As mudanças impostas pela quarentena afetam também a rotina dos pets. Por mais que os cães adorem passar horas na companhia dos tutores, aspectos como a diminuição na frequência de passeios, a energia acumulada ou alterações nas atividades diárias podem estimular a lambedura excessiva. Esse é um sinal de alerta que indica que o animal está enfrentando uma situação desafiadora.
“Os cães utilizam a lambedura como uma forma de aliviar o estresse, pois ela provoca a liberação de opióides endógenos que trazem uma sensação de prazer, o que acaba resultando em um ciclo vicioso, especialmente quando o animal está passando por uma mudança brusca”, explica a Médica Veterinária e Gerente de Produtos da Ceva Saúde Animal, Priscila Brabec.
O surgimento do problema costuma ser multifatorial. O crescimento desordenado de bactérias, alergias, a infestação por ectoparasitas, como pulgas e carrapatos, itens da alimentação, e até mesmo a ansiedade podem ser responsáveis por desencadear o hábito. “Em muitos casos, o comportamento está relacionado à rotina dos pets. Nesse momento de isolamento, os cães acabam ficando mais preguiçosos, passando horas dormindo próximos aos tutores e deixando, muitas vezes, de realizar atividades que gastam energia, como passeios e brincadeiras. Isso pode gerar tédio, estresse ou depressão e acabar ocasionando a dermatite por lambedura de caráter psicogênico. É importante ressaltar que a lambedura também pode ser indicativa de problemas dermatológicos, por isso, caso o comportamento persista, o tutor deve buscar imediatamente a ajuda de um veterinário”, afirma Priscila.
A lambedura excessiva pode resultar no desenvolvimento de uma série de complicações, como perda de pelos (alopecia), infecções locais e, em casos graves, lesões ulceradas com difícil cicatrização. O problema, quando associado ao estresse, pode ser minimizado com alguns cuidados, como aumentar o nível de atividades do pet em casa. O enriquecimento ambiental é fundamental, especialmente nesse período onde o pet está com as saídas para rua restritas.
“Para isso, o tutor pode investir na criação de uma nova rotina com o pet. Entre as opções está separar um período do dia para brincar com o cão, o uso de brinquedos interativos, especialmente os que possibilitam colocar alguma guloseima dentro, o que manterá o animal entretido por algum tempo. Outra dica é aproveitar o momento para ensinar novos truques ao cão. Para quem mora em casa é possível também acrescentar uma rotina de exercícios estimulando, por exemplo, o animal a caminhar pelo espaço. Também pode incluir o uso do odor materno canino (Adaptil) no ambiente, que transmite para o cão a sensação de bem-estar, segurança e conforto, diminuindo o estresse e ansiedade. O importante é criar estímulos para que a lambedura deixe de ser atrativa”, explica Priscila.