissionalizada. Sempre! Quanto a inovação, voltamos a palavra chave: Experiência. Os condomínios, por mais estrutura que tenham, não possuem a vocação de vender serviços, experiência e entretenimento. Aí mora a grande oportunidade dos clubes. Atualmente, os clubes sacrificam suas margens, ofertando serviços de baixo custo, como a alimentação, o que torna sua operação inoperante e inconsistente. A qualidade cai a cada dia e o déficit é recompensado com aumentos anuais de mensalidades. Esta combinação tende a ser um fracasso", explicou o consultor.
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