Após uma assembleia que reuniu mais de 700 trabalhadores na última segunda-feira (29), servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) decidiram paralisar suas atividades nesta quinta-feira (1º de agosto). A paralisação será feita de forma a não comprometer os serviços essenciais, assegurando que a população não seja prejudicada.
De acordo com Álvaro Nascimento, Tecnologista da Fiocruz e membro do Comando de Greve, a principal reivindicação é a recuperação das significativas perdas salariais enfrentadas pelos funcionários. Nascimento esclarece que a demanda não é por um aumento salarial, mas por uma recomposição que compense as perdas de 59% para os funcionários de nível superior e de 75% para os de nível intermediário, conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Essa diminuição do poder aquisitivo tem impactado diretamente as famílias dos servidores.
A Fiocruz busca estabelecer um diálogo com o governo, que apresentou uma proposta considerada insatisfatória, não cobrindo nem mesmo a inflação do último ano: 0% para 2024, 9% para 2025 e 5% para 2026. Em contrapartida, a proposta da instituição é de um reajuste escalonado, com aumentos de 20% para cada um dos três anos: 2024, 2025 e 2026.
O impasse nas negociações com o governo federal, especificamente com o Ministério de Gestão e da Inovação (MGI), persiste desde setembro de 2023. A paralisação programada para quinta-feira será seguida por uma nova assembleia na sexta (02), onde os trabalhadores decidirão sobre a possibilidade de uma greve progressiva, com aumento gradual dos dias parados ao longo das semanas seguintes.
A Presidência da Fiocruz, juntamente com uma comissão de diretores proveniente do Conselho Deliberativo da instituição, tem se reunido desde fevereiro com representantes do governo. O objetivo desses encontros é defender os direitos dos trabalhadores e enfatizar a importância de que as negociações sobre a tabela salarial e as mudanças nas carreiras dos servidores reconheçam adequadamente a dedicação e o trabalho realizado pelos servidores da Fiocruz em benefício da população brasileira.
Levando em conta o cenário econômico nacional, a Fiocruz avaliou o impacto financeiro das reivindicações nas contas públicas. A proposta de reajuste representaria um acréscimo de R$ 907 milhões por ano na folha salarial, o que corresponde a menos de 10% do orçamento anual da instituição, que é de R$ 9,596 bilhões.
Com uma equipe composta por 4.404 servidores e 13.553 trabalhadores, a Fiocruz desempenha um papel fundamental na produção de vacinas e medicamentos, no controle de qualidade em saúde, na educação, na pesquisa e no atendimento à população. Em 2023, a Fiocruz atendeu quase 300 mil pessoas e produziu quase 100 milhões de doses de vacinas e cerca de 600 milhões de medicamentos. A instituição se destaca por oferecer serviços de saúde de qualidade e gratuitos à população.