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Parceria para a cura

Astrazeneca vai testar combinação de sua vacina com a russa Sputinik V

Teste tem como objetivo aumentar a eficácia da vacina britânica


Foto: Agência Brasil

O conglomerado farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca iniciará ensaios clínicos para testar uma combinação de sua vacina experimental contra a covid-19 com o imunizante russo Sputnik V. O teste tem como objetivo aumentar a eficácia da vacina britânica, comunicou nesta sexta-feira (11/12) o Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF). Os testes começarão no final do ano.

No comunicado, a AstraZeneca disse que estava avaliando combinações de diferentes vacinas e que logo começaria a estudar com o Instituto Gamaleya, que desenvolveu o imunizante russo Sptunik V, a possibilidade de duas vacinas baseadas em genes inativados de adenovírus serem combinadas com sucesso.

A cooperação entre uma das empresas mais valiosas listadas no Reino Unido e o instituto russo de pesquisa científica apoiado pelo Kremlin destaca a pressão para desenvolver um imunizante eficaz no combate à pandemia que custou em menos de um ano mais de 1,5 milhão de vidas.

O passo da AstraZeneca deve ser recebido em Moscou como um há muito tempo aguardado voto de confiança de um fabricante ocidental na vacina Sputnik V. Os desenvolvedores do imunizante russo afirmaram que os testes clínicos – ainda em andamento – mostraram que a Sputnik V tem uma taxa de eficácia de mais de 90%, um valor maior do que o apresentado pela AstraZeneca e semelhante às rivais americanas Pfizer e Moderna.

No entanto, alguns cientistas ocidentais vêm expressando dúvidas em relação a rapidez dos procedimentos na Rússia, que deu o aval regulatório para a Sputnik V e lançou vacinações em larga escala antes que os testes completos para verificar segurança e eficácia estivessem concluídos.

A AstraZeneca, outrora vista como pioneira na corrida pela vacina contra a covid-19, prepara-se agora para outra rodada de testes para confirmar se seu imunizante pode ser 90% eficaz.

O imunizante desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford foi o primeiro a ter seus resultados da terceira e derradeira fase de ensaios clínicos divulgados. A eficácia média anunciada foi de 70,4%, mas um erro na metodologia e falhas na divulgação dos resultados provocaram críticas.

A média se deu pela junção de dois grupos de voluntários – um recebeu duas doses completas e resultou em eficácia de 62%, enquanto o grupo que recebeu uma dose e meia bateu os 90%.

Tanto a AstraZeneca como o Instituto Gamaleya optaram por uma vacina que usa adenovírus inofensivos como mensageiros para levar instruções genéticas ao corpo e estimular as células a produzir proteínas imunizantes, uma abordagem que foi usada previamente contra o ebola.

Em novembro, os desenvolvedores da Sputnik V tinha sugerido numa mensagem no Twitter que a AstraZeneca avaliasse a combinação dos dois projetos de imunizante.

"A decisão da AstraZeneca de realizar testes clínicos usando um dos dois vetores da Sputnik V para aumentar a eficácia de sua própria vacina é um passo importante para unir esforços na luta contra a pandemia", disse o chefe do RDIF, Kirill Dmitriev, em comunicado.

A parceria pode vir a ser alvo de escrutínio, já que em julho o Reino Unido afirmou que hackers apoiados pelo Estado russo tentaram furtar informações sobre vacinas contra a covid-19 e pesquisas de tratamento de instituições acadêmicas e farmacêuticas de todo o mundo. O Kremlin rejeitou as alegações de Londres.

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