Viajar para Europa é um sonho que faz parte da vida de muita gente. O velho mundo desperta o fascínio não somente pelos seus países cheios de história, mas também pela sua cultura, gastronomia e belos destinos. Neste universo de maravilhas, sem dúvidas, a Itália é um dos lugares europeus mais charmosos, interessantes e procurados por turistas de todo mundo.
Milão, Roma, Toscana, Veneza e Florença são alguns dos roteiros mais conhecidos da região e por grande parte do mercado turístico. No entanto, os encantos do território italiano não se encerram por aí. Localizada na região da Lombardia, a província de Brescia compõe um dos mais lindos cartões postais do país. Com cerca de um milhão de habitantes, a localidade está dividida em 206 comunas e sua capital também se chama Brescia.
A "Leonessa d´Itália" fica a 149 metros acima do nível do mar e é cercada por colinas cobertas pela vegetação mediterrânea. Apesar da evolução urbana, manteve seus inúmeros vestígios históricos. Por todos os lados, olhares mais atentos são capazes de captar os vestígios seculares. Atualmente, com uma população de aproximadamente 200 mil pessoas, o lugar se tornou a segunda maior cidade da região da Lombardia.
Cuidadosamente, as suas ruas mesclam o passado e o presente. Dessa maneira, mesmo com as mudanças, ao longo do tempo, Brescia preservou, por meio de políticas públicas, a arquitetura e a cultura de outros tempos. Não à toa, possui um dos maiores complexos de museus italianos.
Na antiguidade, a região foi uma das mais importantes do império romano e na era medieval também já foi chamada de Brixia. Embora tenha sido fundada pelos gauleses, um povo celta que habitou o antigo território da Gália, há uma lenda de que a sua origem esteja ligada ao deus mitológico Hércules. Um detalhe que desperta ainda mais a curiosidade sobre a província que ostenta em seus monumentos obras de famosos artistas como Rafael e Lorenzo Lotto. Além de manuscritos que certificam a tradição de grandes músicos e instrumentistas que já viveram por ali.
Em outros tempos disputada por Veneza e Milão, desde o século XI, a pequena Bréscia exala a sua liberdade. Antes de ser uma colônia, em 27 a.C, abrigou povos celtas, etruscos e ligúrios. Através dos séculos, ainda foi dominada por franceses, venezianos e austríacos. Uma mistura que somente contribuiu para o seu clima romântico, aconchegante e, irresistivelmente, hipnotizante.
Conexão Brasil - Itália
A jornalista Sandra Bandeira vive na Bréscia. Ela faz parte do grupo de 1.200 brasileiros que vivem na cidade. Sandra contou que a sua relação com a Itália começou em 2007 quando realizou uma viagem turística. Na ocasião, também despertou um sonho de estudar direito na Europa.
"Primeiramente, visitei Roma com um grupo de amigos. Logo, cheguei até a Bréscia. De cara, fiquei apaixonada pelo castelo e por um bresciano. Iniciamos um relacionamento e, depois de idas e vindas entre o Brasil e a Itália, em 2009, decidi me transferir. A descoberta da Bréscia me ofereceu não somente um paraíso natural, mas também uma esplêndida riqueza cultural e uma segunda família.
Depois de quase 11 anos, Sandra continua apaixonada pelo local que, segundo ela, é parte do berço da história do mundo moderno.
"Aqui estão as bases da civilização Greco-romana. Elas permanecem vivas nos cenários e nos lugares históricos, nas praças, borgos, capitólios, castelos e vilas, em toda parte da província. No quesito estilo de vida, destaco as alternativas de lazer e os eventos culturais. São áreas de esplêndidas paisagens. Os parques, os lagos e as ciclovias. Tudo muito organizado, limpo e mantido pelo pagamento de taxas e manutenção dos espaços públicos. É algo surpreendente, por exemplo, ver que os mais velhos passeiam em suas bicicletas, frequentam os bailes e dançam em grupos ao som de um gênero musical popular chamado Liscio", contou.
Hoje, com o projeto "Conexão Brasil-Itália" a jornalista trabalha na promoção do turismo local. Um trabalho que lhe aproximou ainda mais da Itália e pela vida no país. Ela ainda destacou que os brescianos são bastante comunicativos e alegres. De acordo com Sandra, com um tempo de convivência, eles podem ser bastante abertos, amigos e fiéis. Gostam de alto estilo, cultivam suas hortas e valorizam muito as riquezas locais provenientes das atividades agrícolas. Além das riquezas tradicionais, as pinturas, as esculturas, a jardinagem e tudo o que condiz com o bom gosto, ela não esqueceu de citar as vinícolas da província.
"As vinícolas se reuniram no Consórcio Franciacorta e promovem os cruzeiros do gosto. Ele é um programa de atividades culturais com música, poesia e eventos gastronômicos. Os visitantes são apresentados aos produtos do território e a explicação do método Franciacorta com tours,visitas guiadas, excursões e viagens em cruzeiros. O melhor período para os tours são a partir de março até metade de outubro. Para os brasileiros, as visitas são guiadas em português", explicou.
Planeje uma viagem inesquecível
A travel desinger Ana Grassi é uma especialista em viagens à Itália. Ela cria roteiros personalizados para quem se interessa em viajar para os belos destinos da famosa península europeia. Para Grassi, além de possuir um polo industrial representativo e numeroso, a Brescia presenteia os turistas com um centro histórico charmoso, elegante e que pode ser visitado inteiramente a pé.
