O Dezembro Vermelho, dedicado à conscientização sobre a prevenção de ISTs, destaca um alarmante aumento desses casos entre os idosos ao longo da última década. Segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (2023), houve um crescimento de 20,3% nos diagnósticos de HIV entre pessoas com mais de 60 anos, passando de 2.209 casos em 2015 para 2.657 em 2022. A Sífilis, outra IST, também apresentou um aumento notável, indo de 49,9 para 65,1 casos por 100 mil pessoas com idade igual ou maior que 50 anos.
O estigma em torno da vida sexual dos idosos os torna mais vulneráveis às ISTs, que podem ser contraídas através de qualquer contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada. Essas infecções, causadas por vírus, bactérias ou fungos, podem ser temporárias, crônicas ou incuráveis. "A falta de informação é o principal facilitador para a ocorrência desse problema. É crucial não apenas usar preservativos, mas também realizar exames de rotina para diagnóstico. Muitos idosos acreditam que seus parceiros não representam riscos, mas descobrem as ISTs em estágios avançados", alerta a geriatra e clínica geral Márcia Umbelino.
Atualmente, existem tratamentos para todas as ISTs. Algumas até têm cura, como o Papilomavírus Humano (HPV), a sífilis e a gonorreia. No entanto, doenças como a AIDS e a Herpes Simples, embora tenham tratamento, não têm cura. Algumas infecções podem ser prevenidas por meio de vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como a vacina contra o HPV e a Hepatite B. "Apesar das campanhas de vacinação para prevenir algumas ISTs, a forma mais eficaz de prevenção, para a maioria delas, ainda é o uso correto de preservativos. A AIDS, por exemplo, pode demorar anos para apresentar sinais e sintomas, facilitando a transmissão do vírus", acrescenta o infectologista Edimilson Migowski.
Os especialistas ressaltam a importância de campanhas educativas direcionadas aos idosos, com foco na prevenção, nos métodos de proteção e na necessidade de testes regulares para identificar precocemente qualquer infecção. Eles destacam, ainda, a importância de diálogos abertos entre pacientes e profissionais de saúde sobre saúde sexual, independentemente da faixa etária. "Os idosos são de uma geração que não foi ensinada sobre o uso de preservativos, então eles não têm o costume de fazer esse tipo de proteção”, acrescenta Márcia Umbelino.
O infectologista destaca que devem ser implantadas soluções e medidas para reduzir o número de idosos infectados. “Políticas públicas que facilitem a chegada de informações a esses idosos, solicitar exames para detecção de ISTs, conversar e abordar assuntos sobre a vida sexual do idoso durante consultas de rotina, são formas de reduzir o número de infectados”, acrescenta Migowski.