O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) realiza, nesta terça-feira (25), a operação "Posto Cego", fruto de denúncia apresentada no dia 3 de setembro contra nove terceirizados do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ) e três particulares. Eles são acusados de fazerem parte de organização criminosa que atua em posto de vistoria do órgão, em Barra Mansa, no Sul Fluminense. Até o início da tarde, dez pessoas tinham sido presas.
Segundo o MPRJ, o esquema consiste na cobrança de propina para aprovação de veículos sem condições de transitar pelas ruas - por isso, a operação recebeu o nome de "Posto Cego". Os vistoriadores são contratados por empresa que presta serviços ao Detran-RJ. As investigações tiveram início em virtude de notícias que chegaram até a Promotoria de Investigação Penal da Comarca, dando conta da existência da prática criminosa.
A partir da colaboração de informante, o Grupo de Apoio aos Promotores de Justiça (GAP/MPRJ), sem levantar suspeitas, realizou diligências para observar a movimentação no local. Foi possível constatar esquema de cobrança de propinas no posto do Detran-RJ da cidade, localizada na Região Sul do Estado do Rio.
O crime ficou comprovado nos áudios produzidos ao longo da investigação.
Aos vistoriadores cabe a tarefa de verificar as condições gerais dos veículos, como luzes e conservação dos pneus, podendo aprovar ou colocar em pendência. O esquema funcionava com a cobrança do pagamento para aprovar os veículos que não estão em condições adequadas de conservação e manutenção. Em outras ocasiões, o veículo era colocado em pendência e liberado, mas sem a devida exigência de sanar as irregularidades.
Assim, foram denunciados Iomar dos Reis Rodrigues de Paula; Thiago Oliveira da Silva; Vinicius da Costa Santos, vulgo "Bicudo"; Maycon Ventura Rodrigues; Maicon Balbino da Silva Pinto; Taciano Pena Pereira; Jorge Antônio de Almeida Junior, ou "Juninho"; Lucas da Silva Sousa; Leonardo Balbino de Sá; Barbara Mariane Quintanilha do Couto Reis; Robispierre Dalbosco, vulgo "Russo", "Piu", "Gaúcho" e "Robson"; e Ivandro Luiz Lovatto Dalbosco, ou "Gaúcho".
Foram identificadas as seguintes formas de obtenção do pagamento de propina: cobrança direta, pelos vistoriadores, da pessoa que leva o veículo para fazer a vistoria; cobrança de alguns despachantes que participam do esquema (ou pessoas que atuam como tal, como ex-vistoriadores que prestam serviços a particulares, mesmo sem ocuparem a função de despachantes credenciados - caso da denunciada Barbara Mariane); e cobrança de algumas oficinas, que levam veículos de seus clientes, mesmo sem condições, para serem aprovados.
O MPRJ denuncia os citados pela formação de organização criminosa, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem pecuniária, mediante a prática de crimes, cujas penas máximas são superiores a quatro anos de detenção, sendo elas, notadamente, a corrupção passiva e o tráfico de influência. A denúncia é assinada por promotores de Justiça membros do GAECO/MPRJ.