Um bandido que era do Comando Vermelho (CV) e pulou para a milícia é peça chave na guerra que se instalou na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, nas últimas semanas. Conhecido pelos apelidos de Jamaica ou Pezão, ele invadiu redutos do CV como Barão, Covanca, Divino, Menezes e São José Operário e expulsou os traficantes. O CV, no entanto, reagiu e teria retomado ao menos a Covanca.
Há suspeitas de que Jamaica seja aliado de Horácio Souza Carvalho, miliciano que comandava várias favelas da Praça Seca e Jacarepaguá e que está preso desde o ano passado, sendo condenado recentemente. Teria o apoio também de Wellington da Silva Braga, o Ecko, da Liga da Justiça e da milícia do Morro do Fubá, em Cascadura.
Relatos indicam que os moradores passaram a pagar uma taxa aos milicianos nos redutos que eram do CV e os criminosos estão explorando os serviços de gás, gatonet, internet e água. A taxa ao morador chegaria a R$ 50 e seria cobrada também não só em favelas como também condomínios.
Nesta quarta-feira houve mais um capítulo da guerra entre milicianos e traficantes. Em plena tarde, um intenso tiroteio assustou o bairro e parou o BRT. Os integrantes do grupo paramilitar roubaram um veículo de um prestador de serviço do BRT para invadir a Favela do Bateau Mouche, reduto do CV. No confronto, um motorista do consórcio foi ferido de raspão por um tiro no queixo.
À noite, a polícia encontrou dois corpos dentro de um carro em uma praça no vizinho bairro do Campinho. A Divisão de Homicídios da Capital apura se as vítimas seriam resultado da guerra entre as quadrilhas.
Nesta quinta-feira, o governador do Rio Wilson Witzel disse que pretende instalar uma ocupação em algumas comunidades da Praça Seca.