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Aluna é proibida de usar maquiagem com as cores do arco-íris durante formatura da PUC

Manifestação artística foi vetada pela instituição. Alunos reclamam de falta de liberdade de expressão

Por Mariana Cavalheiro em 05/07/2018 às 23:38:24

(FOTO: Facebook/ Divulgação)

A estudante Isabella Johnson, formanda do curso de letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), passou por uma situação constrangedora durante a sessão de fotos de formatura da universidade. Ao aparecer com uma maquiagem com as cores do arco-íris, a encarregada da comissão de formatura pediu que ela limpasse o rosto para retirar a arte. Isabella negou, dizendo que não era proibido e fez as fotos mesmo assim. Após o acontecido, ela e os demais estudantes que se formam no final deste mês, receberam um comunicado que dizia que na data da cerimônia, no próximo dia 28, "não será permitido o uso de pinturas na face, adereços em qualquer espécie e/ou qualquer tipo de manifestação política, de gênero ou de religião."
De acordo com a aluna, esse comunicado foi feito após a sua maquiagem: "Ninguém nunca recebeu este aviso antes. Conversei com ex-alunos e é um fato inédito. Isso só reforça que a PUC é uma instituição opressora." Ainda de acordo com Isabella, a ação da universidade causou espanto: "Achei um absurdo essa atitude da PUC. A instituição demorou muito tempo para se posicionar em relação às acusações de racismo, mas quando o assunto é um arco-íris purpurinado no rosto, se prontificaram de imediato."
Alunos do Diretório Central dos Estudantes (DCE) estão organizando um protesto no dia da cerimônia de formatura. O grupo quer ter direito à liberdade de expressão. Procurada, a assessoria da PUC não quis se manifestar sobre o ocorrido.

Casos de racismo são frequentes
Os casos de racismo cometidos por alunos da PUC-Rio, durante os Jogos Jurídicos Estaduais, em Petrópolis, não aconteceram apenas durante a competição. Pelo menos cinco casos de racismo já foram denunciados dentro da instituição, na Gávea, Zona Sul do Rio.
Estudantes de Direito da PUC-Rio, durante os Jogos Jurídicos Estaduais, em Petrópolis, teriam cometido atos de racismo e injúria racial, em três oportunidades, contra alunos negros da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), UERJ e UFF.
Segundo testemunhas, alunos da universidade atiraram uma casca de banana contra um estudante negro da UCP, durante partida de futebol. Depois, após um jogo de basquete masculino, membros da delegação da PUC-Rio imitaram macacos para ofender estudantes da UERJ. Na quadra de handebol, o alvo foi uma aluna da UERJ, chamada de "macaca" pela torcida da PUC.
A PUC demorou dois dias para se manifestar sobre o caso e emitiu uma nota falando que havia "desconforto" da instituição diante das denúncias de que alunos fizeram manifestações "de caráter racista" durante o campeonato.

Confira na íntegra a nota da PUC-Rio
"A Reitoria da PUC-Rio expressa seu desconforto diante das notícias de manifestações de caráter racista durante os Jogos Jurídicos Estaduais, na cidade de Petrópolis. A Universidade tomará todas as providências necessárias para a apuração dos fatos e estabelecer as respectivas responsabilidades, se for o caso, a partir da instauração de Comissão de Inquérito já nomeada.
A PUC-Rio ostenta um patrimônio irrenunciável por seu pioneirismo no Brasil na implementação de políticas de inclusão educacional, racial e social, através de uma prática efetiva e consolidada de apoio a vestibulares populares, concessão de bolsas de estudo e apoio de material didático, além de outras iniciativas que propiciem a permanência do beneficiário na instituição.
A Universidade sempre procurou zelar pelo respeito às diferenças e repudia qualquer discriminação baseada em raça, sexo, língua, credo e opções existenciais, temas que são objeto de debates, discussões e pesquisas em inúmeros Departamentos.
Comentários exagerados, notícias infundadas e postagens instigadoras de violência e discriminação devem ser evitadas na medida em que tais iniciativas não correspondem aos valores e princípios ensinados, praticados e divulgados pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Quero lembrar que a Comissão de Inquérito foi nomeada pelo Departamento de Direito no dia 04 de junho, na segunda-feira, tendo os fatos a serem investigados ocorridos nos dias 02 e 03 de junho.
A Comissão de Inquérito é composta pelos seguintes professores do Departamento de Direito: Breno Melaragno, professor de Direito Penal, Job Gomes, professor de Direito do Trabalho e de Direito Desportivo, e Thula Pires, coordenadora do NIREMA (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) e professora de Direito Constitucional. Aliás estas informações foram divulgadas pela imprensa na própria segunda-feira, dia 04 de junho.
O Departamento de Ciências Sociais tem convicção que o caso está sendo tratado com a gravidade que o mesmo merece, e que a Reitoria e o Departamento de Direito da PUC-Rio tomarão as providências cabíveis após a conclusão dos trabalhos da Comissão de Inquérito."
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