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"A Primeira Profecia": frescor essencial para um clássico da telona

Cinestesia, Por Gabi Fischer, Cineasta e Produtora

Em 19/04/2024 às 08:15:55

“A Profecia” (1976) é um filme de base na cinefilia do terror. A narrativa é sobre a vinda do anticristo e procura da marca da besta, mas é uma franquia que sofreu bastante, pois seus sucessores apresentaram grandes questões e foi difícil chegar ao patamar de seu número 1. Falo por mim, já que o filme nunca me chamou tanto a atenção ou entrou para minha lista de essenciais do gênero.

Então, “A Primeira Profecia” chegou e mudou tudo isso (fazendo eu até querer rever o primeiro). Já confirmo que vale seu ingresso e que é uma ótima sessão para a sala escura do cinema.

Para começar, muito desse mérito deixo nas mãos da diretora Arkasha Stevenson, que conseguiu colocar uma identidade no clássico. Ou seja, sua ousadia e coragem valeram muito a pena por mexer com uma franquia de 50 anos, porque deu um merecido refresh, com direito a até toques mais feministas a história.

O filme usa de características que reconhecemos da estrutura clássica do gênero e reconstrói em uma linguagem própria, utilizando especialmente muito bem ao seu favor a ambientação.

Roma é a maior referência de cenário para a igreja católica e somos posicionados nessa cidade, inclusive com cenas externas. Assim, é construído a tensão sobre o que está acontecendo nesse convento junto ao cenário político, pois estamos em plena década de 70 na Itália que vivia seus anos ditatoriais, junto à crise religiosa (com destaque para o secularismo), uma combinação de plano de fundo perfeita para que a história aconteça.

Para ainda pontuar sobre a Itália, gostei bastante do uso de claro e escuro, o posicionamento inteligente do que mostrar e ocultar ao longo do filme, assim como são os afrescos renascentistas, que também marcam presença no design de produção do filme.

E o olhar feminino faz diferença aqui, com destaque para a escolhas dos closes, do “não mostrar”, do criar o suspense por toda a narrativa. Somos majoritariamente cúmplices da protagonista Margareth, acompanhamos desde sua chegada até a grande descoberta. Vale destacar que o horror do filme é inteligente também, porque tem susto mas é uma consequência de estarmos tão dentro da narrativa, e não gratuita, que acontece um fácil envolvimento emocional com a personagem e a angústia de “o que está e pode acontecer”.

Preciso deixar todos meus elogios (pra variar) a nossa grande Sônia Braga como uma coadjuvante de peso e essencial para tudo no filme. E todo o mérito pra atuação de Nigel Tiger Free, que faz a gente ficar hipnotizada por ela e aplaudir seu trabalho de corpo.

O reviver da franquia é uma aposta inteligente porque os filmes de origem funcionam para dar esse restart. Claro que tem aquela cena final deixando em aberto que “pode vir mais filme aí” (a diretora afirma que quer continuar). Fui ao cinema com as amigas, também amantes do gênero, e saímos muito satisfeitas com tudo que assistimos (e tinha tempo que isso não acontecia!).

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