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Alessandro Lo-Bianco, da 'Tarde é Sua': 'ameaças não me intimidam'

Jornalista de celebridades da Rede TV também é autor de onze livros

Por Isa Miranda, Colaboradora em 04/05/2021 às 19:23:42

Alessandro Lo-Bianco é colunista do programa “A Tarde É Sua”, apresentado pela jornalista Sônia Abrão. Foto: Renato Cipriano/Divulgação

Alessandro Lo-Bianco é colunista do programa “A Tarde É Sua” (apresentado por Sonia Abrão), repórter da RedeTV! e autor de onze livros. O jornalista foi entrevistado por Isa Miranda, colaboradora do Portal Eu, Rio! O papo foi sério, mas começou descontraído com citações de seus “traumas” de infância.

Portal Eu, Rio!: Conte-nos sobre a “mulher do saco”.

Alessandro Lo-Bianco: Eu era muito arteiro, fazia muita malcriação, muita bagunça quando era novinho e, às vezes, meus pais, tadinhos, saíam do sério mesmo e não tinha mais o que fazer para eu aquietar meu facho. Eles falavam: ‘olha, se você não parar, a mulher do saco vai te pegar!’. Eu ficava morrendo de medo, corria para a janela, via alguns senhorzinhos passando na rua e ficava imaginando quem era. Até que um dia eu vi de fato um desses idosos passando com uma mala e um saco nas costas e tive vários pesadelos. Fiquei extremamente traumatizado com isso e aprendi a me comportar imaginando a mulher do saco.

PER: E sobre o “doceiro que vendia balas com drogas”?

ALB: Minha mãe falava: ‘nunca aceite nada de estranhos na rua, nada que alguém te ofereça e você não conheça!’. Sempre fui muito questionador e falava: ‘Por quê?’ (...). Acho que, em algum momento, minha mãe falou assim: ‘porque pode ter um doceiro na porta do seu colégio que vai te vender uma bala com drogas’. E aí isso também me traumatizou porque eu via todo mundo comprar pipoca. Existia um doceiro na porta do colégio e acho que ela não se ligou nisso. Comecei a sair por outra porta do colégio, a ficar preocupado, a falar mal dele para as pessoas: ‘Não aceita nada dele porque ele bota drogas’. Eu personifiquei. Até que aquilo começou a fazer um correio sem fio e chegou nele, tadinho. Aí ele me deu uma chacoalhada: ‘que estória é essa que você tá falando que eu vendo bala com drogas por aí?’ (...) E aí que me traumatizou mais ainda: ‘meu Deus, é ele mesmo! Virei uma vítima!’”.

PER: Qual foi o livro mais difícil de escrever?

ALB: Foi o ‘Comunicação e Administração’ (...) Entendi que, naquela fase que eu trabalhava como Analista de Comunicação, eu não estava tanto na gestão da coisa. Isso quem estava mais eram os cargos de gerência e, como decidi falar de Comunicação e Administração, comecei a ter dificuldade (...). Tive que dar uma parada no que achava, ler muita bibliografia sobre o assunto, conversar com gerentes, coordenadores, pessoas que exerciam cargos acima do que eu exercia. E aí comecei a ter uma crise de identidade dentro desse livro pensando: ‘poxa, será que tenho poder de fala já que não vivencio isso?’. Então tive que retomar toda minha narrativa do livro e recomeçar a escrevê-lo a partir dos relatos que escutava das pessoas que, de fato, vivenciavam essa experiência.

PER: Que livro você mais curtiu fazer?

ALB: O que eu gostei mais foi ‘Jornalismo de Celebridades’ porque foi o resultado do meu Trabalho de Conclusão do Curso da faculdade e eu já trabalhava na Editora Abril. Meu primeiro estágio foi lá com Jornalismo de Celebridades, logo no segundo período da faculdade. E ali entendi que era um tipo de jornalismo, que eu era cheio de preconceitos e descobri que era o jornalismo mais consumido do mundo. Então, fiquei apaixonado por esse mercado e, ao longo da faculdade, fui ficando na Abril, fui rodando várias revistas e me apaixonando mesmo por este tipo de jornalismo.

PER: Qual a repercussão das reportagens políticas?

ALB: Quando a gente causa um impacto muito grande dentro de outros cadernos, de outras editorias, como o da Política, por exemplo, a gente é falado, mas é mais comentado o conteúdo que a gente falou do que propriamente a nossa pessoa. E quando a gente é criticado também. Por exemplo, a gente faz uma denúncia em cima de um político e quando ele vai falar mal, vai querer argumentar, ele fala do veículo. Ele não fala de quem falou dele.

PER: E os efeitos de matérias sobre celebridades?

