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Peixão tinha rede de proteção de policiais não só no Rio como também na Baixada

Por Mario Hugo Monken em 27/12/2019 às 12:48:58

Investigações policiais revelam que um dos principais líderes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, mantinha supostos esquemas de corrupção de policiais tanto na Capital como em comunidades da Baixada Fluminense como forma de se manter em liberdade e não atrapalhar seus negócios.

No Rio, a apuração revelou que Peixão chegou a pagar, pelo menos a partir de 2016, propinas semanais para que PMs do 16º Batalhão (Olaria) para que eles combatessem o tráfico de entorpecentes na região e permitissem a circulação e/ou realização dos serviços ilegais prestados pela facção criminosa, como o transporte alternativo, venda de gás e do ´gatonet´, entre outros.

A serviço do criminoso, há policiais suspeitos de ligação com o homicídio de uma líder comunitária na região em 2016 que supostamente negociava a devolução da Cidade Alta para o Comando Vermelho (CV). Apenas um PM, porém, responde até agora por tais acusações na Justiça e será julgado em breve. Um outro é citado mas não virou réu.

Na Baixada Fluminense, as supostas propinas da quadrilha de Peixão eram entregues a PMs de DPOs de Comendador Soares, Morro Agudo, Miguel Couto, em Nova Iguaçu, Serviço Reservado (P2) e até para um agente de uma delegacia da região. A investigação começou em 2015.

Os policiais suspeitos utilizavam codinomes para se identificar junto aos traficantes de drogas a fim de receberem o pagamento semanal das importâncias ajustadas, que se realizava às sextas-feiras, sábados e domingos, exceto para a polícia civil cujo dia de pagamento era às terças-feiras. Os suspeitos, muitas vezes, agiam fardados, utilizando as próprias viaturas da corporação e suas armas de fogo.

Os valores chegavam a R$ 70 mil. Os DPO´s recebiam R$ 9 mil por semana, em parcelas de R$ 3 mil. Cada equipe do GAT recebia R$ 5 mil por semana e a P2 recebia R$ 3 mil por semana. Já o policial civil recebia R$ 3 mil por semana, segundo as investigações.

Os PMs suspeitos garantiam a mínima intervenção policial nas localidades com tráfico de entorpecentes, além de terem prestado preciosas informações sobre incursões policiais com a finalidade de permitir aos traficantes o êxito na fuga. Já o policial civil prestava informações sobre incursões policiais nas localidades comandadas pelo TCP das quais teve ciência em razão do cargo que desempenhava na DP.

O sistema e pagamento funcionava da seguinte forma: os policiais que mantinham contato telefônico com os traficantes, principalmente com os que exerciam a função de" sintonias ", efetuando a cobrança do" arrego ". O acordo de pagamento dispunha de total organização a fim de permitir o recebimento da propina com regularidade e sua redistribuição entre todos os demais policiais envolvidos - muitos ainda não identificados - visando o fornecimento de informações sobre incursões policiais com a finalidade de permitir que os traficantes se evadissem do local, garantindo o mínimo de intervenção no comércio ilícito de entorpecentes.

Três policiais militares e um policial civil foram condenados no ano passado a três anos e seis meses de prisão e a Justiça negou que eles pudessem recorrer em liberdade.

A investigação revelou na época que Peixão, na condição de líder de favelas do Rio, resolveu ampliar sua atuação implantando o tráfico de drogas em diversas comunidades situadas na comarca de Nova Iguaçu, dentre elas Buraco do Boi, Aymoré, Inferninho e Três Campos.
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