Meses antes do desabamento de dois prédios na comunidade da Muzema, no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, uma investigação feita pelo Ministério Público Estadual mostrou que a milícia seria a grande responsável por construções irregularidades em comunidades da região e que ofereciam risco à população.
Um dos trechos da denúncia do MP revela que o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, um dos chefes do grupo paramilitar e que está preso, mantinha armazenada diversas plantas de apartamentos, loteamento de terrenos, imagens de empreendimentos em construção, contratos de locação e compra e venda de imóveis não declarados em seu Imposto de Renda.
Os milicianos exerciam o controle sobre a construção, venda e locação dos imóveis. Eles investiam o dinheiro adquirido em outras atividades ilícitas na construção dos empreendimentos imobiliários. Os suspeitos constroem até mesmo em áreas florestais, diz a denúncia.
Os criminosos abriam empresas de construção civil e colocavam em nomes de laranjas Com isso, barateavam o custo da construção dos imóveis já que conseguiam materiais por menor preço.
A quadrilha usava de uma manobra para o abastecimento de energia dos empreendimentos imobiliários que era o registro dos relógios também em nomes de laranjas. A água também era fornecida por meio de ligações clandestinas.
A investigação descobriu que os milicianos também contrataram um engenheiro projetista para os empreendimentos imobiliários,
Uma escuta telefônica flagrou a negociação para o aluguel de um apartamento construído pela milícia. Ele custaria R$ 1.300 mensais sendo que o inquilino não pagaria condomínio, água e luz. O imóvel tinha dois quartos, banheiro, cozinha e sala.
Um dos empreendimentos imobiliários da quadrilha chama-se Bosque das Pedras, localizado no bairro Anil, e o bando também estava expandindo seus domínios para a Avenida Engenheiro de Souza Filho, logradouro onde se encontram diversas outras construções clandestinas