Cerca de 150 mil pessoas, entre estudantes, professores e funcionários de várias instituições públicas do Rio de Janeiro se reuniram, nesta quarta-feira (15), em uma manifestação pacífica em defesa da educação que tomou conta da Avenida Presidente Vargas no Centro do Rio. No entanto após o final do protesto um ônibus chegou a ser incendiado por homens encapuzados.
Com o apoio de diversas entidades estudantis e sindicatos, alunos e educadores realizaram, desde a manhã, várias mobilizações por toda a cidade, com aulões de diversas disciplinas e atividades culturais. Na Praça XV, ponto que reuniu o maior número de pessoas, desde às 10h, alunos e professores de universidades e escolas federais do estado utilizaram o espaço para apresentar todo o conhecimento científico e filosófico e a importância que essas instituições de ensino têm para toda a sociedade.
Nas tendas armadas em frente ao Paço Imperial, quem passava tinha demonstrações práticas de química e biologia, aulas de filosofia, consultas médicas, aprendia sobre a importância de uma boa nutrição e assistia a apresentações de arte.
Já no Largo do Machado, alunos e educadores conversavam sobre a educação e as consequências da reforma da previdência. Na parte da tarde, às 16h, todos os segmentos da educação pública se concentraram na Igreja da Candelária para uma passeata até a Central do Brasil. Local de onde se reuniram manifestantes que saiam das Barcas, vindos das cidades vizinhas.
Como é o caso da nutricionista Andreza Silveira, que mora em São Gonçalo. "Sentimento de indignação, de que não podem acabar assim do nada com nossa educação. É através dela que descobrimos horizontes para mudanças, formamos profissionais e damos futuro as nossas crianças. A educação liberta e para quem é pobre, estudar é a maior revolta contra o sistema", afirmou.
Segundo o Centro de Operações Rio, a Avenida Presidente Vargas ficou interditada nesse horário nos dois sentidos e a Avenida Rio Branco também, a partir da altura da Av. Presidente Vargas, devido ao número de pessoas que chegavam para o evento.
A Polícia Militar e a Guarda Municipal mobilizaram várias viaturas, que se colocaram nos principais pontos da Avenida Presidente Vargas.
Após a chegada de todos os manifestantes, às 18h, todas as entidades que representam as diversas categorias da educação pública caminharam pela Av. Presidente Vargas em favor da educação. Participaram da manifestação SinproRio, SEPE-RJ, Sindpefaetec, Sindscope ,Sinasefe, ANDES, CUT, CSP-Conlutas, Intersindical, Sintuff, Sintufrj, Sintifrj, Adufrj, ADCPII, Aduff, Asduerj, Emancipa, Estudantes da Uerj, UFF, UFRJ, UNIRIO, UEE, UNE, Ubes, Muca, ANPG, FNP, FENET, UP, Kizomba, Levante, UJS, Correnteza, AERJ e Movimento Mulheres em Luta.
Quando o grupo chegou ao memorial Phanteon de Caxias, próximo ao Palácio Duque de Caxias, sede do Exército Brasileiro, soldados da guarda do monumento se assustaram com a manifestação que tomou a calçada. A segurança foi reforçada, porém nenhum incidente ocorreu durante o evento.
A passeata encerrou às 19:30h, na estação da Central do Brasil, onde os manifestantes aplaudiram o ato público e deixaram pacificamente o local.
Homens encapuzados incendeiam ônibus após o término do ato
Um grupo de homens encapuzados aproveitou o término da manifestação para incendiar um ônibus e gerar tumulto e desqualificar o ato em favor da educação. Na dispersão a Polícia Militar disparou bombas de efeito moral contra manifestantes que soltavam rojões próximo a agentes do Centro Presente. Com a confusão um grupo encapuzado aproveitou o tumulto para incendiar o ônibus. O Corpo de Bombeiros foi ao local e às 19:30h o fogo foi controlado. Segundo o Corpo de Bombeiros não há registro de feridos pelo incêndio.
Dos Estados Unidos, Bolsonaro fala sobre as manifestações
O presidente da República, Jair Bolsonaro, que está em uma viagem a Dallas, estado norte-americano do Texas, manifestou-se sobre os atos em defesa da educação no Brasil. Bolsonaro disse à imprensa "que não gostaria de contingenciar verbas, em especial da educação, mas que o bloqueio é necessário. Sobre a manifestação, o presidente chamou os manifestantes de "uns idiotas úteis, uns imbecis".
"É natural, é natural. Agora... a maioria ali é militante. É militante. Não tem nada na cabeça. Se perguntar 7 x 8 não sabe. Se perguntar a fórmula da água, não sabe. Não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil", afirmou o presidente Bolsonaro.
A frase do presidente gerou repercussão entre as entidades em defesa da educação.
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior disse, em nota, que "fica chocado ao ver que o presidente da República não tem a sensibilidade de perceber o quão importante é para a população brasileira uma educação pública de qualidade, também fundamental para o crescimento econômico do país".
Na parte da tarde, o porta-voz da presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse em nota que "as manifestações são legítimas e democráticas, desde que não se utilizem de violência nem destruam o patrimônio público".