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“Mamonas Assassinas - O Filme” não é uma ficção que conquista o público

Cinestesia, Por Gabi Fischer, Cineasta e Produtora

Em 15/12/2023 às 04:59:26

Em 1996, eles foram um sucesso meteórico e conquistaram o coração do Brasil. Até hoje, Mamonas Assassinas é lembrado com muito carinho no mundo musical. No entanto, a homenagem ficcional não faz jus a eles.

Um grupo de rock progressivo que chegou ao sucesso por um caminho que nunca imaginaram. Através de letras originais, irônicas, debochadas e inteligentes, as conversas e brincadeiras entre eles deram origem a músicas que marcaram uma época e seguem famosas. Mamonas Assassinas é, ainda, a banda nacional que mais vendeu discos na estreia. Foram mais de três milhões de cópias em sete meses. Mas a experiência cinematográfica pode não alcançar um marco importante como este anterior.

O filme começa muito bem, com uma abertura pegando imagens de arquivo e narração, fazendo um breve resumo sobre a banda, com uma boa montagem, o que faz nós, espectadores, já sermos pego pela emoção. Entretanto, após os cinco minutos iniciais, o longa-metragem não se sustenta e chega a se perder em si. Para começar, queria dizer que fico triste em ter um filme nacional abaixo da expectativa. Mas que fique claro: a experiência de assistir a uma película é um critério individual. Relutando se escreveria sobre ou não, decidi contar o que achei: aparência de amadorismo.

Cinema é um grande trabalho em grupo, ainda mais uma ficção. Faz toda a diferença quando as três fases são bem executadas (pré, produção e finalização). A grande questão é que “Mamonas Assassinas - O Filme” não emociona, não cativa e não gruda a gente na poltrona do cinema. Muito por conta do roteiro não tão bem estruturado e, especialmente, falta de conflito. A tentativa de um pequeno conflito é uma escolha bem triste ao recorrer ao drama de “briga entre irmãos” por ciúmes. Além de rápido, nada adiciona à história e utiliza de um estereótipo da mulher ser a vilã (bem, já deu disso, né?) ou a rapidez da dúvida de Dinho se continua com o grupo ou não. Assim, entre os “picotados” momentos, não criamos um vínculo com a narrativa e, assim, é despertado outro grande problema: a montagem.

Editar um filme não é simplesmente colar pedaços um atrás do outro, mas criar um sentido desse choque de planos e um ritmo. Tanto que uma grande verdade é que um filme de roteiro mediano pode muito bem ser salvo na mesa de edição. Mas a montagem desse aqui não conseguiu atingir esse mérito, inclusive com cenas que possuem erros entre um vai e volta dos cortes e também repetição de imagens genéricas que “enchem linguiça” em diferentes momentos e contextos. É uma sensação de seguirmos assistindo por conta das figuras icônicas, mas não somos mergulhados na história.

Outro ponto é a atuação. Mesmo quem não é ator consegue imaginar as dificuldades de estudar e recriar personalidades na tela. É um grande desafio dar vida a pessoas que já possuem um lugar no coração do público. Por isso que, muitas vezes, um trabalho de preparação de elenco é a cereja do bolo de um filme. Mas, aqui, os cinco integrantes da banda e os demais atores não conquistam êxito nesse trabalho. Preciso também comentar que é muito difícil assistir várias cenas por conta das perucas.

Então, chegamos no som. Estamos falando de um filme do universo musical e o que se espera é que sejamos levados a uma experiência máxima desse departamento, em especial porque o filme foi mixado em som Dolby Atmos, que é uma tecnologia que permite um som mais imersivo e realista. Bem, pelo menos na cabine de imprensa, isso passou bem longe. Em nenhum momento, a sala de cinema se tornou esse lugar imersivo. Pelo contrário, a edição de som do filme é bastante truncada, com cenas que dão sensação de estar até mesmo fora de sincronia. A trilha sonora ainda consegue quebrar mais ainda por utilizar música do Rubel em contextos românticos (seria para o filme estar na década de 90, certo?)

Há curiosidades interessantes da produção que merecem destaque, como a presença do ator Beto Hinoto, que é sobrinho do guitarrista Bento e tem o prazer de dar vida ao próprio tio. E também que o vestido de “Robocop Gay” usado por Ruy Brisac, como Dinho, é o original, assim como a bateria que Rhener Freitas toca no papel de Sérgio. Apesar do investimento do marketing, incluindo até mesmo presença na CCPX e espaço no Fantástico, da TV Globo, o filme não me conquistou ou cativou. E, assim, sigo contente somente ouvindo as músicas para matar saudades do grupo. Eu nem estava por aqui quando aconteceu, é inegável que deixou sua merecida marca na história.

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