Entre cantores e percussionistas, mais de 40 se reuniram num terreiro de terra batida no Quilombo São José para gravar 32 pontos centenários. O álbum "Jongo do Vale do Café” é mais que um presente para o ouvinte, é um patrimônio para a cultura brasileira. O Jongo do Quilombo São José e o Jongo de Pinheiral se uniram aos jongueiros do Morro da Serrinha, em Madureira. Imersos numa atmosfera mágica, brilhantemente captada, emanaram, com suas vozes, melodias em timbres que contam séculos de história. Somados à potência dessas vozes estão os tambores. Cada tambor é como um mestre, com sua própria história, carregado de toda energia presente na madeira da árvore que constitui seu corpo, no couro animal cuidadosamente esticado, que, como um receptáculo mágico, recebeu das mãos que o tocaram, ao longo dos anos, ensinamentos ancestrais que, agora, são ofertados através da sua “voz”, do seu toque, do ritmo que traz à tona o que a linguagem falada, por si só, não dá conta.
O álbum é fruto de uma escolha criteriosa de pontos num contínuo trabalho de pesquisa de quase 30 anos de Marcos André, músico, ativista do patrimônio imaterial, realizador deste trabalho e que assina a direção artística e a direção musical em parceria com Thiago da Serrinha.
"Doudou do Som”, como é conhecido o engenheiro de som franco-brasileiro Philipe Ingrand, foi responsável pelo desafio de captar as vozes e instrumentos de forma a tentar preservar toda a energia do momento. O que fez muito bem! Além da excelente captação, basta fechar os olhos e colocar um bom par de fones de ouvido para que a mixagem nos transporte imediatamente para o meio de uma roda de jongo. Para isso, foi montado um estúdio de gravação numa floresta no alto do quilombo e foram utilizadas técnicas de gravação de orquestra que ajudaram a preservar essa atmosfera.
O Jongo de Pinheiral é encabeçado por Fatinha, Meméia e Gracinha, criadoras de uma escola de jongo, que repassa a tradição dos pretos velhos já falecidos.
Já no Quilombo São José, temos descendentes de dois casais africanos de Angola, transportados em um navio negreiro para o trabalho nas fazendas de café, onde ficaram praticamente isolados, sem luz elétrica e comunicação até 2005. Vale o destaque: "sem luz elétrica e comunicação até 2005”. Vivem hoje numa realidade rural. No álbum, ouvimos também Gilmara, Luzia e Luciene, jongueiras da nova geração.
Esse álbum é um trabalho que valeria uma tese. Muito mais que presente, que história…
Delírios sonoros!
Patrocínios e parcerias
O projeto conta com o patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro via Secretaria Municipal de Cultura por meio do programa de fomento à cultura FOCA 2022 e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Petrobras através do patrocínio a Escola de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio.
São parceiros do projeto os grupos Jongos de Pinheiral, Quilombo São José/Valença, Vassouras, Arrozal/Piraí, Barra do Piraí e Cia de Aruanda do Morro da Serrinha. a Rede de Jongo do Vale do Café, a Rede de Patrimônio Imaterial do estado do Rio, a Prefeitura de Pinheiral, o Instituto Floresta e Samba Jongo.
OUÇA O JONGO DO VALE DO CAFÉ:
https://spotify.link/j5f6LEwRxDb
SIGA O JONGO DO VALE DO CAFÉ:
www.instagram.com/jongovaledocafe/
FICHA TÉCNICA
Realização, pesquisa e direção artística: Marcos André
Produção: Rede de Jongo do Vale do Café
Direção musical: Marcos André e Thiago da Serrinha
Engenheiro de som e gravação: Philippe Ingrand (Doudou do Som)
Mixagem: Doudou do Som e Marcos André
Masterização: em maio de 2023, na Califórnia, por Ken Lee Mastering
Vozes: Jongo de Pinheiral: Mestras Fatinha, Meméia e Gracinha, Cintian e Dede.
Jongo do Quilombo São José: Mãe Tete, Seu Jorge, Pádua, Gilmara, Luzia,
Luciene, Carmen, Jorgina, Santinha e Lucia Helena.
Serrinha: Rodrigo Nunes, Marcos André, Pai Dário de Ossain,Thiago da Serrinha, Nina Rosa, Hamilton Fofão e Joyce Kelly.
Tambores: Pádua, Jorjão, Anderson Vilmar, Thiago da Serrinha, Geovane, Valdeci, Vitor e João
Cavaquinho: Hamilton Fofão