"Passeando pelas ruas da cidade, o visitante faz uma viagem por mais de 2000 anos de história. Cada passo é um encontro com praças renascentistas ao lado de uma praça racionalista, com prédios medievais grudadinhos em igrejas barrocas ou com um castelo. A província ainda possui a maior área arqueológica do norte da Itália. Brescia é uma excelente opção de bate e volta para quem está em Milão, pois são apenas 100 quilômetros de distância. De Sirmione são 50 quilômetros. Ela também pode servir de cidade-base para visitar Milão, Lago di Garda, Franciacorta e Mantova, por exemplo", sugeriu.
Ana explicou que é possível se movimentar pela cidade de ônibus e até de metrô, mas a dica é uma boa caminhada. O itinerário começa na estação ferroviária e termina no Castello di Brescia. Um roteiro preparado pela travel designer revela os principais pontos a serem visitados. As dicas da Ana Grassi são valiosas e prometem um passeio inesquecível. E então, prontos vecio gnaros?
Piazza della Vittoria
Neste ponto, a travel designer destaca que, no local da praça mais importante da cidade, existia uma parte do centro histórico medieval que foi demolida pelo regime fascista para dar lugar ao plano de reurbanização da cidade. O projeto foi assinado pelo arquiteto Marcello Piacentini.
Neste ponto, a travel designer destaca que, no local da praça mais importante da cidade, existia uma parte do centro histórico medieval que foi demolida pelo regime fascista para dar lugar ao plano de reurbanização da cidade. O projeto foi assinado pelo arquiteto Marcello Piacentini.
Obras arquitetônicas de valor histórico inestimável foram colocadas abaixo. Desde 1932, o que se vê são prédios construídos segundo o movimento arquitetônico italiano chamado de "racionalismo".
Grassi destacou as construções importantes da praça:
- O Palazzo delle Poste: sede dos correios e uma das estações de metrô da cidade.
- Il Torrione: o primeiro arranha-céus da Itália e primeiro na Europa a ser construído com cimento armado.
Piazza della Loggia
Construída no período em que a Bréscia fazia parte da República de Veneza. A sua principal construção é o Palazzo della Loggia (1492-1570), a sede administrativa da cidade e os pórticos com a Torre do Relógio (1546).
A praça ficou muito conhecida durante o período chamado Anni di Piombo. Em 1974, uma bomba explodiu no meio de uma manifestação contra o terrorismo fascista. Na ocasião, oito pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas.
Piazza Paolo VI
A Paolo VI possui três construções importantes, uma ao lado da outra, mas de períodos históricos diferentes. As mesinhas de café na calçada dão o clima de praça elegante. Uma experiência que pode se resumir em sentar e ficar ali por horas.
- Broletto é a mais antiga construção pública da cidade.
- Duomo Nuovo é uma igreja com uma linda fachada toda coberta com mármore di Botticino. Nela, está a terceira maior cúpula da Itália.
- Duomo Vecchio é um lindo exemplo de arquitetura românica. Em seu interior estão as ruínas de mosaicos paleocristãos.
Piazza del Foro e Capitólio
Ana explicou que a área arqueológica de Brescia é a maior e mais bem preservada do norte da Itália. Nela, você poderá ver:
- O Capitólio de 73 d.C. O monumento é um templo onde eram adorados os 3 principais deuses romanos: Juno, Júpiter e Minerva. Foi construído pelo Imperador Vespasiano. Também era ali que os fiéis se reuniam e onde eram realizados os sacrifícios.
- O Teatro Romano (I-III século d.C)
- Um santuário datado do século I a.C. A obra mantém afrescos e pavimentos incrivelmente preservados.
"Para os visitantes, existem os óculos de realidade aumentada que reconstroem os edifícios que, atualmente, são apenas ruínas. Uma experiência fantástica! Na prática, o ingresso para visitar a área arqueológica custa $4. Se quiser fazer o percurso com os óculos especiais, paga mais ?$6. Eu acho que vale muito a pena!", indicou a especialista.
Monastério Santa Giulia
Grassi revelou que o Monastério de San Salvatore-Santa Giulia foi construído em 753 d.C. pelo duque de Brescia. Sua finalidade era abrigar as freiras beneditinas. Hoje, foi transformado em um complexo de museus. Desse modo, o visitante pode percorrer a história da Brescia, desde a Idade Média até os dias atuais. Segundo a especialista, o local também contém uma enorme coleção de artefatos celtas, romanos, bronzes, tumbas, mosaicos, afrescos e ruínas de casas romanas.
O tour ainda inclui a visita a lugares como a Basilica di San Salvatore, o Oratório de Santa Maria in Solario, o Coro das freiras, a Igreja de Santa Giulia (séc. XVI), o Viridarium, entre outros. O ingresso para o museu custa ?$10.
Castello di Brescia
A última parada desse roteiro especial é o famoso castelo da cidade. Ele fica em uma colina chamada de Cidneo e é uma das construções mais importantes da Brescia. Ana Grassi relembrou que, na época romana, o castelo era um templo pagão grandioso e que a partir da Idade Média, começou a ser construída uma fortaleza. Ela cumpriu o papel militar defensivo até o final do século XIX.
"Atualmente, o local abriga dois museus. O Museo del Risorgimento, que conta a história da Unificação da Itália, e o Museu das Armas, um dos mais importantes da Europa sobre o assunto. Mesmo que não tenha interesse em visitá-los, vale a pena fazer um passeio pelos jardins ou pela maravilhosa vista da cidade que se tem de lá de cima".