A corrida eleitoral para a prefeitura do Rio de Janeiro em 2024 está passando por uma transformação inesperada. O favoritismo de Eduardo Paes, que parecia consolidado, começou a ceder diante de uma ascensão repentina de Alexandre Ramagem. O que inicialmente parecia uma eleição previsível agora está se desenrolando de maneira mais acirrada, com Ramagem ganhando força e ameaçando a liderança de Paes, enquanto outros candidatos, como Tarcísio Motta, permanecem estagnados em suas intenções de voto.
Ramagem, que emergiu como o nome forte da ala conservadora, tem capitalizado a insatisfação de uma parcela significativa do eleitorado carioca. Muitos desses eleitores, que antes apoiavam Eduardo Paes, estão migrando para Ramagem, atraídos por sua proposta de mudança. A campanha de Ramagem, focada na segurança pública e em temas ligados à ordem, está se conectando com as ansiedades da população, especialmente nas áreas mais afetadas pela criminalidade e pela falta de segurança. Esse é um ponto central que tem sido amplamente explorado pelo candidato, que vem construindo sua imagem como o candidato capaz de trazer soluções mais firmes para esses problemas.
Eduardo Paes, por outro lado, está enfrentando dificuldades em manter a sua vantagem nas pesquisas. Sua estratégia, que sempre esteve ancorada na experiência e na gestão administrativa, agora parece insuficiente para reter parte do eleitorado. Embora tenha um histórico positivo em mandatos anteriores e seja reconhecido por sua habilidade de governar, a sensação de continuidade sem grandes inovações começa a afastar eleitores que buscam renovação. Paes, que já foi prefeito em múltiplas ocasiões, está vendo seu apoio esvaziar-se diante da narrativa de mudança trazida por Ramagem.
Esse fenômeno é parte de uma tendência global, em que candidatos de perfil conservador, com discursos voltados para a segurança, têm conseguido conquistar apoio popular em contextos de instabilidade urbana. Ramagem, alinhado com essa perspectiva, aproveita a crescente preocupação da população carioca com a violência e a insegurança. Suas propostas para lidar com a criminalidade, que incluem políticas de endurecimento contra o crime, estão ganhando força entre os eleitores que já não acreditam que Paes possa oferecer algo novo ou eficaz nessa área.
Tarcísio Motta, embora conte com uma base de apoio fiel no campo progressista, não tem conseguido expandir sua popularidade. Sua campanha, que aborda questões sociais com um olhar crítico, ainda não encontrou ressonância suficiente para crescer nas pesquisas. Mesmo com sua atuação consistente como parlamentar e sua defesa de pautas importantes para os setores mais vulneráveis da cidade, a estagnação nas intenções de voto reflete um cenário em que as candidaturas mais radicais, tanto à esquerda quanto à direita, estão enfrentando dificuldades para atrair novos eleitores.
Essa polarização crescente entre Paes e Ramagem aponta para um embate direto nas próximas semanas. Ramagem, que está em franca ascensão, tem grandes chances de superar Paes se continuar a capitalizar o descontentamento de setores significativos da sociedade carioca. O desejo por mudança, especialmente em questões relacionadas à segurança e à ordem, pode ser o fator determinante para uma virada eleitoral. De fato, se Ramagem mantiver o ritmo de crescimento nas pesquisas, há uma probabilidade real de que ele consiga reverter o cenário e assumir a liderança até o dia 6 de outubro.
Para Paes, o desafio é reconquistar os eleitores que estão se afastando. Sua experiência e histórico como prefeito jogam a seu favor, mas ele precisará ajustar sua estratégia para conter o avanço de Ramagem. Se continuar apostando na mesma narrativa de gestões passadas, corre o risco de não conseguir reverter a tendência de queda. Para manter a liderança, Paes precisa convencer o eleitorado de que ainda é capaz de trazer novas soluções para a cidade, e que seu modelo de governança é a melhor opção para o futuro do Rio de Janeiro.
A estagnação das demais candidaturas, como a de Tarcísio Motta, reforça a noção de que a eleição se polarizou entre Ramagem e Paes. Com os demais candidatos sem força para crescer, o campo de disputa fica mais restrito, o que favorece ainda mais o confronto direto entre os dois principais concorrentes. Esse cenário de polarização exige de ambos os candidatos uma estratégia focada em ganhar o voto dos indecisos, que podem ser decisivos nessa reta final.
Se Ramagem continuar a crescer e consolidar sua posição como o principal desafiante de Paes, ele terá a oportunidade de transformar essa eleição em um momento histórico, desafiando as previsões iniciais e colocando em xeque o favoritismo de Paes. Por outro lado, se Eduardo Paes conseguir reverter essa tendência e impedir que Ramagem continue a ganhar força, sua reeleição será garantida. O que está em jogo, no entanto, é muito mais do que apenas a escolha entre dois candidatos; trata-se de decidir o futuro da cidade e como os problemas crônicos, especialmente na área de segurança pública, serão enfrentados nos próximos anos.
Portanto, o que começou como uma eleição com favoritismo claro de Paes agora se tornou uma disputa acirrada e imprevisível. O eleitor carioca, conhecido por sua diversidade e por seu comportamento volátil em campanhas eleitorais, será decisivo nas próximas semanas. À medida que o dia da eleição se aproxima, Paes e Ramagem terão que intensificar seus esforços para conquistar cada voto, e a cidade do Rio de Janeiro se prepara para assistir a um dos pleitos mais competitivos de sua história recente. O resultado permanece incerto, e a vitória de qualquer um dos lados dependerá da capacidade de mobilizar e convencer eleitores em uma campanha que se mostrou surpreendentemente dinâmica.