O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Força-Tarefa do caso Marielle Franco e Anderson Gomes (GAECO/FTMA), denunciou o ex-vereador do Rio, Cristiano Girão Matias, e o policial militar reformado, Ronnie Lessa, pelas mortes de André Henrique da Silva Souza (vulgo 'Zóio') e Juliana Sales de Oliveira, na manhã de 14 de junho de 2014, na Gardênia Azul, zona Oeste da capital fluminense.
Em razão da denúncia apresentada pelo MPRJ, foi deflagrada operação da Polícia Civil do Estado do RJ nesta sexta (30/07), que resultou na prisão de Girão, na cidade de São Paulo, onde reside. A operação contou com o apoio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC-SP).
A operação policial aconteceu após trabalho de inteligência, monitoramento e vigilância do acusado, que foi localizado e preso no bairro Pari, área central da cidade de São Paulo, onde residia atualmente. A ação foi realizada pela equipe da DHC, com apoio da Polícia Civil paulista, para cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça.
Girão foi surpreendido quando dirigia seu carro, após ter saído, ainda na madrugada, da loja onde dormia para evitar sua localização. Segundo as investigações, ele passou a adotar tal rotina depois da veiculação de notícia que apontava que havia um pedido de prisão contra ele.
A defesa de Cristiano Girão afirmou que soube da prisão pela mídia e que “causa estranheza” ela acontecer sete anos após o crime, mas vai protocolar um habeas corpus ainda nesta sexta-feira (30).
O segundo denunciado, Ronnie Lessa, encontra-se preso desde março de 2019, após ter sido identificado, no curso das investigações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), como um dos autores dos disparos que levaram à morte a vereadora Marielle e seu motorista, Anderson, na noite do dia 14 de março de 2018.
O outro executor, o ex-PM Elcio de Queiroz, também encontra-se preso. Importante ressaltar que a nova denúncia apresentada pelo MPRJ, e que resultou na prisão de Girão em São Paulo, não possui relação com o caso Marielle e Anderson.
Relata a denúncia que as vítimas André e Juliana foram atingidas por disparos de arma de fogo, efetuados por Ronnie Lessa e outros criminosos ainda não identificados, por ordem de Girão, forte liderança da milícia que atuava na Gardênia Azul. O crime foi praticado por motivo torpe, uma vez que 'Zóio' desejava dar um 'golpe de estado', assumindo a liderança e poder paralelo na localidade, passando a cobrar os valores pagos a título de taxas ilegais e aluguéis, até então recebidos pelo ex-vereador. Juliana acabou executada como forma de assegurar a impunidade do crime praticado contra o companheiro, André Henrique.