As festas juninas escolares promovidas pelas escolas têm acontecido regularmente. Alguns pais já começam a se perguntar como será a reação do filho: se vai dançar ou se, na hora da apresentação, ao olhar aquela plateia, vai travar.
Mas não tem jeito: escolher a roupinha, arrumar o cabelo, fazer pintinhas ou bigode na Festa Junina são lembranças que fazem parte da vida de muita gente que deseja repetir tudo isso, mas agora no papel do adulto. Aí é que está o problema: essa é uma expectativa dos pais, que não necessariamente vai ser correspondida pela criança. O que fazer, então, se ela bater os pezinhos e disser que não quer dançar?
Priscilla Montes, educadora parental, pontua que, num primeiro momento, é necessário acolher e procurar entender os motivos, notar algum sinal de alerta e já ir conversando bastante com essa criança, procurando sempre deixá-la à vontade para que pais e filhos possam curtir as festas juninas, sendo um momento prazeroso todos.
Dicas da profissional:
Acolher e procurar entender os motivos
Podem acontecer duas situações diferentes: a criança se recusar a participar da dança desde os ensaios ou "travar" na hora do evento. Em geral, o segundo caso acontece mais com os pequenos e é comum, já que eles se veem em uma circunstância nova e ficam assustados. Já o primeiro cenário pede a atenção de pais e professores para avaliar se há algo a mais se passando com a criança.
“É um tema muito recorrente e que deve ser sempre abordado, conversado. Algumas crianças conseguem expor os sentimentos e falam que não se sentem confortáveis. Isso é maravilhoso e os pais precisam validar o que está sendo exposto e colocado pela criança. É um ponto super positivo e os pais só precisam acolher, entender”, alerta Priscilla Montes.
Os ensaios são momentos de descontração e conversar com a criança diariamente ajuda, faz diferença e dá um incentivo a mais para o grande dia da apresentação.
Sinal de alerta
Se os pais notarem esse tipo de recusa de forma intensa, vale uma conversa na escola para procurar entender se há situações relacionadas a bullying ou se o pequeno demonstra dificuldades de interação social - e aí, certamente, a recusa da dança será apenas um fator entre outros já observados pelos professores. Nesse caso, isso pode servir como alerta de que é interessante buscar acompanhamento psicológico em um trabalho aliado aos profissionais do próprio colégio. “É importante verificar se é uma questão pessoal da criança ou se está com vergonha por conta de alguma fala de um amiguinho. Precisa ser avaliado com muito cuidado, tendo uma ajuda da escola”, explica a educadora parental.
Meu filho não quer dançar, e agora?
Não importa se é a primeira vez ou se a criança já está no fim do Ensino Fundamental I - pais, tios e avós babões criam expectativas e amam registrar cada passinho dos pequenos. Mas é fundamental que essa expectativa não se torne um peso para a criança. “Não é um bicho de sete cabeças. Essa criança precisa ser ouvida e o adulto precisa aprender lidar com essa frustração e respeitar. Você pode dar algumas alternativas para tentar entender o motivo pelo qual ela não quer dançar: perguntar sobre a roupa, sapato, música. Enfim, entender sempre acolhendo e oferecer escuta e palavras de carinho. Isso vai acalmar o seu coração e o da criança também”, ressalta Priscilla Montes.