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Proposta de extinção da UERJ por deputado bolsonarista gera revolta em parlamentares

Proposição de Anderson Moraes foi rechaçada pelo presidente da Alerj e deputados de oposição

Por Daniel Israel em 26/05/2021 às 17:51:37

Campus da UERJ, no Maracanã. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil.

Na última terça-feira (26), o deputado estadual Anderson Moraes (PSL) protocolou um projeto de lei na Alerj com o objetivo de extinguir a UERJ, sugerindo que bens e estudantes matriculados sejam transferidos para faculdades privadas. A UERJ é a principal instituição estadual de ensino superior no Rio de Janeiro, posicionada entre as dez melhores universidades do Brasil e com produção científica destacada também na América Latina.

A assessoria de comunicação da UERJ informou que não vai se manifestar, alegando que o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), refutou a possibilidade de colocar o Projeto de Lei em votação. “Enquanto eu for presidente, não vota. É inconstitucional e isso seria atribuição do Poder Executivo”, disse o presidente da Alerj.

O deputado estadual Flavio Serafini (PSol), atual presidente da Comissão de Educação da Alerj, tuitou que a proposta é um “surto autoritário”.

"Não tem outro nome para essa proposta do deputado bolsonarista. Eles querem acabar com a UERJ. Resistimos! #UerjResiste”.


Também membro do Legislativo fluminense, Waldeck Carneiro (PT), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, se manifestou no plenário virtual da Alerj sobre a “absurda invasão” da UERJ pelo próprio Anderson Moraes na semana passada, quando soube do projeto protocolado por ele. Em áudio, Carneiro relatou que foi pego de surpresa com a proposta de Moraes (ouça no Podcast do Portal Eu, Rio!).

“Eu não sabia que o deputado estava protocolando um projeto de lei com o objetivo de extinguir a UERJ, o que é uma verdadeira aberração”, afirmou ele, que é professor licenciado da UFF. “De qualquer maneira, é importante lembrar que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro é qualificada academicamente em várias áreas do conhecimento e na vanguarda de projetos de extensão, influenciando outras instituições, como o famoso ‘UERJ Sem Muros’. São tempos sombrios, chega a ser constrangedor que tramite uma proposta como essa”, afirmou.

Formado em Direito na PUC-Rio, Mauricio Korenchendler comentou o que chamou de "destruição da UERJ".

“Na primeira graduação, eu já queria estudar lá. Também tem uma questão pessoal, frequento desde criança, sempre foi a minha primeira opção para tudo”, emocionou-se o estudante de História. “O Rio é laboratório do atual governo federal. O ataque à universidade não é de hoje. No meu primeiro semestre de graduação teve greve um mês após o início das aulas. Sempre teve esse projeto de precarização”, lembrou.

Em resposta à atitude do parlamentar, foi lançado este manifesto com o intuito de recolher assinaturas e gerar mais mobilizações em prol da instituição.

Arrancou faixa contra Bolsonaro

Na semana passada, Anderson Moraes esteve no campus Maracanã e arrancou uma faixa contrária ao presidente da República, Jair Bolsonaro. Em ação gravada pela equipe de assessoria, ele abordou funcionários terceirizados da segurança da universidade confrontando-os sobre quem teria permitido a colocação do material. Em 2019, Alexandre Knoploch (PSL) e Rodrigo Amorim (PSL), à época aliados de Bolsonaro na Alerj, provocaram um tumulto durante audiência com a comunidade acadêmica sobre a manutenção da Lei de Cotas, no mesmo campus. Na saída, um dos seguranças que acompanhava Knoploch foi flagrado portando arma de fogo presa à cintura.

Além de servir de posto drive-thru para testes e vacinas contra a Covid-19, a UERJ se destaca por ter sido a primeira instituição de ensino superior no País a adotar o sistema de cotas sociais e raciais, em vigor desde 2003.

Por Daniel Israel
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