A 3ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) condenou Felipe Gomes Lima a 27 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato de Anderson Cosme dos Santos de Carvalho Júnior, que na época tinha 17 anos. Felipe, conhecido como “Bigu”, é apontado como integrante da milícia conhecida como “Liga da Justiça”, que atua na Zona Oeste do Rio. Durante uma audiência, Felipe confessou ter tatuado no próprio corpo a imagem do personagem “Batman” - apelido do chefe do grupo paramilitar, Ricardo Teixeira Cruz, atualmente preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).
Anderson foi morto com onze tiros, alguns disparados quando ele estava de costas, na noite de 15 de julho de 2014, quando enquanto aguardava atendimento numa oficina mecânica em Campo Grande. A milícia teria ordenado sua execução sob a suspeita de que a vítima estaria envolvida em roubos na região dominada pelo bando. Felipe está preso desde 2016.
Na sentença, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, presidente do III Tribunal do Júri do TJRJ, ressaltou que “a personalidade do acusado é corrompida e distorcida, vez que agiu sem ostentar remorso ou arrependimento”.
Controle de bairros inteiros pela violência rende à Liga 'superpoder paralelo'
A Liga da Justiça, por muito tempo, foi o maior grupo paramilitar da Zona Oeste. O relatório final da CPI das Milícias, de 2008, apontou um faturamento mensal da ordem de R$ 2 milhões, em valores da época. A exploração de transporte alternativo e a cobrança de taxas de proteção de moradores e comerciantes são as principais fontes de renda do bando, de acordo com o delegado Marcos Neves, da 35ª DP. O promotor do Ministério Público Estadual, Jorge Magno, também associou, em oitiva no dia 17 de julho de 2008, o crescimento das milícias à exploração do transporte alternativo.
Em depoimento à CPI no dia 21 de agosto de 2008, o então Secretário de Estado de Segurança Pública, dr. José Mariano Beltrame, afirmou que as milícias constituem uma das maiores ameaças concretas ao Estado. Beltrame chamou a atenção para o fato de que no México, por exemplo, grupos milicianos evoluíram para o que lá já é chamado de narcomilícia, ou seja, a milícia atuando no narcotráfico. Coincidência ou não, desde então se multiplicaram os indiciamentos e condenações de bandos paramilitares pelo tráfico de drogas, com disputas violentas de pontos, particularmente na Zona Oeste.
Fonte: Com Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e Alerj/CPI das Milícias