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Livro aborda relações humanas durante a pandemia

Obra de Math’eus Borges tem viés artesanal, é interativo e repleto de poesias sobre os sentimentos durante o isolamento social

Por Portal Eu, Rio! em 24/11/2021 às 16:41:02

Foto: Divulgação

Como fazer um livro de poesias, com o objetivo de transmitir ao leitor um respiro de esperança e uma lição de recriar o mundo com novos olhares? O poeta Math’eus Borges mostra esse resultado em “O que habita inabitáveis lugares”, seu segundo livro, que reflete sobre as relações humanas e os sentimentos durante os dias de isolamento social. Em publicação interativa, que convida o leitor a completar trechos e decidir desfechos, a idéia é explorar um ambiente artesanal da poesia e é a partir disso que surge a relação com o leitor. Em entrevista sobre o livro ao Portal Eu, Rio!, Math’eus conta sobre a mensagem que o livro transmite, suas inspirações para escrever e projetos futuros.


Portal Eu, Rio!: Quais temáticas o livro aborda?

Math’eus Borges: A pandemia e o isolamento social são apenas um pano de fundo para as poesias. É um livro sobre relações humanas, sobre convivência ou sobre a ausência dela. Ele passa por diversas temáticas, como amor, política, perda, saudade e morte, que, desde 2020, ganharam uma outra dimensão poética e simbólica. “O que habita inabitáveis lugares” tem uma ligação muito forte com a arte, já que a produção faz parte do projeto “Ocupação Estanca”, ação cultural desenvolvida com outros artistas e que promove a interação entre literatura, artes visuais, fotografia, arte de performance e intervenção urbana.

O leitor pode completar palavras e trechos, decidir desfechos, fazer anotações e desdobrar diferentes capas para contar uma nova história visual. Em parceria com a performer Narany Mireya/Corpusvulcânico, com a fotógrafa e artista visual Beatriz Ataídio, e com o músico e multiartista Leandro Hoehne, criamos uma vídeoperformance exclusiva para o livro, como se o personagem saísse das páginas e aparecesse na tela. O livro ganhou essa versão audiovisual, uma espécie de curta-metragem para seu lançamento.

PER: Qual a importância de escrever um livro retratando um momento tão delicado para todo mundo, como a pandemia?

MB: Alguns dispositivos criativos me acionaram a fazer anotações e a escrever “O que habita inabitáveis lugares” desde o início da pandemia, ao longo do período de isolamento social mais severo. De lá para cá, vivemos uma série de transformações e o livro, por ter sido escrito nesse período, compõe não só uma trajetória pessoal, mas conecta outras trajetórias da vida cotidiana, psíquica e emocional das pessoas, já que a pandemia interferiu diretamente na vida de todes nós. O título traz uma série de perguntas sobre as relações humanas e os lugares de convivência, refletindo sobre o contemporâneo, trazendo à tona elementos que, a meu ver, parecem significativos e podem ser problematizados de maneira artística, ou seja, um olhar para os nossos tempos, respiros poéticos possíveis.

PER: Qual a mensagem principal que o livro transmite ao leitor?

MB: A mensagem central do livro tem a ver com a necessidade de recriar o mundo, seja o mundo interno, pessoal e particular, sejam as relações e experiências coletivas de distanciamento social e isolamento; de certa maneira, também rever antigas estruturas, hábitos e necessidades. Depois de um advento tão drástico como a pandemia, nos demos conta que é preciso recriar nossas convivências, voltar a frequentar lugares com novos olhos. Então, poderia dizer que a grande mensagem é: recrie o mundo, busque centrar-se, busque compreender o tempo e o que como a vida se apresenta. O livro é esse sopro de esperança e ao mesmo tempo, uma pulga atrás da orelha, para que a gente reviva e repense alguns hábitos e relações.

PER: Você já pensava em fazer um livro com tom poético antes ou a pandemia foi um empurrão? Além do isolamento, o que mais te inspirou a escrever esse livro?

MB: Em 2019, publiquei meu primeiro livro, um pequeno livreto de poemas chamado "Azia d(á) Poesia", quando foi lançado, já sabia que publicaria o segundo. Então, a pandemia veio e afunilou a necessidade de dizer algo a partir da escrita de um texto poético. O período de construção deste novo livro foi também um método de estudo e de pesquisa, de trocas recorrentes e muito significativas. Esse conteúdo foi sendo apresentado a algumas pessoas, para que eu pudesse ouvir diferentes impressões e delinear melhor os versos e o enredo em si. Isso me trouxe a percepção de que não é apenas um segundo livro, mas um avanço sobre pesquisas e características enquanto autor, o que, inclusive, me dá possibilidades criativas para um terceiro título no futuro.

PER: Já tem idéia do que será o terceiro título?

MB: Bem, eu já tenho um texto pronto que vem sendo lapidado, aperfeiçoado e que eu gostaria de publicar. Por enquanto é um texto de gaveta, ainda está em construção. Trata-se de um ensaio poético que mescla dramaturgia e poemas, no qual relaciono diferentes referencias de escritas que me atravessam. Quando digo que penso em publicar o próximo, é porque o start que escrever na pandemia gerou e o aprofundamento que isso proporcionou, me dá a impressão de que eu assumi a profissão de escritor. Aliás, isso também é uma coisa com a qual me identifiquei durante a pandemia e o isolamento, ao refletir sobre a poética do mundo e, profissionalmente, sobre novos caminhos de criação Então, vai surgir o quarto, o quinto livro, não necessariamente uma trilogia, porque são conteúdos poéticos diferentes. Agora mais amadurecido, o próximo título talvez venha ao longo de 2023, dependendo dos recursos.

Serviço

“O Que Habita Inabitáveis Lugares”

Math'eus Borges

Antípoda Editorial

130 páginas

R$ 29,90 + frete

ISBN: 978-65-995905-0-4

Venda no linktr.ee/aosprimatas



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