Mais uma festa de réveillon acontece. Tradicionalmente, principalmente para quem mora na cidade do Rio de Janeiro, vestimos as nossas roupas brancas e na passagem de ano, à meia-noite, pulamos sete ondas para que possamos ter nossos caminhos abertos no ano que se inicia.
Se formos fazer uma pesquisa sobre as origens da festa, possivelmente vamos encontrar várias encruzilhadas e caminhos históricos. O que nos chama a atenção é que todas as fontes são unânimes ao apontar que o réveillon carioca surgiu dos encontros das religiões de matrizes africanas na praia de Copacabana.
Tendo a figura do Tatá Tancredo da Silva Pinto, sacerdote do culto de Omoloko, como um dos precursores. A celebração acontecia no dia 2 de fevereiro, como em Salvador, em homenagem a Yemanja. A partir da década de 1950 as homenagens passaram a ser realizadas no dia 31 de dezembro.
Mesmo estando as origens das festividades, celebrações e devoções associadas às religiões de matrizes africanas, não são elas que estão no palco do réveillon carioca.
Ao ser anunciado que haveria um palco exclusivo para a apresentação das músicas gospel, o sentimento e a prática da equidade, inclusão e igualdade religiosa deram lugar à palavra exclusão.
Sim, exclusão! Pois afinal estamos falando e fazendo reflexões pontuais sobre a importância das religiões de matrizes africanas como veículo de construção das nossas identidades e culturas nacionais.
Deste modo, não estou questionando a participação da cultura gospel nas celebrações, mas sim pontuando os usos e abusos dos símbolos, expressões e representações das religiões de matrizes africanas por conveniência política.
Cá do meu canto, a mensagem que visualizo é a de que Zé Pelintra não foi convidado para a festa!