ALB: No campo de celebridades é diferente porque a gente mexe tanto com a vaidade e o ego das pessoas que elas não querem só saber que veículo está falando. Elas querem saber: ‘quem está falando isso de mim?’. E na hora de reclamar, elas não falam, muitas vezes: ‘O A Tarde É Sua, da RedeTV!, falou isso de mim’. Elas falam: ‘O Alessandro Lo-Bianco, do A Tarde É Sua, da RedeTV!, falou isso de mim’. Então este campo, pelo fato de a gente estar falando de celebridades, de pessoas, parece que a gente está falando mais delas do que o que gira em torno delas.

PER: Como obter fontes no jornalismo?

ALB: Não é difícil conseguir uma fonte. Acho que é assim: quanto mais tempo você dedica a uma coisa, mais sucesso você vai ter em cima daquilo. Não tenho segredo: para fazer fonte, você tem que se sentar, tirar quatro horas do seu dia, pelo menos, para isso. Eu me lembro que quando voltei a trabalhar com a Sonia Abrão, falei: ‘olha, talvez eu não vá ter uma bomba no começo, nas primeiras semanas, mas, se você me der uma liberdade, quero ficar um mês fazendo fontes’. E não tem segredo mesmo: quem não fizer isso, não vai ter fonte. Peguei os contatos de umas trezentas assessorias de imprensa do Brasil todo que trabalhavam com cast de artistas e fui no modo analógico ligando uma por uma (...). Eu me lembro que, nesse mês, minha conta de telefone veio em quase dois mil reais.

PER: O que mudou após a exposição na TV?

AlB: Quando você começa a aparecer falando na televisão, as pessoas se lembram. Então é mais fácil ter fonte quando você está com a cara na televisão. Depois que você faz a engrenagem girar e sua cara fica muito tempo exposta na televisão, as fontes começam a chegar para você, ou aquelas que você tanto buscou começam a te dar mais importância, mais credibilidade. E os próprios artistas passam a te procurar. Hoje, depois de dezessete anos desse sacrifício para fazer fontes, vejo que estou num momento que ter fontes e conseguir novas não é mais tão difícil. O que está sendo e sempre vai ser difícil é confirmar as informações que elas trazem.

PER: Há muitas ameaças após expor situações com gente famosa?

ALB: Já recebi, mas perto das ameaças que recebi fazendo jornalismo policial, para mim é pinto. Normalmente as ameaças dentro do campo das celebridades são: ‘se você publicar isso, vou acabar com sua imagem’. E aí, se você tem uma imagem sólida dentro do trabalho que faz, a pessoa pode falar o que quiser que você consegue responder com trabalho, pois seu cotidiano te credibiliza. Ou: ‘vou te processar se você fizer isso’ e não tenho medo. Se há um bom advogado - tenho um excelente - e uma boa apuração, não tenho o que temer de um processo. Quem vai acabar pagando as custas é a pessoa que acusa e ainda ter que me indenizar. Nunca tive uma grave ameaça no campo do jornalismo de celebridades. Só as com processo ou ‘vou queimar seu filme no mercado, revelar coisas sobre sua vida pessoal’. São coisas que, enfim, não me intimidam. Mas rola sim.

PER: Gosta de música internacional?

ALB: Sou muito eclético, muito mesmo. Escuto desde bagaceira pop a música erudita, consigo transitar em dois hemisférios: do reggae à música eletrônica, da bossa nova ao samba, ao forró, passo por todas as áreas mesmo, tudo tem uma coisa boa e uma coisa ruim (...). São três bandas pelas quais sou apaixonado: Pearl Jam, pelo Eddie Vedder, sempre fui fã desde criança, com meus primos, as pessoas dentro da minha casa; sempre escutei muito Dave Matthews; e Ben Harper também. São duas bandas e uma pessoa que sempre escutei muito, para mim sempre foi a Santa Trindade. Hoje tenho escutado muito o Hillsong, que era uma banda a quem eu não tinha dado muita atenção, uma banda incrível, gospel, mas que tem uma técnica musical muito forte e me lembra muito da infância porque minha mãe escutava muito Enya, que fazia uma música celestial.

PER: E os artistas brasileiros?

ALB: De música nacional, tenho escutado muito a galera dos anos setenta e oitenta. Aquele período mesmo da Bossa Nova é algo com o qual me identifico muito também e essa galera do início do rock no Brasil. Anos setenta e oitenta, uma época em que o Brasil tinha tanta cultura que essas músicas versam muito sobre esse período cultural em que as coisas começaram a eclodir no Brasil. Esses dias, fui cozinhar e botei o CD do Paralamas, o ‘Vamo Batê Lata’ (...). Estava também reescutando Kid Abelha e Lulu Santos. Escuto muito essas pessoas que se tornaram referências dentro da nossa música porque consigo identificar que são trabalhos carregados de cultura, de transição de época.

Acompanhe o trabalho de Alessandro Lo-Bianco no “A Tarde É Sua” (Rede TV!).




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