TOPO - PRINCIPAL 1190X148

"Virgínia": a história da escritora pela nobreza de Claudia Abreu

Olhar Teatral, Por Paty Lopes, Crítica Teatral

Em 19/11/2022 às 10:21:38

Sempre que vejo um espetáculo sobre um dramaturgo, um escritor ou uma literatura reconhecida mundialmente, recorro a um livro que tenho em minha pequena estante: 50 Clássicos Que Não Podem Faltar na Sua Biblioteca, da escritora Jane Glessson-White. Lá sempre encontro algo a mais para tornar meu texto mais atrativo. Em suas páginas encontro Dom Quixote, Jane Austen, Leon Tolstói, Fiódor, Clarice Lispector, Moby Dick e João Guimarães Rosa entre outros. O livro é bem interessante, pois, em alguns capítulos, a autora descreve questões interessantíssimas, dados econômicos da época, fé, histórias de vidas de alguns deles, é muito gostoso de ler. Só que desta vez, a madame Abreu parece que chegou na minha frente e me deixou sem uma informação que estivesse de fora da sua obra.

Ela idealizou e dramaturgou (risos) como um rio imparável e atuou com maestria. Uma artista completa, pode-se dizer perfeita!

Ela atua não só como Virgínia, mas como parte da sua família e o seu marido Leonardo Woolf. E cada um com o olhar da própria atriz e suas pesquisas, tudo muito peculiar a cada personagem.

A elegância da mãe da autora, Julia Stephen, é uma beleza de criação de personagem. Notável, o amor e a empatia da atriz pela autora Woolf! Uma sonoridade ímpar, talvez por sentir, como mulher, todas as mazelas que acompanharam a literária, nascida em 1882.

Fica difícil dizer qual das duas artistas é mais parecida com a deusa Atena, na mitologia conhecida como Minerva.

A harmonia e estética através do visagismo foi perfeito, a atriz se transforma visualmente em Virgínia.

Sem cenário e com um figurino perfeito, cinta com uma iluminação que se conectou com a trilha sonora de Dany Roland. Esta trilha não pode passar despercebida nesse texto. Qualquer um que tenta entender a montagem fica imaginando esse trabalho, que não deve ter sido nada fácil, mas instigante como um objetivo visceral, onde os minutos não podem dar errado. Segundos que estão conectados ao som, às falas, o texto da atriz em cena. A trilha sonora te leva a Virgínia, aos fatos que ela nos traz, dentro do Teatro XP.

E os movimentos corporais de Marcia Rubin? Um primor, um escândalo inebriante, que nos levam, junto à Cláudia, ao último mergulho da escritora e sua passagem pela guerra.

Mais uma vez, a trilha sonora é abraçada, pois os movimentos corporais também estão alinhados ao som. Incrível essa dinâmica.

Amir Haddad é o diretor, que parece ter olhado com carinho para "Cacau", apelido da atriz! Ela ocupa um palco sem cenário, apenas com um elemento: a luz.

Cláudia conta a vida de Virgínia, tudo com muita nobreza. No início do texto, a atriz fala sobre como um escritor não esquece nenhum personagem. Só quem escreve entende esta fala, como cada um deles é importante para seu criador, como vírgulas e pontos têm sentido para aqueles que fazem a criatividade se transformarem em palavras. Excelente olhar e menção!

Um espetáculo que merece ser admirado e aplaudido como tem sido!

O encontro de Ofélia e Virgínia foi um brinde ao teatro. Que maravilha este olhar, que só poderia ter partido de uma mulher que ama o teatro, que faz das artes cênicas um dos seus propósitos de vida.

Viva Claudia Abreu e sua, nossa Virgínia!

Sinopse

Claudia Abreu gosta de fantasmas, seja em espetáculos infantis, seja em espetáculos para adultos. Não bastou o Pluft, ela queria e quer mais...

Tudo que ela faz é bem-vindo, porque sabe fazer com qualidade. Dessa vez, ela vem como a dona de tudo, ou quase tudo, basta observar a ficha técnica. Ela está madura e sem freios, é como que a atriz se apresenta em um espetáculo lindíssimo, rico no que se permite falar sobre a eterna escritora Virgínia Woolf.

A dramaturgia foi concebida como inventário íntimo da vida da autora. Em seus últimos momentos, ela rememora acontecimentos marcantes em sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os queridos amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo. A estrutura do texto se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de "dar corpo" às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.

Ficha Técnica:

Idealização, Dramaturgia e Atuação: CLÁUDIA ABREU

Direção: AMIR HADDAD

Codireção: MALU VALLE

Direção de Movimento: MARCIA RUBIN

Figurinos: MARCELO OLINTO

Iluminação: BETO BRUEL

Trilha Sonora: DANY ROLAND (com colaboração de José Henrique Fonseca)

Operação de som: BRUNA MORETI

Assistente de iluminação: IGOR SANE

Operação de som nos ensaios: MÁXIMA CUTRIM

Serviço:

Até amanhã, 20 de Novembro de 2022

Horário: sábados às 20h | domingos às 19h

Local TEATRO XP

Endereço Jockey Club Brasileiro - Av. Bartolomeu Mitre, 1110B - Gávea - Rio de Janeiro/RJ

Telefone (21) 3807-1110

Ingressos R$ 80,00 (Inteira), R$ 40,00 (Meia)

(Vendas na Sympla ou na bilheteria do teatro, nos dias de apresentação)

Capacidade 366 lugares

Classificação Indicativa 14 anos

POSIÇÃO 2 - ALERJ 1190X148
DOE SANGUE - POSIÇÃO 2 1190X148
TOPO - PRINCIPAL 1190X148
POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148
POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148
Saiba como criar um Portal de Notícias Administrável com Hotfix Press.