Quadrilha de chefão do tráfico em Japeri pagava propina a PMs para explorar areal
Exploração ilegal rendia ao grupo do traficante um lucro mensal de R$ 100 mil para comprar armas, munições e drogas
Breno do Guando. Foto: Divulgação.
A quadrilha comandada pelo traficante Breno da Silva Souza, o BR ou Breno do Guandu, preso desde 2018, pagava semanalmente R$ 800 a policiais militares do 24º BPM (Queimados) para garantir o livre exercício da exploração clandestina de um areal no Complexo do Guandu, em Japeri, na Baixada Fluminense.
As informações constam em um processo que tramita na 1ª Vara Criminal do município, que ainda não tem sentença condenatória. Os nomes dos agentes suspeitos não são citados.
A exploração do areal (venda de areia) rendia ao grupo de Breno um lucro mensal de R$ 100 mil, o que o ajudava a financiar a compra de armas, munições e entorpecentes para a quadrilha.
O bando de BR mantinha sociedade com os operadores do areal. "Só o areal tá dando 100 mil por mês pra boca", disse um traficante flagrado em escuta telefônica.
O suspeito conhecido como Cabelinho administrava o areal atuando como intermediário entre Breno e a empresa locadora das máquinas utilizadas na extração ilegal.
Acordo com seguradora
Outro esquema desenvolvido pelo bando era a ajuda de um funcionário de uma seguradora que negociava com a facção o resgate de veículos roubados pelo grupo e levados para o complexo do Guandu.
A seguradora, a fim de não efetuar o pagamento do prêmio ao segurado, oferecia determinada quantia em dinheiro aos autores do roubo, que devolviam o veículo. Tal atividade era demasiadamente lucrativa ao tráfico e fomentava o roubo de veículos na Baixada Fluminense.
Escutas telefônicas flagraram Breno comentando sobre uma suposta extorsão de R$ 10 mil de supermercados da região.
Plano para matar o próprio pai
Ele foi flagrado em uma outra interceptação conversando com uma irmã e falando sobre a possibilidade de matar o próprio pai.
Breno ficou insatisfeito com o fato de o genitor, que atuava como vapor, em uma noite de Natal, ter abandonado seu posto sem autorização, deixando o local sem rádio comunicador, pois teria levado consigo a antena. Irritado com tal conduta, o traficante teria dito: 'se ele ficar no Guandu e der um mole, vai pagar com a vida'.
Investimentos altos
Outras interceptações mostraram o alto investimento do grupo na compra de armas e munições. Em uma delas, os traficantes falam sobre gastos semanais de R$ 1.500 na aquisição de munições. Em um outro trecho, se comenta sobre um investimento de R$ 60 mil na compra de entorpecentes.
Uma escuta revelou também que o bando tinha em seu poder cerca de 50 fuzis.