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Confundido com policial, gari viu a morte de perto nas mãos de traficantes da Rocinha

Bambu foi condenado este ano a cinco anos e sete meses de prisão pelos crimes de ameaça e associação ao tráfico de drogas

Por Mario Hugo Monken em 27/07/2019 às 11:02:03

Foto: Divulgação/Disque Denúncia

Apontado hoje como um dos líderes do tráfico na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, Leandro Pereira da Rocha, o Bambu, foi condenado este ano a cinco anos e sete meses de prisão pelos crimes de ameaça e associação ao tráfico de drogas.

A sentença foi por um caso ocorrido com um gari que, ao ser confundido com um policial pelos traficantes da comunidade, foi ameaçado de morte pelos bandidos e teve a arma apontada para a cabeça.

Segundo os autos, o gari relatou que estava descendo uma rua no caminhão de lixo com um colega, quando um suspeito afirmou que tinha sido preso por ele, chamou comparsas e ordenou que parassem o veículo.Ele apresentou seu crachá funcional e sua carteira de habilitação, mas o bandido insistia que ele era policial.

Um outro criminoso se aproximou e disse ´eu saio todo dia de casa sabendo que vou morrer, só que antes de eu morrer eu vou levar muitas pessoas comigo; se você veio aqui para saber como está o movimento, nós estamos pesados´. Todos estavam armados.

Um terceiro suspeito apontou a arma para sua cabeça e disse que seria mais fácil se confessasse que era policial. Havia cerca de 15 a 20 criminosos sendo que um deles estava sentado no meio, rodeado de várias pessoas armadas. Alguns bandidos se aproximavam para realizar as ameaças.

"A vítima detalha que os ameaçadores estavam fortemente armados, portando pistolas e fuzis. Um deles chegou a engatilhar a pistola a apontá-la em direção às vítimas. Afirmavam os criminosos que os garis só sairiam vivos se fosse confirmado que não eram policiais", afirmam os autos.

Os traficantes permaneceram o ameaçando e oferecendo drogas por aproximadamente 40 minutos. A agonia continuou até que um morador se aproximou e conversou com o suspeito rodeado de seguranças armados, o qual deu sinal de positivo para que fossem liberados.

Após os fatos, o gari até a gerência da empresa onde trabalha, que prestava serviços para Comlurb, pedir para não trabalhar mais na Rocinha. Foi-lhe respondido, no entanto, que os fatos estavam dentro da normalidade e que iria se acostumar.

Inicialmente o gari não notificou a ocorrência, o que foi feito por seu colega, mas depois compareceu à delegacia para prestar esclarecimentos. Na delegacia, reconheceu alguns suspeitos por meio de fotos do ´Facebook, entre eles Bambu´.

Ele contou que no período em que trabalhou na Rocinha, via constantemente pessoas armadas, que possivelmente eram integrantes do tráfico.

Bambu está na frente hoje da parte baixa da Rocinha. A parte alta está sob domínio do traficante John Wallace da Silva Viana, o Johny Bravo. A favela é controlada pela facção criminosa Comando Vermelho (CV).

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