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Seu celular escuta o que você conversa?

Em 12/02/2020 às 11:12:15

Desvendando o mistério logo na primeira linha do texto, a resposta é não, a princípio.

Você certamente já escutou alguém dizer que estava em uma conversa pelo celular, mencionou algum produto ou serviço e, logo depois, começou a ser bombardeado por propaganda daquilo que foi dito. No documentário "Privacidade Hackeada", uma das cenas iniciais aborda exatamente este tema. Mas isso não acontece de fato.

E não fui eu que disse. Pequisadores da Universidade de Northeastern, em Boston, nos Estados Unidos, derrubaram essa teoria da conspiração e viram que os celulares não nos escutam. Para chegar a essa conclusão, eles testaram mais de 17 mil aplicativos na plataforma Android (mais presente em smartphones no mundo). Entre esses aplicativos, estavam algumas plataformas que pertencem ao Facebook e outros aplicativos que podem enviar informações para a rede social.

Uma coisa é certa: o tempo todo na Internet, empresas tentam saber mais sobre você. Seu gênero, gosto musical, preferência de time e até mesmo se vai ter um filho. Em 2012, a gigante varejista americana Target descobriu um modo de prever se suas clientes estavam grávidas aplicando um modelo baseado em estatística, coleta de dados e Big Data (tema de uma próxima coluna).

Mas como isso acontece, afinal?

REMARKETING, RETARGETING, LOOK-A-LIKE E O CURSO DE INGLÊS EM DIA

Existem diversos modos de você ceder dados a empresas para realizar publicidade. A partir do momento em que você esta conectado à Internet, você deixa diversos lastros digitais A ideia de que o celular escuta o que a gente fala está relacionada, principalmente, com técnicas de remarketing, retargeting e look-a-like, todas figurinhas carimbadas no mundo do marketing digital e publicidade.

O remarketing é um modo de propaganda que exibe anúncios para usuários que já tiveram contato com a marca, como acesso ao site, colocar produtos em carrinho de compra ou abrir um anúncio. Bem parecida, pois têm o mesmo objetivo, o retargeting utiliza mídia paga, como anúncios em redes sociais e no Google, com o mesmo intuito. Já o look-a-like (expressão para sósia, em inglês) nada mais é que uma extensão do público alvo de uma campanha.

Vamos a uma situação na prática. Suponhamos que você queira alugar um imóvel e converse com amigos sobre isso. Se esses amigos morarem na mesma cidade que você, é alta a probabilidade de eles terem contato com alguma propaganda de locação de casa e apartamento. A "bruxaria" acontece porque o look-a-like vai entender que pessoas que tenham o mesmo perfil que você (e isso leva em consideração faixa etária, gênero, profissão, localização, entre outros) possam ter interesse também em alugar imóveis.

Uma outra forma bem comum de captura de dados é quando visitamos alguns sites e eles instalam "cookies" em nosso computador, por meio do navegador. Eles são pequenos arquivos (em geral, de 1kb a 2kb) que contém informações sobre o usuário que navega por aquela página.

MAS O CELULAR PODE ESCUTAR O QUE FALO?

Aí a coisa muda de figura e isso é uma possibilidade bem verdadeira. Sabe aquele aplicativo que te deixa com aparência de idoso ou do sexo oposto? E aquele app de relacionamento que você torce para dar match? Ou um GPS inteligente que te sugere a rota mais rápida para casa, mas para entrar nele, você usou seu Facebook como login? Então... Quando se coloca um programa no celular ou no computador, a gente sempre pula aquele textinho na hora da instalação. Ao aceitar o chamado "Termo de Política de Privacidade", você concorda com tudo aquilo que não foi lido.

Aliás, na Era da Preguiça, já parou para pensar quantos aplicativos você usa como o login o Facebook, Gmail ou instala sem ler esse texto? Toda vez que você insere programas em seu celular, eles acessam seus dados não somente de redes sociais, mas informações do próprio aparelho, tais como: posição em tempo real, consumo de bateria, acesso à câmera e acesso ao microfone (por isso falei que não escutava, a princípio).

Em agosto deste ano entra em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que vem com a intenção de regular o uso e captura de dados por empresas. Ainda não existe no mercado relato de propaganda direcionada a partir de áudio. Com a ascensão dos smart speakers e assistentes de voz inteligente (como a Siri – iPhone -, Alexa – Amazon e Cortana – Microsoft), esse cenário talvez mude.

George Soares é doutorando em Tecnologia da Comunicação pela Uerj. Atua no mercado digital há mais de 10 anos.

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