Na próxima quinta-feira (12), dez mulheres negras vão se encontrar no palco do Teatro Firjan Sesi, no Centro do Rio. O encontro das atrizes marca a estreia do espetá um "Yabá - Mulheres Negras. A peça foi idealizada por Rodrigo França e dirigida por Luiza Loroza. Além disso, o texto de Maíra Oliveira ressalta as características ancestrais das personagens. Cada uma referente à determinada Òrìxà, cultuada pelos povos Yorubás e sua diáspora.
A construção dramatúrgica demonstra em fatos que, independente da classe social ou idade, a vida de qualquer mulher negra é composta por muitos pontos de intercessão. A encenação propõe concretamente o movimento de circularização do tempo, a performatividade das manifestações de matriz africana e suas ressignificações na diáspora que constroem o corpo cênico, tornando menos perceptivo o trânsito entre o "real" e o "ritual".
"Construímos um diálogo sobre o que é ser mulher negra hoje, com mais perguntas do que respostas. Não queremos reafirmar o lugar da "mulher negra forte" que aguenta tudo; as personagens são construídas com contradição, como é na vida. Tem sido uma grande oportunidade de descobrir em mim dez outras possibilidades de existir. Uma responsabilidade gigantesca de trazer ao palco nossa ancestralidade em forma de palavra, música e movimento. É uma experiência ritual-teatral", destacou a diretora Luiza Loroza.
Encenada em seguida à montagem de "Oboró – Masculinidades Negras", Rodrigo co-dirige a montagem e reforça a ideia do encadeamento dos textos.
"Sempre tivemos em mente uma trilogia, mas com uma lógica de pensar o povo negro brasileiro. Pensamos nas especificidades de cada gênero, mas sem perder o contexto coletivo e o que nos liga como população negra, enaltecendo sempre as nossas subjetividades. Para o próximo, vamos focar na ancestralidade que nos conecta com uma África pré-colonizada", antecipou.