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Exclusiva

Primeiro ministro de Gaza fala com exclusividade ao Portal Eu, Rio!

Para Ismail Haniyeh, primeiro-ministro da Palestina e presidente do Hamas, população da Faixa de Gaza


Foto: Hamas/ Divulgação

Nesta segunda-feira (6), o Eu, Rio entrevistou com exclusividade um dos homens mais importantes do Oriente Médio. Ismail Haniyeh, primeiro ministro da Palestina. Nascido em Al-Shati, um campo de refugiados perto de Gaza. Em 1987 se formou em literatura na Universidade de Gaza, onde fundou a União dos Estudantes Islâmicos, precursor do Hamas.

Em 1988 foi preso por liderar o Levante Árabe dos Territórios Ocupados (Intifada). Liberado em 1992, partiu com com outros militantes do Hamas para o sul do Líbano, sob a acusação de terrorismo. No ano seguinte regressou a Gaza, onde foi nomeado reitor da Universidade Islâmica.

Dentro do Hamas - movimento considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e União Europeia - Ismail Haniya é visto como um moderado da ala política do grupo, aberto ao diálogo com Israel. Ele foi o primeiro dirigente do Hamas a telefonar para o presidente da ANP e da Fatah, Mahmoud Abbas, e propor uma aliança política, depois de ser eleito Primeiro Ministro em 2006.

EU RIO: Na semana anterior a entrevista, cerca de 600 foguetes foram disparados de Gaza em direção ao território de Israel. Cinco pessoas morreram. Questionado quanto aos ataques, Haniya afirmou:

Desde sexta-feira, a ocupação israelense intensificou seus ataques contra alvos civis na Faixa de Gaza, atingindo casas, locais civis e locais governamentais e matando bebês, mulheres e pessoas idosas. Em resposta, a facção da resistência palestina decidiu defender o povo palestino contra os ataques flagrantes de Israel. Eles também responderam às violações israelenses a fim de pressionar a ocupação israelense a parar a agressão e implementar os acordos de cessar-fogo (anteriormente) acordados. Ressaltamos que quanto mais atrozes forem os ataques israelenses aos civis palestinos, mais forte será a resposta palestina.

ER: Estes foram os primeiros mortos em território israelense desde 2014. O senhor teme por uma nova guerra?

O Hamas não está interessado em uma nova guerra. Pelo contrário, vamos seguir com o cessar fogo. Em relação aos mortos, as forças de ocupação israelenses perpetraram crimes atrozes contra a humanidade, atacando civis e atacando locais de civis, matando apenas civis palestinos há mais de 12 anos, enquanto as facções da resistência palestina, acima de tudo as Brigadas al-Qassam, responderam aos ataques israelenses calculadamente.

ER: Em 2011, o senhor chamou Osama Bin Laden de "guerreiro santo". O que o senhor ainda permanece com esse pensamento?

Existem diferença claras entre o Hamas e o Al-Qaeda. Mas a invasão norte-americana ao Paquistão e o assassinato de Osama Bin Laden foram crimes internacionais. Nós vemos isso como uma continuação da política americana baseada na opressão e no derramamento de sangue árabe e muçulmano. Ontem, Trump anunciou que enviará um porta aviões para ameaçar o Irã, isso é deplorável. A interferência americana no mundo é algo deplorável.

ER: Como o Hamas avalia a política atual dos Estados Unidos?

A política atual da administração Trump de impor sanções e ameaças injustas está condenada ao fracasso e não conseguirá atingir seus objetivos. Tal política alimentará disputas na regionais que servem apenas a agenda e os interesses da ocupação israelense e seus aliados, que representam uma séria ameaça à riqueza e aos recursos da região, juntamente com a Palestina e todos os defensores da questão palestina.

ER: O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante a campanha política, prometeu transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. Como o Hamas vê essa política?

O Hamas condena veementemente esta medida. O movimento também condena o plano anunciado de criação de um escritório comercial para o Brasil em Jerusalém. O Hamas conclama o Brasil a reverter imediatamente essa política que é contra o direito internacional e as posições de apoio do povo brasileiro e dos povos da América Latina.

Ressaltamos que essa política não atende à estabilidade e segurança da região e ameaça os laços brasileiros com nações árabes e islâmicas.

E afirmo que vamos exigir que a Liga Árabe, a Organização da Cooperação Islâmica e todas as organizações internacionais a pressionar o governo brasileiro a derrubar esses movimentos que apoiam a ocupação israelense e fornecem cobertura para seus abomináveis ??crimes e violações contra o povo palestino.

ER: Há expectativas para um futuro de paz com Israel?

A paz só pode ser estabelecida depois de parar a agressão israelense contra a Faixa de Gaza. O povo palestino sitiado na Faixa de Gaza há mais de 12 anos exige apenas seus direitos básicos, de acordo com todas as leis e convenções internacionais. No entanto, se a ocupação israelense não implementar os entendimentos do cessar-fogo, o campo de batalha testemunhará mais escalada.

Cessar-fogo

Nesta segunda-feira, entrou em vigor um cessar-fogo mediado pelo Egito. A região teme que a nova escalada de violência leve à uma guerra declarada, como a de 2014, quando mais de 2.200 pessoas morreram, a maioria civis palestinos.

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