Se paro para pensar um pouco sobre o que eu era e o que eu poderia ter sido, bate uma angústia. Nós somos o que podemos ser diante das circustâncias que nos são golpeadas. Mas quando chega à noite, o nosso cérebro insiste em recapitular cada cena a qual nos perguntamos por que não agimos de outra maneira ou por que falamos o que sequer gostaríamos.
A gente tá sempre na estrada e, enfim, chegamos ao momento em que nos cabe escolher se seguiremos pela via A ou B. Quando escolhemos A, ficamos incertos e reféns do “e se’’. E se tivéssemos escolhido a opção B? Se a B fosse a felizarda da vez, o mesmo aconteceria em relação à A. É que nunca estamos satisfeitos com as nossas próprias escolhas, mas também nos insatisfaz a possibilidade da suspensão do livre árbitrio. Convenhamos: o outro caminho tende a parecer melhor porque temos uma visão parcial dos prós, e pouco nos é permitido ver quanto aos contras. A consequência disso é a sensação de fracasso e invalidez. Somos cruéis com nós mesmos a respeito de nossas decisões e esquecemos que a vida é instável, e nós insignificantes. Somos permutáveis, substituíveis, até mesmo onde jamais poderíamos ser trocados.
Certas vezes somos movidos por uma força maior do atrito e o que nos sobra é a pluralidade do sofrimento escasso, resultado de um orgulho inútil que cresce em nosso interior dia após dia. Muitas vezes não sabemos reconhecer quando passamos do ponto e outras vezes ficamos aguardando um pedido de trégua que nunca chega. Há um segundo tudo parecia estar em paz, até não estar mais. Uma fração de segundo é o suficiente para tudo mudar. Uma atitude por impulso que precisará de muito mais tempo do que isso para ser revertida - quando há a oportunidade - porque estamos falando sobre a fragilidade do tempo. Lidar com circunstâncias que fogem do nosso controle é uma guerra implacável, e a decisão dos outros é uma delas. Nos resta, então, optar pelo o que nos arrependeríamos menos, uma vez que o arrependimento parece persistir em fazer parte do pacote.
O tempo é o nosso maior adversário, o mais cruel. Desafiá-lo seria burrice! Então, cabe a nós repensar se vale a pena adiar conversas difíceis porque não nos é concebido o privilégio da eternidade para reverter a discórdia. Não escolher uma via, A ou B, é tornar-se submisso à dúvida, além de lhe obrigar a aceitar o que vier sem ao menos tentar fazer diferente. A reza prometida tem sua parcela de relevância, mas ela não anula ações. E sem ações, nada acontece.
E quando, por fim, o tempo acabar, lhe caberá apenas o questionamento: e se eu tivesse escolhido outro trajeto?
A hora (das escolhas) é agora, e nenhuma outra.
Até o próximo texto!
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